Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 25/03/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/emendas-devem-questionar-diversidade/

Título: Emendas devem questionar ‘diversidade’

Polêmico! Talvez este seja o melhor substantivo para se referir ao projeto de lei de autoria da Prefeitura que trata da implementação do Plano Municipal de Educação, que terá validade pelos próximos dez anos. Ainda em debate na Câmara, a proposta tem sido questionada por setores ligados à educação. Professores municipais defendem o texto original construído nas discussões do Fórum Municipal da Educação e da Conferência Municipal de Educação, ambos realizados em 2015. O documento-base, contudo, sofreu alterações em mais 50 itens na peça apresentada pelo Executivo, mudanças que podem ser revistas por 30 emendas protocoladas durante a semana pelo vereador Roberto Cupolillo (Betão, PT). Na próxima segunda-feira, a expectativa é de que pelo menos mais sete adendos parlamentares sejam apresentados. A Tribuna teve acesso aos dispositivos e, pelo menos três deles devem fomentar embate mais calorosos no plenário, por defender restrições do conceito de “diversidade”, termo que aparece oito vezes na proposição.

As novas emendas que podem acirrar ânimos levam assinatura de dois vereadores cujas atuações têm claros vieses conservadores: André Mariano (PSC) e José Fiorilo (PTC). Ligado à Igreja do Evangelho Quadrangular, Mariano já redigiu dois adendos parlamentares que devem ser apresentados quando o plano entrar em segunda discussão – o prazo para a apresentação de emendas em primeiro turno já expirou. Ambos, tentam restringir e amarrar o conceito de “diversidade” em dois artigos do projeto de lei.

Segundo o texto do parlamentar do PSC, nas passagens em que o plano defende a “promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental” e a consolidação das instituições de ensino “de respeito às diversidades”, o termo deve se referir “estritamente” a “toda modalidade de Educação Inclusiva ou Especial” e à garantia de universalização do acesso à Educação Básica a “todas as pessoas com deficiência, transtorno globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”.

José Fiorilo deve apresentar quatro emendas. Uma delas deve abordar, mesmo que de forma velada, discussões acerca do respeito à diversidade defendido pelo plano, sugerindo alteração na estratégia que define a revisão ou construção de projetos político pedagógicos posicionamentos claros sobre “direitos humanos e diversidade”. Texto redigido pelo parlamentar do PTC defende que tal posicionamento sobre direitos humanos e diversidade não se sobreponham “ao direito dos pais à formação moral de seus filhos, nem intervir nos princípios e valores adotados ao ambiente familiar”.

Mesmo que não estejam explícitos no texto das emendas, há entendimentos de que os três dispositivos pretendem restringir discussões sobre respeito a minorias – em especial, a minorias sexuais – e questões relacionadas a gênero no âmbito escolar. A possibilidade de tais debates não é explícita no texto do plano, que se limita a defender o respeito aos direitos humanos e à diversidade. A interpretação de tais intenções veladas por parlamentares se justifica por posicionamentos recentes de Fiorilo e Mariano.

Em 2015, durante discussões na Câmara sobre a instituição do Plano Municipal de Política para as Mulheres – que acabou retirado pelo Executivo, autor da proposta – os dois parlamentares firmaram posição contra ações relacionadas à promoção da igualdade de gênero. No mesmo ano, Fiorilo chegou a atacar o Plano Nacional de Educação (PNE), que serve como ponto de partida para o projeto municipal, por entender que o dispositivo também trazia questões ligadas à discussão de gênero. Ainda em 2015, os dois vereadores foram críticas ferozes da campanha “Libera o meu xixi”, ação adotada pela UFJF, para combater a transfobia em espaços públicos, permitindo que cada indivíduo utilizasse o banheiro UFJF correspondente ao gênero com que se identifica.

Mais emendas

Pelo menos mais quatro emendas devem ser apresentadas em segunda discussão. Três também levam a assinatura de José Fiorilo e defendem a inclusão de instituições privadas de ensino em determinas estratégias definidas pelo plano – em tais situação, o texto prevê apenas a participação de instituições públicas. O outro adendo do parlamentar do PTC defende que a estratégia que assegura conteúdos sobre a história e as culturas afro-brasileiras e indígenas nos currículos escolares desde a Educação Infantil não se restrinja ao que está disposto em duas leis federais citadas no texto em tramitação. Por último, o vereador Sargento Mello (PTB) deve apresentar acréscimo para definir a promoção de ações que visem a garantia da segurança física, mental e moral dos profissionais da educação.

