Mateus Sena Lopes durante a defesa da dissertação na Faculdade de Educação da UFJF, no último dia 25 (foto: arquivo pessoal)
Uma inquietação relacionada ao alto índice de desistência dos estudos, por parte de alunos indígenas, de uma unidade do Ensino Médio do Instituto Federal de Roraima (IFRR), levou o professor de Educação Física, Mateus Sena Lopes, a desenvolver sua dissertação de mestrado com o tema “Evasão e Fracasso Escolar de Alunos de Comunidades Indígenas do IFRR – Campus Amajari: Um Estudo de Caso.” A pesquisa foi apresentada ao programa de Mestrado Interinstitucional (Minter), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A iniciativa é fruto de parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR) e o Instituto Federal de Roraima (IFRR).
Com uma pesquisa qualitativa, ele identificou o que levava os alunos do Instituto onde leciona a abandonarem os estudos. Após entrevistas com um professor da área técnica e com estudantes desistentes, alguns fatores foram descobertos. “Problemas de logística com o transporte escolar estão entre as principais causas”, revela.
Além do transporte, a relação aluno/professor também é bastante prejudicada, de acordo com o mestrando, uma vez que “existe certo preconceito com os estudantes oriundos de comunidades indígenas, o que contribui para o alto número de reprovações. Estas, aliás, constituem outro problema identificado na pesquisa”. O professor informa que, nesta unidade do IFRR, 56,2% dos estudantes são indígenas.
Outra descoberta relevante é a falta de identificação dos alunos com os cursos ofertados pelo IFRR – Campus Amajari. Mateus explica que, quando estes foram instituídos, houve uma série de conversas com moradores e pessoas mais velhas das comunidades indígenas. Os maiores interessados, no entanto, segundo o acadêmico, não foram consultados e não compartilham daquela opinião.
O pesquisador concluiu que a instituição de ensino precisa aprimorar as suas relações com a cultura indígena e suas práticas, como forma também de contribuir para reduzir as desigualdades sociais, especialmente por meio dos processos de educação que envolvem estes alunos.
Para o professor da Faculdade de Educação (Faced) da UFJF, Dileno Dustan, orientador do projeto, a questão é relevante porque mostra que não existe unanimidade com relação aos cursos ofertados. “Os povos indígenas são pouco levados em consideração no diálogo com as populações. Quem fracassa, na verdade, é o modelo educacional”, constata.
Parceria
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), através da Faculdade de Educação (Faced), firmou convênio com a Universidade Federal de Roraima (UFRR) e o Instituto Federal de Roraima (IFRR) para programas de Mestrado Interinstitucional (Minter) e Doutorado Interinstitucional (Dinter). As aulas são presenciais, os alunos de Roraima vêm à Juiz de Fora ou os professores vão até lá para ministrá-las. Em alguns casos, as aulas são realizadas por videoconferência. O convênio existe há dois anos e, para o professor Dileno Dustan essa parceria “reforça o compromisso da UFJF de ir além de seus muros”.
Contatos:
Mateus Sena Lopes
mateus.lopes@ifrr.edu.br
Dileno Dustan
dilenodustand@gmail.com
Banca Examinadora:
Dileno Dustan (orientador – UFJF)
Maristela Bortolon de Matos (co-orientadora IFRR)
Jader Janer Moreira Lopes (UFJF)
Daniel Cavalcanti de Albuquerque Lemos (UFJF)
Cláudio Bellini Vargas (Rede Municipal de Ensino de Juiz de Fora)
Outras informações: (32) 2102-3665