Adenilde recebe homenagem em solenidade no Mamm. (Foto: Gustavo Tempone)

Adenilde recebe homenagem em solenidade no Mamm. (Foto: Gustavo Tempone)

Uma das principais referências do movimento negro, do hip hop e da militância pela democratização da comunicação na cidade, Adenilde Petrina Bispo, 65 anos, foi titulada professora doutora honoris causa da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) nesta sexta-feira, 18. A cerimônia ocorreu em sessão solene no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm).

“Estou falando em nome de todas as comunidades de base, do movimento negro unificado, das Sociedades Pró-Melhoramentos, do Grupo de Estudos Afrobrasileiro Aticorene. Falo em nome de todas as mulheres pretas de Juiz de Fora, de todos da periferia que lutam para sair da invisibilidade, que querem uma vida mais digna e livre da opressão.  Agradeço a todos, ao pessoal da cultura hip hop, ao Coletivo Vozes da Rua. Dedico o título a todas as pessoas dos movimentos sociais”, disse  Adenilde.

Ao ingressar no auditório lotado por representantes dos movimentos sociais, a homenageada foi recebida de pé e sob aplausos. E o Conselho Superior, instância deliberativa máxima da UFJF, reverenciou, por unanimidade, o saber cuja origem está na trajetória de mais de quatro décadas de resistência e luta contra as desigualdades.

O reitor Marcus David destacou que a entrega do título à Adenilde Petrina tem uma característica especial. “Vivemos tempos nos quais existem fortes ameaças aos direitos sociais conquistados por anos de luta em nosso país e  uma clara sinalização de que este governo não acredita no papel das universidades públicas como importantes agentes de transformação social. Conceder o título de professora doutora honoris causa à Adenilde é uma forma de a UFJF falar que não vai se sujeitar a este processo de desconstrução das universidades. Adenilde é um exemplo marcante de luta incessante por sua cor, classe e identidade, ensinando o exercício da liderança, do diálogo e da resistência com protagonismo de trabalhadoras e trabalhadores.”

Hip Hop e depoimentos

A a sessão solene, organizada pela Diretoria de Imagem Institucional da UFJF, contou com tradução para língua brasileira de sinais (Libras), homenagem em rimas de jovens artistas do hip hop e saudação de moradores do Bairro Santa Cândida, no qual Adenilde Petrina reside, na Zona Leste de Juiz de Fora. Depoimentos registrados em audiovisual e transmitidos durante a cerimônia enfatizaram e agradeceram o empenho e a dedicação da militante na reivindicação de direitos como: saneamento básico, energia elétrica, escola pública, transporte coletivo, democratização da comunicação, etc.

“Estamos aprendendo que temos que romper o silêncio e buscar estratégias contra as opressões. O título só veio por causa dos movimentos sociais, do hip hop, do Coletivo Vozes da Rua. O título é de todos nós que estamos aqui. Agradeço pela chance de caminhar com vocês”, disse a Doutora Adenilde.

O processo até a aprovação do Consu

O processo para outorga da honraria à Adenilde Petrina foi iniciado na Faculdade de Comunicação da UFJF, por indicação da professora Cláudia Regina Lanhi, passou pela avaliação dos demais professores da unidade acadêmica e, em seguida, teve a aprovação do Conselho Superior. Falar sobre Adenilde é falar sobre exemplo, sobre esperança de uma sociedade igualitária, é valorizar a militância. Conceder este título é muito importante, especialmente neste momento que vivemos no país. Isso significa que nós nos importamos, que trabalhamos por uma sociedade justa e igualitária”, ressaltou Cláudia.

O título de Doutora Honoris Causa é concedido pela UFJF a personalidades, nacionais ou estrangeiras, cujas atividades, publicações ou descobertas tenham contribuído para o progresso da educação, das ciências, das letras ou das artes.

Outras informações: imprensa@comunicacao.ufjf.br

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