Uma pesquisa de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) aponta que a tecnologia pode ser útil para identificar machos e fêmeas entre tartarugas marinhas. Os animais não possuem dimorfismo sexual aparente e, comumente, a diferenciação demanda métodos invasivos em tartarugas vivas. O estudo foi defendido pela doutoranda Sarah da Silva Mendes, sob orientação da professora Bernadete Maria de Sousa.
Sarah Mendes apostou numa metodologia denominada morfometria geométrica que utiliza a identificação, por meio de fotografias, de marcos anatômicos – landmarks (imagens acima) – na carapaça e no plastrão dos animais. No entanto, a olho nu, não é possível identificar diferenças significantes. “Dessa forma, foram usados três softwares para criar as landmarks e realizar as leituras. Esses programas de computador fazem a diferenciação dos marcos de forma mais eficaz e mostraram, por exemplo, que os machos tendem a ter a carapaça mais alargada, enquanto as fêmeas, mais achatada.”
A acadêmica trabalhou com filhotes natimortos sem má formação de tartarugas da espécie Caretta caretta encontrados em praias da Bahia e do Espírito Santo. Os animais foram colhidos em campo e fotografados. O estudo foi executado em parceria com o Projeto Tamar, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). “O dimorfismo sexual ainda precisa ser um pouco mais estudado, pois a pesquisa não foi totalmente conclusiva. Porém, identificamos que há uma diferença mais significativa entre as subpopulações da tartaruga marinha da Bahia e do Espírito Santo, corroborando com os estudos que já apontavam esse dimorfismo.”
Os três programas utilizados – TPSUtil, TPSDig e MorphoJ – são gratuitos, legalizados, de fácil acesso e estão disponíveis na internet. “Com o uso da tecnologia, conseguimos gerar uma metodologia não invasiva, que possa estimar o sexo dos animais sem comprometer a espécie que é ameaçada de extinção. Com as informações obtidas pela pesquisa, pode-se ter mais dados sobre o crescimento populacional, a razão sexual, e criar estratégias para novos meios de preservação”, considera a professora orientadora, Bernadete Maria de Sousa.
Contatos:
Sarah da Silva Mendes (doutoranda)
sarahsmendes85@gmail.com
Bernadete Maria de Sousa (orientadora)
bernadete.sousa@ufjf.edu.br
Banca examinadora:
Bernadete Maria de Sousa (orientadora – UFJF)
Maria Christina Marques Nogueira Castañon (UFJF)
Iara Alves Novelli (UFJF)
Aparecida Alves do Nascimento (UFRRJ)
Oscar Rocha Barbosa (UERJ)
Outras informações: (32) 2102 – 3227 – Programa de Pós-Graduação em Ecologia