O potencial de inovação e invenção no Brasil vem crescendo nos últimos 20 anos. Segundo o Índice Global de Inovação de 2014, o país subiu dez posições, ocupando a 61ª colocação. Apesar do avanço, o Brasil ainda está atrás de países como Bulgária, Estônia e Lituânia. Buscando investigar a distribuição espacial das atividades tecnológicas brasileiras, o aluno do mestrado em Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Rodrigo Rodriguez pautou sua pesquisa no mapeamento das regiões que apresentam maior capacidade inventiva do país, além de investigar quais são as principais tecnologias desenvolvidas em cada uma delas durante o período de 2000 a 2011.
Por meio dos resultados desse mapeamento, a pesquisa objetivou contribuir tanto para políticas de desenvolvimento de novos polos de inovação quanto para o conhecimento e estímulo das potencialidades dos polos já instalados.
Um dos parâmetros utilizados é o conceito de hierarquia urbana, sob o princípio de que existem cidades com mais alto potencial de inovação do que outras em determinadas atividades. “Os principais centros urbanos exercerão funções específicas que os menores centros não conseguem exercer ou exercem em menor proporção. E existem fórmulas matemáticas para calcular o quão forte é essa hierarquia”, explica Rodriguez.
Na pesquisa, orientada pelo professor da UFJF Eduardo Gonçalves, as tecnologias foram divididas em áreas como Engenharia Elétrica, Mecânica e Química e em subgrupos como nanotecnologia, semicondutores, comunicação digital, entre outras. A partir disso, foram analisadas as frequências com que as patentes dessas classificações aparecem em cada região.
O estudo aponta que o desenvolvimento de inovações no Brasil está fortemente concentrado em seis grandes regiões: São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. Mas regiões menores, como Caxias Do Sul (RS) e Ribeirão Preto (SP), também se destacaram. Juiz de Fora se encontra no 34° lugar nacional, como demonstrado pela tabela abaixo.
De acordo com Rodrigo, a partir desse diagnóstico, surgiu o interesse em descobrir porque algumas tecnologias podem acontecer com maior intensidade em centro menores e quais seriam as possíveis alternativas para o desenvolvimento regional de lugares menos privilegiados.
O mestrando argumenta que as cidades de pequeno e médio porte precisam direcionar os projetos de inovação para aquilo que é mais acessível a elas. “A principal ideia é: ao querer implantar uma política de inovação regional, não se pode simplesmente tratar isso em aberto, ela tem de ser localizada, focalizada no potencial da região em questão”, aponta.
Em se tratando da região de Juiz de Fora, “o esforço para desenvolver e gerar tecnologias nos setores de construção civil, produtos farmacêuticos e mobiliário é menor do que o esforço necessário para inovar em áreas de maquinaria e componentes mecânicos, que correspondem a apenas 2% da tecnologia gerada na região no período analisado”.
Entre 2000 e 2011, 27% da tecnologia em Juiz de Fora foi gerada nesses três setores, e o sucesso se deve a uma capacidade e uma estrutura já existentes e que podem ser ampliadas. “Há uma acessibilidade maior a essas tecnologias, seja por conta da atividade industrial, pelos resultados da pesquisa universitária ou pela união dessas duas fontes. Não se pode dizer que é pela sua sofisticação, mas pela acessibilidade”, analisa Rodrigo.
Um dos próximos passos dessa pesquisa é analisar os fatores que influenciam diretamente no potencial de inovação, como a presença de universidades e de determinadas atividades industriais. “Há várias regiões que parecem estar fortemente associadas às pesquisas universitárias, em parcerias com empresas que já estavam instaladas na cidade”, finaliza.