Uma dissertação de mestrado desenvolvida na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) analisou como a seca que afeta algumas regiões do país pode provocar consequências graves na alimentação de crianças no período da primeira infância, com significativos reflexos para a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho futuramente. A pesquisa foi realizada pela mestranda Isabel Amaral de Souza, no Programa de Pós-graduação em Economia.
A professora orientadora, Flávia Lúcia Chein Feres, explicou que existe uma literatura crescente em economia apoiada em avanços da neurociência, que aponta para a importância de investimentos na primeira infância, fase na qual são desenvolvidas a maior parte das habilidades cognitivas do ser humano. “A ausência de investimentos nessa fase ou eventuais carências nutricionais e de cuidados com à saúde comprometem não apenas a infância dessas crianças, mas geram prejuízos que permanecem ao longo de todo o ciclo de vida, tendo efeitos sobre a capacidade produtiva dos indivíduos.”
A professora destacou, ainda, que investimentos posteriores nesses indivíduos não são capazes de reverter os impactos causados pela ausência de iniciativas dessa natureza na primeira infância. “Estamos, portanto, falando de um círculo perverso ou armadilha da pobreza. No caso do trabalho da Isabel, estamos utilizando a seca, como um evento exógeno que está associado a severas carências nutricionais na primeira infância e estimando os efeitos futuros no mercado de trabalho.”
No trajeto da dissertação, a acadêmica Isabel se pautou na área de Economia da Saúde. Ela investigou os impactos da carência nutricional na primeira fase da infância na vida adulta de algumas pessoas e, para isso, se baseou nas informações do Censo Demográfico de 2010 e nos dados da Secretaria de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional. “Foram selecionadas duas amostras de indivíduos expostos a seca, entre 1979 e 1984, durante a primeira infância, para verificar se seus rendimentos foram afetados, quando em idade adulta. A primeira amostra, contendo indivíduos nascidos em igual localidade, mas em períodos distintos, e outra com indivíduos nascidos em diferentes localidades, mas em mesmo período, expostos ou não a seca.” De acordo com a mestranda, a partir desse estudo de mestrado é possível obter um panorama de como essas carências na primeira infância influenciam os indivíduos no mercado de trabalho.
Ainda sobre a importância social da pesquisa, a professora orientadora ressaltou que as secas são eventos que atingem uma parcela significativa do território nacional, principalmente as regiões de baixo desenvolvimento. “É preciso, portanto, atuar de forma mais incisiva de modo não apenas a mitigar a falta de água ou reduzir a mortalidade infantil, mas também com políticas de suplementação alimentar.”
A dissertação foi defendida no último dia 18, com o título “Condições Iniciais de Saúde e Renda Futura: Uma Análise dos Impactos da Seca no Brasil.” Atualmente, as linhas de mestrado da Faculdade de Economia são: Economia Regional e Urbana, Microeconomia Aplicada, Macroeconomia Aplicada, e Economia Social e do Trabalho.
Contatos:
Isabel Amaral de Souza (mestranda)
capubel@hotmail.com
Flávia Lúcia Chein Feres (orientadora – UFJF)
ffchein@gmail.com
Banca Examinadora:
Prof. Dra. Flávia Lúcia Chein Feres (orientadora – UFJF)
Prof. Dr. Marcel de Toledo – (UFJF)
Profa. Dra. Cristine Pinto – (FGV SP)
Outras informações: (32) 2102-3543 – Programa de Pós-Graduação em Economia