Existe vida após a morte? É possível argumentar objetivamente sobre a existência da reencarnação? Há evidências científicas de sobrevivência da mente/consciência após a morte? Estas questões, que sempre intrigaram pesquisadores de áreas diversas, nortearam, na noite desta terça, a conferência do professor americano Robert Almeder, titular de Filosofia na Georgia State University, Estados Unidos. O evento lotou o anfiteatro do Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Almeder apresentou as ideias de diferentes estudiosos sobre a vida após a morte. “Falar de evidência é difícil, porque isso é matemático, e não é fácil ter prova em ciência. Mas em um sentido mais amplo da palavra, podemos dizer que há prova da existência da reencarnação. Acredito que algumas pessoas realmente reencarnam, porque é a única explicação realmente mais plausível para todos os dados de casos que foram examinados com muito cuidado”, afirmou.
O professor apresenta uma perspectiva desligada de religiões e “minimalista” sobre a vida pós-morte. Segundo ele, não é possível determinar quantas pessoas passam pela reencarnação. “É minimalista, no sentido de que você não sabe exatamente o que é essa coisa que reencarna; sabemos que é a personalidade, mas o que reencarna a gente não sabe. E também porque não está ligada a nenhuma explicação religiosa ou mesmo filosófica. Está baseada nas evidências científicas. Não sabemos quantas pessoas efetivamente reencarnam, porque elas reencarnam, como e o que efetivamente reencarna.”
Entre as evidências da reencarnação, estão as marcas de nascença. Elas podem indicar a causa de morte em uma vida regressa. Habilidades não compatíveis com a vivência atual da pessoa também podem ser indícios. “Quando a pessoa nasce com marcas de nascença similares a lesões que a pessoa teve numa suposta vida passada, a reencarnação seria a melhor explicação para esse fenômeno. A grande dificuldade, claro, é tentar entender o mecanismo pelo qual isso aconteceria. Uma das hipóteses seria realmente se essa substância não material, que seria a consciência, teria alguma ação causal sobre esse corpo em formação”, explicou.
Almeder atua como professor convidado na UFJF nos meses de agosto e setembro, para alunos dos programas de Pós-graduação em Filosofia e Saúde. A iniciativa é do Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde (Nupes), ligado ao PPG em Saúde.
Filósofo da mente humana
O americano é classificado como um “filósofo da mente” pelo professor coordenador do Nupes, Alexander Moreira de Almeida. Segundo Alexander, a presença de personalidades internacionais como Almeder na UFJF é interessante por diversas razões. “A ideia é tornar conhecida a UFJF, a estrutura que temos, a qualidade de alunos, professores e pesquisadores, assim como também permitir o contato para que conheçam o estado da arte de discussões e estabelecer parcerias de pesquisas, já que a internacionalização é uma das metas fundamentais da pesquisa no Brasil e na Universidade”, ressalta.
Almeder possui doutorado em Filosofia pela University of Pennsylvania e recebeu os prêmios “Outstanding Educator of America Award” e “Georgia State University Alumni Distinguished Professor Award”. Ele é autor de vários livros, entre eles “Death and Personal Survival: the evidence for life after death”.
A lista de atividades de Robert Almeder na UFJF pode ser conferida no link.
Outras informações:
Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde (Nupes)