Investigar as variações de diversidade de espécies em florestas urbanas da Mata Atlântica e fazer uma relação entre essa variedade e o histórico de ação do homem nessas áreas. Esse foi o objetivo do doutorando Cassiano Ribeiro da Fonseca, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (PGECOL – UFJF), com a tese “Diversidade de espécies arbóreas e sua relação com o histórico de perturbação antrópica em uma paisagem urbana da Floresta Atlântica”.
O trabalho se concentrou em comparar nove áreas de Mata Atlântica em Juiz de Fora com as de outras três de cidades vizinhas na região da Zona da Mata Mineira: Lima Duarte, Rio Preto e Santos Dumont. Esses três locais não ficam no perímetro urbano e são preservados. Já os nove espaços em Juiz de Fora, sofreram a ação do homem e fazem parte da zona urbana.
“As nove florestas urbanas pertencem às áreas: Parque Natural Municipal da Lajinha, Reserva Biológica Municipal de Poço d’Anta, dois trechos da Mata do Krambeck – atual Jardim Botânico da UFJF, floresta que circunda a Faculdade de Educação Física e Desportos (FAEFID); fragmento florestal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e outros três fragmentos dentro do campus da UFJF”, conta Cassiano Fonseca, que também é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG) em Juiz de Fora.
Apesar de as áreas estudadas em Juiz de Fora terem uma diversidade baixa, a tese chegou a uma conclusão positiva. Os locais apresentaram uma variedade significativa de espécies arbóreas entre si. “Quanto maior é o impacto urbano, menor é a diversidade. Mesmo Juiz de Fora tendo degradação da Mata Atlântica e pequenos fragmentos de floresta urbana, esses locais ainda têm uma biodiversidade considerável. Quando a gente compara os fragmentos, eles não são homogêneos. Os espaços têm espécies diferentes uns dos outros, mesmo estando próximos”, avalia o pesquisador.
Outra conclusão da tese, é em relação às espécies invasoras. O acadêmico explica que esse tipo de vegetal floresce com maior intensidade nas áreas de floresta urbana que passaram pela ação antrópica. “Nesses ambientes, principalmente o urbano, podemos perceber maior ocorrência de espécies exóticas invasoras nas comunidades florestais perturbadas. A perda das florestas e a hiper-fragmentação de habitats das espécies leva a defaunação, barreiras à dispersão das sementes, estabelecimento de espécies exóticas invasoras ou até mesmo de o estabelecimento de espécies nativas mais generalistas, podendo forçar o desaparecimento de espécies mais especialistas e localmente raras”, relata Fonseca.
Trabalhos com esse foco, na opinião do doutorando, são importantes, já que esses fragmentos urbanos de floresta, apesar de não serem grandes, têm um grande valor quando somados. “Esses fragmentos assumem grande importância na paisagem natural, sendo extremamente relevante a condução de estudos que gerem informações sobre sua complexidade estrutural e biodiversidade”, conclui.
Tipo de análise mais comum nos EUA e Europa
Na visão do professor orientador da tese de doutorado, Fabrício Alvim Carvalho, a alta variedade de espécies entre os conjuntos estudados na área urbana, é motivo de surpresa. O orientador destaca o caráter inovador do trabalho. “Este tipo de análise é mais comum em áreas temperadas, como os Estados Unidos e a Europa, mas rara em regiões tropicais. Este é um dos poucos estudos em paisagens tropicais que analisa aspectos de diversidade local (por fragmento) e regional (entre os fragmentos) relacionados ao histórico de perturbação das áreas. E, até onde sabemos, é o primeiro do gênero para o Brasil.”
Contatos:
Cassiano Ribeiro da Fonseca (doutorando)
cassianoribeirofonseca@gmail.com
Fabrício Alvim Carvalho (orientador – UFJF)
fabricio.alvim@ufjf.edu.br
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Fabrício Alvim Carvalho (orientador – UFJF)
Prof. Dr. Luiz Menini Neto (UFJF)
Prof. Dr. Gustavo Taboada Soldati (UFJF)
Prof. Dr. Tamiel Khan Baiocchi Jacobson (UnB)
Prof. Dr. Vinícius Campos de Almeida (Prefeitura de Juiz de Fora)
Outras informações: (32) 2102-3227 – Programa de Pós-Graduação em Ecologia