Plano deverá viver Dia D na segunda

Com o plenário e as dependências do Palácio Barbosa Lima tomadas por professores municipais, a votação do projeto de lei que implementa o Plano Municipal de Educação (PME) foi postergada mais uma vez durante a reunião ordinária de ontem. O adiamento se deu a partir de pedido de vistas do vereador Adriano Miranda (PHS), validado pela maioria dos parlamentares presentes.

A Casa aprovou ainda solicitação de que duas sessões extraordinárias sejam realizadas na próxima segunda, quando o plano deverá ser a única matéria em pauta. Uma vez mais, os parlamentares atenderam pleito de Adriano Miranda, que justificou a movimentação como necessária para que tivessem tempo de aprofundar no texto do dispositivo e nas emendas já apresentadas e nas que devem ser protocoladas em segunda discussão.

Para isto, o presidente da Casa, Rodrigo Mattos (PSDB), definiu que os demais vereadores que têm intenção de apresentar emendas em segunda discussão, após a apreciação do texto em primeiro turno – o que deve acontecer na segunda-feira, disponibilizassem à Mesa Diretora os dispositivos ainda ontem.

Apesar de insatisfeitos com o adiamento em primeira discussão do projeto de lei e da votação das emendas apresentadas pelo vereador Roberto Cupolillo (Betão, PT), parlamentares e representantes dos professores contentaram-se com a determinação. “Agradeço a forma como o senhor conduziu as discussões, permitindo que as emendas sejam disponibilizadas aos gabinetes”, afirmou Betão, referindo-se ao presidente Rodrigo Mattos.

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Veículo: Estadão

Editoria: Cultura

Data: 25/03/2017

Link: http://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-arte/o-discurso-tartamudo-da-ideologia/

Título: O discurso tartamudo da ideologia

Se é certo que Boécio, em meio a torturas e esperando sua execução, expulsou logo de início as Musas e tomou para seu consolo a filosofia, visto que considerava a poesia inepta para assuntos de grande monta como a morte, também é igualmente seguro dizer, como Gustavo Corção, que somente a poesia, como em Dante, é capaz de nos guiar em meio aos infernos.

Apenas isto explica a obra de uma Anna Akhmatova, um Boris Pasternak ou Marina Tsvetaeva na Rússia stalinista, ou ainda o lamento pelos mortos de um Paul Celan em meio aos campos de concentração nazistas.

Uma das principais características do discurso ideológico é precisamente a sua capacidade ou pretensão de incorporar em si as vozes e vontades de uma coletividade, como se naquele que profere as palavras ou pautas se reunissem, numa unidade cristalina, todos os cacoetes, cacofonias e frases tartamudas de indignação ou de clamor pela justiça que estão dispersos numa entidade que, de maneira provisória e vaga, designamos “povo”. De modo que, perante o tom vociferante e contumaz do líder político, só nos cabe dizer que seu nome é Legião.

Se o discurso ideológico, como diria Kenneth Minogue, é aquele que propõe uma verdade redentora dos males humanos em forma de análise social, e que, prometendo um hipotético paraíso na Terra, brinda-nos sempre com infernos reais, a poesia, por sua vez, pertence à ordem das coisas, por vezes incômodas, que nos trazem à memória nossa queda e expulsão do jardim das delícias – o fato de que “o tempo”, diria Paul Éluard, “é o pecado da eternidade”.

No Brasil, curiosamente, vemos talvez uma confirmação de nossa tese – a ideia de que para atravessarmos o inferno a poesia se faz necessária –, pois ao mesmo tempo em que tanto a discussão pública quanto a linguagem do seio familiar foram tocadas pelo tom infernal da ideologia, há, por outro lado, bons poetas em processo criativo. Ora, o discurso da decadência da literatura brasileira não é, de modo nenhum, equivocado, todavia talvez falhe em perceber que a alta cultura é sempre salva e conservada por um pequeno número de indivíduos com ela comprometidos.

E a poesia é, de fato, um dos poucos contrapontos às esperanças narrativas exauridas da ideologia; primeiramente porque enquanto a ideologia, no entendimento de Hannah Arendt, reduz todas as questões e mazelas humanas, assim como suas possíveis soluções, a um único elemento da realidade (os modos de produção, as instituições, etc.), a poesia, por sua vez, se estabelece sempre como uma aporia, ou ao menos uma ambiguidade irresolvível.

