O Brasil se destaca mundialmente no mercado pecuário (são mais de 2,5 milhões de fazendas), mas, apesar da sua abrangência, o país ainda sofre com a falta de informatização no campo. São poucas as ferramentas acessíveis, em custo e infraestrutura, disponíveis para o produtor. Ao identificar essa demanda, o professor do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora, Fabrício Campos, e seus sócios, Pedro Duim e Luan Melo, desenvolveram o Scanner Bovino, um aplicativo que emprega a visão computacional a fim de reduzir os custos de identificação dos animais do rebanho, facilitando o manejo e aumentando a produtividade.
Segundo Fabrício Campos, essa carência de sistemas informatizados no campo acontece tanto por dificuldades financeiras, quanto por uma estrutura inadequada ao que o mercado tem oferecido. “O maior diferencial do nosso produto é a facilidade de uso”, afirma Campos. “O Scanner Bovino não demanda infraestrutura e equipamentos específicos, só é necessário um smartphone para fazer o uso das ferramentas que o nosso aplicativo oferece. Além disso, o investimento é baixo. Outras soluções no mercado são mais complexas.”
Como funciona
O aplicativo é baseado em algoritmos inovadores de reconhecimento de padrões, chamados OCR (Optical Character Recognition), que permitem a identificação do gado através da câmera do celular do usuário. A distinção é feita, mesmo à distância, pelo número do brinco do animal. “Nós treinamos esse algoritmo usando inteligência computacional, apresentando as diversas variações possíveis de padrões de números, letras, cores e luminosidade. Dessa forma, ele é capaz de fazer a identificação de maneira rápida e simples, evitando possíveis falhas humanas”.
Além da identificação do animal, o aplicativo também permite o gerenciamento de dados. “Com o Scanner Bovino, você não só identifica o animal mais facilmente, como pode registrar valores no próprio aplicativo”, explica. “Com os dados, sincronizados em um servidor, o produtor tem registrada a taxa de produtividade daquele animal específico ao longo do tempo. A partir disso, é possível fazer várias intervenções no manejo, como mudar a alimentação, identificar doenças, tudo isso com a intenção de aumentar a produtividade.”
Reconhecimento
Selecionado no programa de aceleração do FIEMG Lab, o Scanner Bovino receberá ajuda de custos, aporte de capital, acesso a ferramentas, assim como mentorias e consultorias. Além disso, o aplicativo ficou em segundo lugar na etapa regional do Ideas for Milk — desafio nacional de startups voltadas para o leite, organizado pela Embrapa Gado de Leite.
Campos afirma que, após os 18 meses do programa, espera “ter um aplicativo de referência no mercado, com uma tecnologia de escala mundial, porque os ganhos de produtividade que ele permite são necessários não só no Brasil”. A princípio, a meta é atingir o mercado global partindo dos principais rebanhos, localizados na Índia, Estados Unidos, União Europeia e Brasil.
O Scanner Bovino já passou por testes em fazendas e a expectativa é que a primeira versão esteja disponível no Google Play em dois meses.