mestrado psicologia

Estudo destacou duas abordagens distintas em relação à criação artística e a experiência estética na obra freudiana (foto: Revolucion Poster via Visual hunt / CC BY-NC-SA)

A leitura direcionada à análise das concepções sobre a criação artística e a experiência estética na obra de Sigmund Freud norteou a dissertação de mestrado do acadêmico Diego Bertanha Novais. O objetivo do estudo foi analisar o desenvolvimento dos conceitos que compõem a teoria, explicitar e discutir sua significação, inter-relações e o diálogo estabelecido no material de Freud. Intitulada “A criação artística e a experiência estética na obra de Sigmund Freud”, a pesquisa foi apresentada no Programa de Pós-graduação em Psicologia, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Ao investigar as instâncias propostas, Novais concluiu que há duas abordagens distintas em relação à criação artística e a experiência estética na obra freudiana. A primeira delas é a intrapsíquica e representacional, na qual a obra de arte é produto do psiquismo do artista, é fruto de sua história. Nesta, há a possibilidade de paralelos entre vivências específicas da vida do artista e uma determinada obra. A posição do espectador, ao contemplar a obra, é de empatia ao que o artista sentiu na criação. De acordo com o acadêmico, essa concepção é a mais acabada e evidente na obra de Freud.

A outra perspectiva encontrada pela pesquisa é a intersubjetiva que, apesar de não aparecer sistematicamente na obra de Freud, se impõe por meio de algumas situações e questionamentos. A obra, nessa concepção, seria resultado de questões individuais do artista, questões técnicas e culturais. Nessa abordagem, o sentido que a obra desperta é uma mistura do que o artista coloca nela, daquilo que o espectador tem como vivências e de aspectos próprios da época e da cultura em que está inserido. Segundo Novais, é de acordo com essa concepção que “ocorre uma real experiência estética, para além da mera fruição de uma obra.”

Para exemplificar a presença das duas abordagens na obra freudiana, o acadêmico cita a análise que Freud faz sobre a escultura do personagem bíblico Moisés, esculpida por Michelangelo como adorno para o túmulo do Papa Júlio II, descrita no texto “O Moisés de Michelangelo” de 1914. De acordo com o estudo, a partir desta verificação, é possível evidenciar questões como a relação conflituosa do escultor com seu personagem; a relação de Freud com seus divergentes da teoria psicanalítica; e a figura em si do Moisés bíblico. Ou seja, diversos pontos sobre a história da escultura, do personagem usado como modelo e da vida do espectador que a contempla.

“A emergência destes dois modelos se dá na busca de elementos existentes nos textos sobre arte escritos pelo autor e que possibilitam formas distintas de se pensar o fenômeno. Freud tem um modelo mais explicitamente declarado de como é a arte, o intrapsíquico.  Entretanto, ele abre questionamentos e teorizações que vão além do que está explicitamente declarado, mostrando novas formas de se pensar o fenômeno, que abrem portas para novos modelos teóricos”, avalia Novais.

A professora orientadora, Fátima Caropreso, destaca a relevância da pesquisa para o meio acadêmico, por ser um estudo da área de epistemologia da psicanálise. “O trabalho aborda com detalhe as concepções freudianas sobre a criação artística e a fruição estética, o que permite uma melhor compreensão do fenômeno artístico em geral e da teoria freudiana da arte em particular.”

Contatos:
Diego Bertanha Novais (Mestrando)
bertanhanovais@hotmail.com

Fátima Caropreso (Orientadora – UFJF)
fatimacaropreso@uol.com.br

Banca Examinadora:
Profa. Dra. Fátima Siqueira Caropreso (UFJF)
Prof. Dr. Sidnei Vilmar Noé (UFJF)
Prof. Dr. Érico Bruno Viana Campos (UNESP- Campus de Bauru)
Prof. Dr. Francisco Verardi Bocca (PUC-PR)

Outras informações: (32) 2102-3103 – Programa de Pós-graduação em Psicologia