As narrativas (e as guerras de narrativas) que constituem hoje, no Brasil e no mundo, o substrato mesmo dos discursos ideológicos são uma tentativa de fornecer sentido – uma aparência esquelética de sentido, é claro – para as tensões e dilemas políticos, sociais e existenciais do Ocidente moderno. Há, inclusive, esperanças escatológicas que concebem a harmonia de todos os povos, o império da razão e do bom senso e o estabelecimento final da “justiça social”.

A poesia, por sua vez, não é, em si, uma narrativa, pois não se obriga a seguir princípios de economia diegética, não se apraz, em geral, numa sintaxe retilínea ou na ordem cronológica dos fatos, antes, submete-se de bom grado ao ritmo, que mais do que compasso, é a unidade métrica, emocional, prosódica e gráfica do poema. À vista disto, pode-se indagar, de que serve o poema na ordem do discurso cotidiano, já que, perante a veemência e repetições verbais dos ideólogos, ele nos oferece somente sua cadência encantatória?

Ora, Samuel Johnson, segundo relato de seu amigo James Boswell, recomendava: Clear your mind of cant, isto é, limpe a cabeça da presunção, do conformismo ou mesmo da hipocrisia. Dito de outro modo, a literatura, e mais vigorosamente a poesia, esgarça as névoas e véus das ideias prontas, dos lugares-comuns e da doxa que se opõe à episteme. Eis aí sua força e singularidade.

Já a ideologia, por necessidade, nutre-se do lugar-comum – primeiro reconforta e recepciona o ouvinte como um hóspede, para, no decorrer do tempo, enredar-lhe em suas malhas do discurso artificial ou do filisteísmo. O que, todavia, os ideólogos ou messias políticos ignoram é que a repetição de termos e expressões, por meio da qual visam inculcar suas doutrinas aos que lhes ouvem, cedo desgastam e esvaziam a linguagem de seu núcleo semântico, de modo que cabe novamente aos poetas a renovação das palavras, “insuflando na linguagem da tribo o sopro primordial”, como dizia Mallarmé, para reparar o “defeito das línguas”.

Nesse sentido, a poesia é não somente um antípoda, mas também o antídoto da ideologia. Até porque, devido à sua insuficiência explanatória e sua natureza perecível, a ideologia tende sempre ao esquecimento ou torna-se um relicário exangue e ininteligível, ao passo que, como canta o verso de Hölderlin, “aquilo que permanece é fundado pelos poetas”.

Portanto, é certo que se há, no domínio da linguagem humana, uma diretriz que nos conduza em meio ao inferno das últimas convulsões sociais, certamente não são os gritos de guerra ou palavras de ordem proferidas em meio ao vozerio inflamado.

O falecido poeta irlandês Seamus Heaney, num ensaio que tinha como pano de fundo histórico o terrorismo do IRA, comparou a poesia à escrita de Cristo no chão enquanto cercado de líderes furiosos que ansiavam pela condenação da adúltera.

Para Heaney, “a inscrição daqueles traços no chão é semelhante à poesia – uma ruptura com a vida cotidiana, mas não uma fuga dela”. Não promete à turba acusadora ou ao impotente réu uma solução, não se propõe como instrumento ou objeto útil; entretanto, tampouco “funciona como distração, mas sim como pura concentração, um foco no qual nosso poder de concentração se concentra de volta em nós mesmos”. Desse modo, a poesia não é um caminho, mas um limiar – um local de entrada e saída contínuas.

Se os que vivem na letra da ideologia buscam a todo momento vítimas para suas lapidações, a poesia permanece sendo inscrita no chão, frágil e efêmera, mas ainda capaz de, acusando as consciências, pôr de lado, ainda que por um momento, as pedras. Afinal, já dizia Wallace Stevens, a nobreza da poesia é uma violência que procede do interior e que nos protege de uma violência exterior – principalmente quando esta é perpetrada por nós mesmos.

Fabrício Tavares de Moraes é tradutor e doutorando em Literatura (UFJF/Queen Mary University London)

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 26/03/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/pais-ja-podem-monitorar-filhos-em-vans-por-smartphone/

Título: País já podem monitorar filhos em vans por smartphone

A maioria dos pais que tem filhos utilizando veículos de transporte escolar da cidade já pode acompanhar pelos seus smartphones a rota realizada pelo motorista que está conduzindo os estudantes. A Lei 13.440/2016 que obriga todos os veículos desta categoria a trafegarem com aparelho de GPS está valendo desde agosto do ano passado e foi alvo de vistoria para liberação do alvará este mês. Do total de 307 vans cadastradas, 273 foram regularizadas e 34 estão pendentes ou não compareceram à verificação. O acompanhamento do trajeto também poderá ser alvo de controle do pelo poder público.

