Segundo Orlando de Souza, professor da UFJF e incentivador de Alline durante sua graduação, a cientista “sempre demonstrou o perfil de uma boa pesquisadora, e com certeza ainda tem muito a desenvolver” (Foto: Arquivo pessoal)

A ex-aluna da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e atual professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), Alline Campos, ficou entre as sete pesquisadoras brasileiras de destaque do prêmio L’Oréal-Unesco-ABC para Mulheres na Ciência 2015. A professora concluiu sua graduação na UFJF em 2005 e é doutora em psicofarmacologia.

A premiação foi concedido devido à estruturação do estudo de medicamentos antidepressivos, na tentativa de diminuir os efeitos adversos nos pacientes – como náuseas, tontura e falta de apetite – e acelerar o tratamento, que leva cerca de quatro a oito semanas para começar a surtir o efeito. O grupo tem utilizado o Canabidiol, uma das substâncias presentes na folha da maconha, para tentar diminuir os efeitos durante o tratamento de pacientes diagnosticados com depressão.

O prêmio tem como objetivo incentivar pesquisas de destaque nacional com uma bolsa-auxílio, intermediando um maior investimento para o projeto e uma geração de resultados para a sociedade. A conquista do reconhecimento pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) foi uma surpresa para Alline, cuja pesquisa já demonstra potencial desde o início. “Quando eu recebi o telefonema do presidente da ABC levei um susto. Achei que fosse até um trote, pois eu não esperava que a pesquisa ainda em fase inicial seria escolhida para receber o prêmio”, relatou.  

Segundo a pesquisadora, o grande incentivador de sua carreira acadêmica foi o professor da Faculdade de Farmácia da UFJF, Orlando de Souza. Quando Alline demonstrou interesse em fazer mestrado em São Paulo, Orlando foi o responsável por encaminhar a carta de recomendação. Para ele, “é muito gratificante ver o sucesso de Alline. Principalmente por vê-la em um dos principais centros de farmacologia do Brasil. Ela sempre demonstrou o perfil de uma boa pesquisadora e com certeza ainda tem muito a desenvolver”.

Alline concluiu sua graduação em Farmárcia na UFJF em 2005 e é doutora em psicofarmacologia (Foto: Divulgação)

Alline concluiu sua graduação em Farmácia na UFJF em 2005 e é doutora em psicofarmacologia (Foto: Divulgação)

A pesquisa

Segundo Alline, a pesquisa começou há menos de um ano na FMRP-USP e está em fase inicial. O momento é de testes laboratoriais de metodologias previamente conhecidas para constatação da aplicabilidade do Canabidiol. Os dados sugerem que ele pode ter efeitos ansiolíticos e antidepressivos e, após esta fase, espera-se chegar a um novo remédio que associado ao tratamento convencional seja menos agressivo aos pacientes.

Mais do que gerar insumos para o mercado com um novo tipo de fármaco, o grupo se preocupa em chamar a atenção para esse tipo de transtorno, propor a reflexão sobre os medicamentos utilizados e o grau de impacto na qualidade de vida das pessoas que sofrem com este diagnóstico.

A utilização do Canabidiol

Os estudos com o canabinóides são realizados desde a década de 1960 e estão presentes em vários países do mundo. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou recentemente as orientações para  compra do composto para tratamentos diferente tipos de doenças, entre elas Parkinson, epilepsia e dores crônicas. Antes, a atividade era restrita apenas aos casos de epilepsia.

A utilização de medicamentos à base do canabidiol ainda é burocrática e é necessário que os pacientes estejam cadastrados na Anvisa ou em instituição representativa responsável por intermediar a aquisição. Esta medida é facilitadora para agilizar a importação desse produto, pois ainda não é registrado como medicamento no Brasil.

 

Outras informações:

Prêmio L’Oréal-UNESCO-ABC “Para Mulheres na Ciência”