Entre as atividades da Jornada Intercultural Indígena, nesta quinta (20), o Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) recebeu a professora indígena Shirley Krenak e a educadora e historiadora indigenista Geralda Chaves Soares. Elas participaram da roda de conversa “Histórias de colonização e resistência indígena no Leste de Minas Gerais”, com mediação do professor Reinaldo Duque. Pela manhã, o Restaurante Universitário do ICSA recebeu uma exposição de fotografias e materiais de Geralda sobre a questão indígena.
Na abertura do evento, Reinaldo salientou a importância de conhecer a história do povo Krenak, mas pontuou que o conhecimento não deve se restringir ao mês de abril e às atividades da Jornada. “É bom que a história indígena faça parte da rotina das nossas universidades e se estenda ao público em geral, para que possamos aprender com a cultura dos índios e contribuir nesse cenário”.
Segundo Geralda, as fotografias – que também estavam presentes na roda de conversa, relatam a história indígena de regiões como o Rio Doce, o Jequitinhonha e Rio Pardo, “locais atingidos pelo grande massacre do século XIX”. Ela relembrou a guerra aos povos Botocudos do Rio Doce através da história: “buscamos reativar essas informações para que as pessoas reconheçam a luta dos povos indígenas em Minas Gerais, e, ao mesmo tempo, se posicionem com relação a toda essa desestruturação da política indigenista do estado, a perseguição às Instituicoes e lideranças”. Para ela, é importante incentivar a sociedade a se mobilizar na defesa dos direitos dos povos indígenas.
Em sua fala, a professora Shirley Krenak reforçou os percalços sofridos pelos indígenas: “meu povo sofreu com a colonização, as missões, a pacificação, as minerações, a depopulação – por causa das doenças, a ditadura, a abertura da linha férrea, o crime ambiental, e ainda assim, hoje continuo aqui contando a história do meu povo e falando sobre a minha árvore genealógica. Estou muito orgulhosa de fazer parte desse trabalho”.
Para Shirley, além de apresentar a história, o evento permite um trabalho de “extensão cultural e espiritual. A intenção é levar conhecimento ao público, sobre uma história contada por apenas um lado. Nada melhor do que nós, os indígenas, para levar a história verdadeira a vocês”.
Na última quarta (19), primeiro dia da Jornada, a exposição fotográfica esteve no Instituto de Ciências da Vida/Univale. Os organizadores promoveram, também, a roda de conversa “Interculturalidade e descolonização do saber nas universidades”, no mesmo local. As ações continuam na próxima semana, de 24 a 28 de abril, com rodas de conversa, almoço com os indígenas no RU e venda de artesanato. A Jornada Intercultural Indígena é realizada em parceria com o Abril Indígena, da Prefeitura de Governador Valadares. Confira, em breve, a programação completa da próxima semana.