A compreensão dos significados da arte como recurso terapêutico para usuários de um Centro de Atenção Psicossocial motivou a mestranda Patrícia Rodriguez Braz a desenvolver a sua dissertação no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A acadêmica analisou a visão e os sentidos das pessoas nas oficinas expressivas de arte, oferecidas no ambiente pesquisado. Sete usuários participaram de uma entrevista qualitativa, que buscou conhecer a relação deles com a arte.
A partir da análise dos depoimentos dos participantes, a pesquisadora observou novos entendimentos sobre as práticas assistenciais subjetivas e pôde, segundo ela, “perceber que as oficinas terapêuticas expressivas, quando operacionalizadas e sistematizadas dentro da lógica terapêutica, são atribuídas pelos usuários como sendo uma das principais ferramentas de cuidado oferecidas pelo CAPS. Assim, a arte e sua amplitude de sentidos e significados pode ser considerada como parte do tratamento da assistência psicossocial.”
Patrícia destaca que os relatos mostraram que aspectos, como a liberdade de expressão, a comunicação, a reabilitação psicomotora, o reequilíbrio psíquico e emocional, a reinserção social, a busca da identidade social, a realização pessoal e o desenvolvimento de potencialidades, afirmam o papel da arte como uma intervenção de enfermagem na atenção psicossocial. “É na arte que, muitas vezes, reencontra-se a liberdade, a qual, frequentemente, demonstra-se anulada pelos mecanismos reguladores e segregativos da sociedade devido à padronização e à normalização imposta.”
Além disso, a acadêmica enfatiza que “as criações artísticas oportunizam a retomada da identidade social, pois esses passam a ser reconhecidos pelo o que fazem, descaracterizando-se, assim, a representação única de ‘doentes mentais’, demonstrando a outra face presente e todo seu potencial.” No contexto da pesquisa, a mestranda pontua que os profissionais responsáveis pelas oficinas têm ainda o desafio de assimilar de forma compreensiva os espaços de trabalho com a arte como meios de se produzir saúde e terapia. “Apesar das fragilidades apontadas em concordância com os depoimentos dos participantes, pôde-se perceber que há o esforço por parte dos profissionais, que atuam no CAPS, em incorporar as novas demandas emergentes na saúde mental.”
De acordo com Patrícia, a dissertação tem importância social, especialmente a partir do momento no qual evidencia a “necessidade de se rediscutir o modelo de cuidado na atenção psicossocial, a partir da percepção e olhar dos usuários participantes da pesquisa, para que, assim, as subjetividades e as densidades emocionais do ser sejam contempladas na assistência à saúde mental.”
O professor orientador da pesquisa, Marcelo da Silva Alves, ressalta que espera que o estudo possa “sensibilizar os profissionais da equipe de enfermagem, bem como os demais componentes da equipe multiprofissional, para a compreensão das oficinas como ferramentas terapêuticas, que trabalham as subjetividades e as densidades emocionais do ser, com o intuito de promover, assim, melhorias na sistematização das atividades e consequências positivas em benefício aos usuários.”
Contatos:
Patricia Rodrigues Braz (Mestranda)
patibrazenf@gmail.com
Marcelo da Silva Alves (Orientador – UFJF)
enfermar@oi.com.br
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Marcelo da Silva Alves (orientador – UFJF)
Profª. Drª. Cláudia Mara de Melo Tavares (UFF)
Profª. Drª. Cristina Arreguy Sena (UFJF)
Outras Informações: (32) 2102 – 3297 – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Assine a newsletter da UFJF e receba todas as informações sobre o que ocorre na Universidade, como eventos, concursos, pesquisas e bolsas. Clique aqui para assinar
É estudante, TAE ou professor? Já é utilizado o e-mail informado no Siga para o envio dos boletins informativos do Estudante e do Servidor.