O panorama latino-americano da questão ambiental e das lutas por democracia foi tema da palestra da professora da Universidade Nacional da Colômbia/Sede Manizales, Ana Patricia Noguera de Echeverri, na abertura do IX Encontro Pesquisa em Educação Ambiental (IX Epea). O apresentação aconteceu no domingo, dia 13, no auditório do Instituto de Ciências Humanas (ICH), no campus Juiz de Fora.
A professora iniciou a palestra rememorando alguns conceitos que se formaram durante os séculos, como civilidade, ruralidade e liberdade, associando-os com marcos e mitos históricos, como a Revolução Francesa (1789-1799) e o Mito de Prometeu. Para ela, esses conceitos são essenciais para compreender o homem e a modernidade.
Nesse contexto, já no século XX, nasce o pensamento ambiental, fruto dos conflitos entre a cultura moderna e a natureza. Essa reflexão torna-se evidente em 1968, durante a conferência de Roma, na qual enfatizou-se o futuro da humanidade. Dentro desse panorama, diversos conceitos foram criados na tentativa de nortear o desenvolvimento global no longo prazo. Um deles é o de “desenvolvimento sustentável”, presente no relatório “Nosso Futuro Comum” (1987), da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, da Organização Mundial das Nações Unidas (ONU).
De acordo com documento, ele seria composto de três pilares, visando alcançar, de forma equilibrada, o desenvolvimento econômico, social e a proteção ambiental, satisfazendo as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras com as suas próprias necessidades.
Entretanto, Ana Patricia é crítica a esse conceito, afirmando ser necessário construir novas ‘poéticas do pensamento’. “A frase ‘nosso futuro comum’ coloca eufemisticamente nosso futuro nas mãos da globalização de nossa economia e da cultura capitalista, e não nas mãos amorosas da sabedoria da terra, mãe e mestra”, declarou a pesquisadora.
Em seguida, a palestrante conceituou o que chamou de “geopoética”, que refere-se às formas como diferentes culturas compreendem a terra. Para muitas destas, a terra não é uma propriedade, mas um ser vivo que está em florescimento e não em desenvolvimento. “É um outro modo de pensar a relação entre as pessoas e a terra. São essas diferentes formas de compreensão que nós chamamos de geopoéticas da terra.”
Para a pesquisadora, é necessário avançar para construção de uma filosofia ambiental. Para isso, é necessário retirar do pensamento palavras como recurso, riqueza, gestão, exploração em prol de um posicionamento que envolva amor e respeito pela natureza da vida.
Nona edição
O Epea acontece até a próxima quarta-feira, 16, nas dependências da Faculdade de Educação (Faced) e do Instituto de Ciências Humanas (ICH). O evento visa abordar a proposta de se repensar questões pertinentes à democracia, políticas públicas e educativas, considerando os aspectos contemporâneos que atravessam tal relação e que se encontram acolhidos em diversos grupos de pesquisas do campo da educação ambiental no país.
Com a finalidade de compartilhar estudos e experiências sobre a Educação Ambiental (EA), 128 trabalhos serão apresentados, contando com pesquisadores do Brasil, da Colômbia, do Equador e do México. A programação de atividades conta com conferências, mesas-redondas, grupos de discussão de pesquisas (GDP), além de sessões de apresentação de trabalhos.
Desde 2001, o Epea reúne pesquisadores com objetivo de discutir, analisar e divulgar trabalhos de pesquisa em EA; aprofundar as discussões sobre as abordagens epistemológicas e metodológicas das pesquisas no assunto e identificar práticas de pesquisa em EA que vêm sendo desenvolvidas no âmbito dos Programas de Pós-graduação e em outros espaços institucionais e não-institucionais.
Outras informações: (32) 2102-3650 (Faculdade de Educação)