Abordando as duas propriedades básicas do cinema – imagem e áudio -, a professora da Faculdade de algarve e coordenadora do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (Ciac), em Portugal, Míriam Tavares, abriu, nesta terça, 16, o minicurso de Literacia Fílmica, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCom) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Idealizado pela coordenadora do Programa, Gabriela Borges, os minicursos acontecem até quinta, 18, e discutem o quanto o imagético do cinema pode influenciar no modo de vida do mundo ocidental.
Para Mírian – que é formada em Jornalismo, mas sempre direcionou seu trabalho para o cinema -, são as imagens que mais nos provocam e influenciam, são elas que guardamos na memória com mais facilidade em relação ao áudio. A estética da imagem, segundo a professora, porém, não é sinônimo de beleza da mesma, mas o que provoca alguma sensação, seja de admiração ou repulsa.
Neste primeiro dia do minicurso, a professora conceituou as quatro ideias que o cinema absorve: o realismo, a mimese, a representação/apresentação e a identidade. A partir destes conceitos, discorreu sobre o papel que o imagético tem na construção de identidades e no entendimento do mundo pelo indivíduo. O olho, segundo ela, não é um instrumento neutro, pelo contrário: ele atua na mediação entre a realidade e o cérebro. Ou seja, “ver” é, antes de tudo, uma construção sócio-psíquica, realizada a partir de nosso material emocional, social, histórico e de crenças.
Partindo em seguida para o que a arte pode fazer por nós, Míriam consolidou o discurso de que este produto, apesar de ser uma elaboração da realidade, aflora nos sujeitos sentimentos de reconhecimento e rememoração. “Arte é a coisa ‘inútil’ mais essencial na face da Terra. Não serve para nada, mas serve para tudo! Não conseguimos viver sem arte.”
Próximos minicursos
O segundo minicurso, nesta quarta, 17, será no auditório da Faculdade de Letras, das 10h às 12h. Neste, Mirian Tavares pretende explorar a imersão que o cinema pode nos provocar e como a literacia pode ajudar a não entrarmos no estado de hipnose provocado pelas imagens. Para o último minicurso, na quinta-feira, 18, o objetivo é passar curta-metragens para o público, questionando sobre como os filmes absorvem fotos e imagens para construir sua intenção e como o imagético do cinema foi sendo apropriado pelos novos meios de interação, como as redes sociais.
Outras informações:
Minicurso Literacia Fílmica