A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) sedia seu 21° Seminário de Iniciação Científica (Semic), palco para exposição e troca de conhecimento entre mais de dois mil pesquisadores, entre estudantes e professores. Intercâmbio que além de potencializar o desenvolvimento científico, descortina os resultados dos projetos de pesquisa desenvolvidos no âmbito acadêmico.
No ano em que chega à sua “maioridade”, o Seminário bateu recorde de inscritos, totalizando 544 trabalhos realizados por bolsistas e orientadores da UFJF com o apoio de bolsas da própria Universidade, do CNPq (Pibic e Pibic-AF) e da Fapemig (Probic e Probic-Jr). Os resultados serão avaliados por 24 consultores externos, todos bolsistas de produtividade do CNPq, e os melhores serão premiados no último dia do evento, 3 de dezembro, conforme programação.
A ciência é a solução
A palestra de abertura do evento foi ministrada pelo professor do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador de área da Capes, Augusto Schrank, o qual frisou especialmente que “a iniciação científica não é importante, ela é fundamental”, elogiando o empenho da organização e o compromisso firmado pela UFJF de dar destaque à pesquisa.
“A iniciação científica precisa ser priorizada, pois é um aprendizado, não só acadêmico, mas para toda a vida”, coloca Schrank, apresentando o que classificou como um “quadro perverso”: a falta de motivação para seguir com os estudos após a conclusão do ensino médio ou graduação. O professor também enalteceu a iniciativa de buscar os alunos do ensino médio para eventos como o Semic, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (Probic-Jr), que possibilita que estes estudantes também exibam seus trabalhos no Seminário.
“O incentivo e a cobrança são fundamentais para continuar elevando a qualidade do trabalho científico que realizamos em nossas instituições”, alerta Schrank, que continuou: “o que nos move é nossa vontade, nosso estímulo. As universidades são a chave para a construção de uma sociedade melhor e menos suscetível a sucumbir a crises. O que podemos e estamos fazendo é oferecer cada vez mais oportunidades para os alunos se inserirem neste âmbito da pesquisa, que é o espelho da universidade. Quanto melhor ela for em termos acadêmicos, quanto mais programas de pós-graduação e quanto mais visão da importância da iniciação científica ela tiver, mais oportunidades vão existir e mais estudantes vão prosperar.”
Uma das estudantes presentes na abertura do Semic, Gabriela Castro Andrade, do 6° período de Pedagogia da UFJF, concorda com o mérito da iniciação científica e seu poder de intensificar a vida acadêmica. Membro de um grupo que se dedica aos estudos de educação inclusiva, Gabriela e seus colegas trabalharam com professores e crianças em uma escola de zona rural para obter resultados que melhorassem a utilização do tempo dentro da sala de aula e no universo escolar. “Nós aprendemos com eles e, eles, com a gente”, reconhece. “É proveitoso demais poder expor o resultado do nosso trabalho, um reconhecimento e experiência essenciais.”
Momento emblemático para repensar a pesquisa
A solenidade de abertura do Semic contou com a presença do vice-reitor no exercício da reitoria, Marcos Chein, e o pró-reitor de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação, Lyderson Viccini, que abriu sua fala afirmando que o evento é um dos mais “emblemáticos” da instituição.
“A iniciação científica é um marco na trajetória da UFJF”, atesta Viccini. “Foi a sua evolução que possibilitou o crescimento da nossa instituição e a atual existência de seus 33 programas de pós-graduação. Sinto-me abençoado por fazer parte dessa história.” O pró-reitor ainda frisou o diferencial dos alunos que participam das iniciativas de pesquisa. “Dá para perceber o amadurecimento e a teimosia deles”, brinca. “Essas iniciativas abrem os olhos dos estudantes, dão o gosto da gratificação de trabalhar com o que se gosta, mostram o valor do trabalho e possibilitam que eles interajam com outros profissionais acadêmicos de vários níveis, do mestrado ao pós-doutorado.”
O vice-reitor em exercício da reitoria, Marcos Chein, se definiu como apaixonado pela vida acadêmica e lembrou, com carinho, de sua trajetória como pesquisador e orientador. “É um processo enriquecedor e intenso para nossos alunos, uma vez que eles estão no auge da criatividade e abertos para novas ideias”, apontou, antes de emendar uma crítica ao processo de produção de pesquisa que predomina no país. “Precisamos fugir dessa mentalidade de que pesquisa se resume a uma coleta de bibliografia e repensar, o quanto antes, essa postura conservadora que impede que vários pesquisadores sigam em frente e produzam conteúdo com potencial de mudar a sociedade para melhor. O importante é ter uma plataforma para compartilhar esse conhecimento e investir maciçamente em pesquisa e inovação”, definiu Chein. “Nossos resultados se tornam relevantes quando podemos dividi-los com a sociedade.”
A coordenadora de Pós-graduação, Iluska Coutinho, ecoa o discurso sobre divulgar o que é produzido dentro da Universidade. “A apresentação desses trabalhos dos nossos estudantes também dialoga com a nossa responsabilidade social de prestar conta sobre o que é feito na UFJF, uma vez que estamos realizando as pesquisas dentro de uma instituição pública”, declara. “A equipe da organização sempre esteve muito comprometida e disposta a atingir esse objetivo, empenhada em encontrar boas soluções para nossos obstáculos e cientes de que podíamos contar com os membros da comunidade acadêmica. É um momento em que precisamos renovar, buscar alternativas, e usamos essa oportunidade para mostrar que todos os espaços da Universidade podem ser apropriados para a pesquisa”, conclui.
O evento segue até quinta, 3, quando serão anunciados os trabalhos premiados desta edição.