Em nosso cotidiano, às vezes, é comum nos depararmos com expressões idiomáticas. Elas estão incorporadas em nossa fala e são utilizadas para se referir a diversas situações. Buscando compreender a forma como processamos essas expressões, a mestranda do Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Sara de Oliveira Gomes Barreto, defendeu nessa terça-feira, 18, a dissertação “Compreendemos ‘Pintar o Sete’ e ‘Pintar o Quadro’ da mesma forma?”.
A mestranda participa do Núcleo de Estudos em Aquisição da Linguagem e Psicolinguística (NEALP) da UFJF e desenvolveu um trabalho psicolinguístico experimental para investigar a forma como falantes nativos do português brasileiro processam a língua, em situações de compreensão e produção. O estudo analisou o processamento de 24 expressões idiomáticas do português brasileiro, com a intenção de identificar quais características poderiam facilitar ou não a forma como elas são processadas.
A pesquisadora aplicou dois testes, com participação de falantes nativos do português brasileiro que estavam matriculados em algum curso de graduação ou já haviam se graduado. Neste momento, foram apresentadas algumas expressões idiomáticas como “chutar o balde”, “cabeça de minhoca”, “mão de vaca” e “enfiou o pé na jaca”, por exemplo. “O processamento das expressões idiomáticas é influenciado por fatores diversos, características intrínsecas da própria expressão, relativas ao nível de familiaridade com a expressão e o contexto em que ela aparece”, ressalta a pesquisadora.
De acordo com a mestranda, as características das expressões são responsáveis pela variação da forma como as processamos. Ela explica que, muitas vezes, o sentido individual das palavras parece contribuir com o sentido real da expressão. Desta maneira, conseguimos perceber a decomponibilidade destes termos. “Mesmo na expressão idiomática precisamos fazer uma análise composicional dos elementos que a formam para, em um segundo momento, entender o sentido da expressão.”
A partir dos resultados obtidos pela dissertação, a mestranda pretende expandir o estudo para investigar a forma como esse fenômeno psicolinguístico é compreendido por populações especiais como, por exemplo, os autistas. A professora orientadora do trabalho, Mercedes Marcilese, acredita que, além de uma nova pesquisa, o estudo pode contribuir com o trabalho de profissionais que atuam junto aos autistas.
“A Sara começou a arranhar a superfície daquilo que ela investigou, mas, com certeza, tem muitas coisas que poderiam ser feitas porque, no português brasileiro, não temos pesquisas semelhantes a essa. Nesse sentido, a pesquisa é bastante relevante para orientar ou informar pessoas que trabalham com terapias e intervenções. Ela está apontando alguns caminhos, mas ainda tem muito trabalho pela frente caso ela queira continuar”, conclui a orientadora.
Contatos:
Sara de Oliveira Gomes Barreto (mestranda)
sarinhapsi@yahoo.com.br
Prof.ª Dr.ª Mercedes Marcilese (orientadora)
mercedes.marcilese@ufjf.edu.br
Banca examinadora:
Mercedes Marcilese (orientadora – UFJF)
Ana Paula Grillo El-Jaick (UFJF)
Elisangêla Teixeira (UFC)
Outras informações: (32) 2102-3135 – Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL)