Três professores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) que figuram na lista dos pesquisadores com mais alta produtividade científica na instituição, conforme o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), listaram a pedido do Portal da UFJF sete estratégias para ampliar o impacto de artigos acadêmicos.
A produção acadêmica relevante é um dos desafios para quem pretende obter aprovação em programas de mestrado e doutorado, precisa manter-se nos cursos e para professores. A publicação de artigos ainda conta pontos na seleção de alunos para bolsas, intercâmbio e programas de pós-graduação.
Na coluna #UFJFoportunidades desta semana, os professores revelam estratégias, tais como fazer parte de grupos de pesquisas e o treinamento o quanto antes do estudante.
1 – Elaborar perguntas claras para chegar ao tema
É importante que o problema da pesquisa esteja bastante claro e responda a perguntas objetivas. Segundo a professora da Faculdade de Comunicação Iluska Coutinho, embora pareça óbvio, a pesquisa tem de responder o que até então não é conhecido. “Deve mesclar uma boa dose de inovação e o lançamento de novo olhar sobre determinada temática. Portanto, uma boa pergunta é um grande passo para construir um bom artigo.” Além da escolha do tema, a estrutura do trabalho deve ter pilares fundamentados em base teórica. A revisão bibliográfica acompanha a proposta do artigo.
2 – Treinar e aprender com os erros
Durante a trajetória científica, altos e baixos são comuns. Ao longo da carreira, é possível que artigos submetidos sejam recusados. Com isso, é preciso rever os erros cometidos. Para o professor da Faculdade de Economia Fernando Perobelli, entender esses “nãos” ajuda a desenvolver artigos melhores. “Em um primeiro momento, pode ser um baixo em nossa carreira, mas, na verdade, você deve aprender com essas falhas, seja na escolha da revista ou mesmo na reestruturação da pergunta de pesquisa. É isso que potencializa sua inserção, oferecendo trabalhos de maior qualidade”, destaca o professor.
Iluska Coutinho ressalta que realizar trabalhos científicos desde cedo é uma forma de já trilhar um caminho na pesquisa, aperfeiçoar-se na elaboração de artigos, acostumando-se com metodologias e referências na área. “É interessante que os alunos participem dos estudos científicos e aproveitem as oportunidades durante a graduação. Os projetos de iniciação científica auxiliam nesse processo de aprendizagem.”
3 – Participar de grupo e rede de pesquisas
A fim de proporcionar a troca de conhecimento e de experiências, o professor Fernando Perobelli sugere a participação em rede de pesquisadores. Para ele, esses grupos são considerados um dos requisitos mais importantes para o avanço da ciência, por permitir a interação com outros pesquisadores, o compartilhamento de resultados e dificuldades, como também a produção de pesquisas colaborativas e a longo prazo. Nos grupos, docentes orientam a produção de artigos, indicam obras de referência, incentivam a publicação dos resultados e estimulam a análise crítica entre os participantes.
4 – Aprender com estudos-referência da área e publicar em periódicos de qualidade
A submissão de trabalhos deve privilegiar revistas nacionais e internacionais da área de atuação e que realmente exerçam influência no grupo-alvo de pesquisadores. A leitura dos artigos da revista, além de colaborar para ampliar a gama de conhecimento, o leitor ainda pode esquadrinhar quais fontes são citadas nos estudos, a metodologia, o tempo médio necessário para o desenvolvimento da pesquisa e atentar-se aos motivos que levaram à aceitação do artigo.
O professor da Faculdade de Engenharia Elétrica Augusto Cerqueira aconselha publicar em revistas científicas indexadas com alto fator de impacto e que permita acesso on-line ao conteúdo. Para maximizar a possibilidade de acesso ao artigo, uma opção é publicar em revistas de acesso livre (open access).
Iluska ressalta que a publicação em revistas depende muito das normas de submissão, podendo variar entre elas. Publicar um artigo em mais de um periódico pode ser ruim, pois perde o ineditismo, procurado por muitas revistas. “Vale a pena publicar menos, mas com qualidade, ao invés de reproduzir em muitos e em periódicos com pouca avaliação.”
5 – Elaborar pesquisas reprodutíveis
Um artigo claro, com dados disponíveis, metodologia detalhada e referências corretas ajudam a tornar a “pesquisa reprodutível”, ou seja, ela pode ser testada com mais facilidade por outro pesquisador. A reprodução adaptada para a obtenção de novos resultados traz mais referências, citações, para o estudo, como também críticas, conforme avalia o professor Cerqueira.
Conforme o tipo de estudo, para uma pesquisa ser reprodutível, é preciso ainda que o autor liste configurações do ambiente, sistema ou equipamento que utilizou para chegar aos resultados. Na produção de programas de computador e aplicativos, essa prática já é mais utilizada, chamada de código aberto ou open source.
6 – Submeter o trabalho a agências de financiamento
Obter o apoio em agências de financiamento de pesquisa indica o reconhecimento das qualificações do pesquisador. Outra vantagem é a submissão do estudo para a avaliação de pares. A aprovação traz ainda visibilidade nacional e internacional, conforme aponta Iluska.
7 – Diversificar as formas de divulgação
Ao divulgar o trabalho, é fundamental ir além das tradicionais apresentações em congressos. Outras opções são: compartilhar o conteúdo em redes sociais (acadêmicas ou não), conceder entrevistas a portais, jornais, rádio e TV; elaborar post para blogs; participar de podcasts; produzir vídeo para Youtube e outras plataformas e disponibilizar o arquivo para download em repositórios científicos. A própria UFJF possui canais de divulgação científica nos três portais (Portal UFJF, Estudante e Servidor), na Revista A3, no Facebook, no Twitter, no Instagram e no Youtube.
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