A melodiosa dicção de cordel entoada na voz de um homem de jaleco, letras e muita experiência de vida. É isso que o leitor encontra no livro “A Literatura de Cordel, as histórias e invencionices do professor Ibiapina”, a ser lançado neste sábado, dia 15, às 10h, no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com entrada franca.
A obra, escrita pelo médico e professor aposentado da UFJF, José Dias Ibiapina, conta em prosa e verso causos (sic), memórias e relatos que cotidianamente eram narrados pelo autor durante suas aulas, consultas e no convívio pessoal.
Nas páginas dedicadas ao cordel, Ibiapina segue, na maioria dos casos, a tradição do gênero, mantendo os versos em sestilhas – poemas com estâncias de seis versos cosidas através da rima entre os versos pares (2º, 4º e 6º verso) – ecoando nos acontecimentos em tom cômico, lírico e épico. A publicação ainda é belamente ilustrada pelo artista Marcus Pedro, que manteve os traços característicos das gravuras de cordel em seus desenhos.
A opção pelos versos de corda vem de longe e está nas raízes de Ibiapina. Nascido na cidade Sobral (CE), o médico foi influenciado desde criança pelos trovadores do Nordeste do país. À essa herança cultural, acrescentou o conhecimento da ciência médica que estudou e o bom humor que rege seu temperamento, dando forma a uma novidade. No livro consta o capítulo “Medicina em Cordel”, com diversos temas médicos expostos na forma do gênero.
Doenças, sintomas, diagnósticos, tratamentos e remédios de males como tuberculose, hanseníase e parasitose intestinal são cantados pelo médico-escritor. Inovação para o formato qu, normalmente, trata de casos populares, mas que no livro são usados pelo autor para instruir, prevenir e ajudar amigos médicos e pacientes. É o primeiro caso de profilaxia de cordel de que se tem notícia. Nesta toada, a publicação presenteia os leitores com “O cordel da dengue”, no anexo também de autoria de Ibiapina.
O autor
Nascido em Sobral, no interior do Ceará, em 22 de março de 1939, José Dias Ibiapina mudou-se para Juiz de Fora aos 16 anos para estudar no antigo Científico do Colégio Academia e formar-se Laticinista pela Escola de Laticínios Cândido Tostes. Em janeiro de 1964, ingressa na Faculdade de Medicina da UFJF, obtendo o diploma em 1969. Depois deste início, o médico ainda concluiu um mestrado em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e lecionou na UFJF, na Faculdade de Medicina de Barbacena e na Faculdade Suprema de Juiz de Fora.
O Mamm fica localizado na Rua Benjamin Constant 790, no Centro da cidade.
Outras informações: (32) 3229 -9070 (Mamm-UFJF)