Victória Rabelo Campos defendeu a dissertação no dia 22 de fevereiro na UFJF; a acadêmica já ingressou no doutorado (foto: Jade Uchoas/UFJF)
A erva-cidreira brasileira é uma planta medicinal conhecida, popularmente, por atuar como calmante, combater febres e resfriados e ser um bom tonificante do estômago. No entanto, a biologia reprodutiva dessa espécie nativa, chamada cientificamente de Lippia alba, ainda gera muitos questionamentos entre os pesquisadores da área.
Com o intuito de ampliar a produção de conhecimentos na área, a acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (PGCBIO), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Victória Rabelo Campos desenvolveu a pesquisa “Biologia reprodutiva em acessos de Lippia alba (MILL.) N.E. BROWN (VERBENACEAE)”. A dissertação está inserida em um contexto bastante amplo, interligado a outras pesquisas feitas por alunos e professores da UFJF, sobre a Lippia alba.
A pesquisadora explica que estes trabalhos anteriores ofereceram uma quantidade razoável de informações acerca da variação do número cromossômico entre indivíduos da espécie. Neste sentido, o estudo da biologia reprodutiva da Lippia alba acrescenta outros dados importantes, informações que auxiliarão no entendimento evolutivo da formação dos diferentes citótipos. “É uma nova abordagem que está sendo implementada em nosso laboratório e, para mim, é um privilégio poder participar dessa trajetória, visto que, me encanta a história de vida das plantas, sendo sua reprodução tão fascinante quanto sua história evolutiva.”
A intenção da pesquisa era detectar o modo reprodutivo apresentado pelos diferentes indivíduos. A primeira etapa do estudo permitiu uma análise inicial da espécie por meio do isolamento de botões florais. Posteriormente, a partir desses dados, a acadêmica investigou a quantidade de DNA apresentada pelas sementes produzidas desse isolamento. “Uma análise através de marcadores moleculares microssatélites também foi realizada visando uma detecção de possíveis clones das plantas parentais, o que indicaria por sua vez, um processo assexuado. Uma comparação de medições de caracteres morfológicos e a análise de taxa de germinação de sementes produzidas no isolamento e fora dele também foi realizada visando uma comparação comportamental”, explica a acadêmica.
Com o resultado dos testes, a mestranda esclarece, ainda, que foi possível verificar uma diferença de comportamento reprodutivo entre os indivíduos que possuem apenas 2 conjuntos cromossômicos e aqueles que apresentam três e quatro conjuntos. Esse contraste também foi observado dentro de um mesmo nível de ploidia. “Esses dados permitiram concluir que a espécie é preferencialmente alógama, ou seja, os indivíduos tendem a se reproduzir por cruzamento com os demais e que, mesmo assim, vias alternativas de reprodução podem estar presentes.”
A acadêmica acaba de ingressar no doutorado e defende que a pesquisa propicia um passo significativo para compreender, cada vez mais, o processo evolutivo das plantas, por meio da identificação da origem da variação genética. “Devido à sua importância evolutiva e prática, em diversas áreas como no melhoramento de plantas, o estudo da biologia reprodutiva de diferentes espécies se torna um campo de investigação muito importante, tendo nossa pesquisa contribuído para aumentar o número de informações sobre a espécie, incentivando mais estudos em outros indivíduos proximamente relacionados ou não.”
O professor Lyderson Facio Viccini estuda a Lippia alba há mais de 15 anos e tem orientado os acadêmicos do PGCBIO e do curso de Ciências Biológicas da UFJF nas pesquisas a respeito da erva-cidreira brasileira. Atualmente, três doutorandos, um mestrando e dois estudantes da graduação estudam o tema. “É uma cascata de conhecimento, primeiro detectamos uma variação fenotípica, com relação ao número cromossômico e a composição desse cariótipo e, depois, buscamos entender porque essa espécie tem cinco números cromossômicos diferentes. O estudo feito pela Victória nos ajuda a entender como a Lippia alba se reproduz e possibilita aprofundar ainda mais as pesquisas sobre a espécie.”
Contatos:
Victória Rabelo Campos (mestranda)
vicrabelo_2@hotmail.com
Lyderson Facio Viccini (orientador)
lyderson.viccini@ufjf.edu.br
Banca examinadora:
Prof. Dr. Lyderson Facio Viccini (orientador – UFJF)
Prof. Dr. Saulo Marçal de Sousa (co-orientador – UFJF)
Prof. Dr. Wagner Campos Otoni (UFV)
Prof.ª Dra. Ana Luísa Sousa Azevedo (Embrapa)
Outras informações: (32) 2102-3220 – Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (PGCBIO)