De acordo com a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) os prestadores do serviço podem escolher entre uma das três plataformas disponíveis para acessar os dados da viagem. Um dos sistemas é o TrackSchool, desenvolvido no Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt-Ufjf). Ele utiliza radiofrequência para emitir a localização do celular dos pais. O aluno recebe um cartão que funciona Ufjf como uma chave, que ativa a comunicação entre o aparelho e o celular do cadastrado. Uma vez que o aplicativo é acionado, o pai ou a mãe começam a receber as atualizações sobre o trajeto do filho. “É algo novo, a maioria dos pais ainda não conhecem a tecnologia ainda, e poucos têm usado”, explica o presidente do Sindicato dos Transportadores Escolares de Juiz de Fora Região (Sintejur), Murilo Giotti. Ele afirma que a maioria dos trabalhadores cadastrados no sindicato possui o GPS.

“Não temos problemas com acidentes e não desenvolvemos velocidades altas. Estamos nos adequando à lei. Na maioria das grandes cidades, acontecem muitos assaltos, enchentes e constante atraso nas rotas. Em Juiz de Fora é diferente, temos poucas ocorrências desses eventos. Aqui, a maioria do condutores é conhecida, trabalha na região em que reside.” Giotti observa que o aplicativo ajuda a evitar interrupções. “Alguns pais preocupados com atrasos, ou mais ansiosos, costumam ligar. Precisamos parar para atendê-los, porque não podemos usar o telefone na direção. O aplicativo resolve esses problemas. Quando o pai acompanha o deslocamento pelo celular, em tempo real, não precisa ligar.”

Ainda de acordo com a Settra, os condutores que não apresentarem o Cartão de Identificação Veicular (CIV), não estejam com o alvará renovado, ou descumpram o prazo determinado para vistoria podem ser autuados em R$ 63,94. Caso sejam flagrados trabalhando sem a renovação, podem ser autuados como transporte irregular de passageiros, o que gera multa de R$ 3.200, com a apreensão do veículo e extinção da permissão. Em caso de reincidência a multa é dobrada.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 26/03/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/triplicam-casos-diarios-de-violencia-contra-mulher/

Título: Triplicam casos diários de violência contra a mulher

Com olhos assustados, inundados de lágrimas e mãos em movimentos repetidos, como se a qualquer momento fosse ser surpreendida por mais um ato violento, uma mulher, de 32 anos, conta como foi agredida pelo namorado, ao buscar ajuda no setor de atendimento da Delegacia de Mulheres. Uma cicatriz na testa não a deixa esquecer o episódio ocorrido logo aos cinco meses de relacionamento, quando empurrões e puxões já eram rotina entre o casal. Vítima do mesmo tipo de violência, uma dona de casa, 36, desabafa que, além de marcas físicas, as agressões deixaram traumas, como o ocorrido no último dia 7, um dia antes da data em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Após inúmeros tapas, socos e tentativas de reconciliação, ela também buscou auxílio.

As duas personagens dessas tristes histórias estão entre as 78 vítimas de violência que procuraram a Casa da Mulher apenas na semana do dia 8 de março (entre os dias 6 e 10). Isso significa que, em média, foram 15 vítimas diárias de estupros, torturas, espancamentos, humilhações e outras formas de agressão doméstica em Juiz de Fora. Anteriormente, a média era de cinco casos diários, conforme reportagem divulgada em janeiro pela Tribuna, em que foram contabilizados os registros de quatro anos e meio da Casa da Mulher. Ou seja, na comparação entre os dados de janeiro e os de agora, há três vezes mais casos diários.

Essa realidade é ainda mais grave se for levado em conta que os atos violentos aconteceram justamente nas companhias de quem elas deveriam se sentir seguras, já que a maioria dos agressores são os próprios companheiros ou namorados. Na avaliação da coordenadora da Casa da Mulher, Maria Luiza Moraes, os altos índices de registros se devem, principalmente, ao encorajamento das vítimas. Ainda de acordo com ela, desde que assumiu a coordenadoria da unidade, em fevereiro deste ano, a média tem sido de 80 atendimentos semanais. “Apesar de assustadores, os números expressam a mudança de postura por parte delas, que estão buscando providências contra os agressores.”

Levantamento sobre a violência contra a mulher feito pela Polícia Militar a pedido da Tribuna também aponta um alto número de casos na semana de 5 a 11 de março. Foram 108 ameaças e lesões corporais. Uma delas ocorreu no dia 6 de março, quando um homem, 25, acabou preso em flagrante após ameaçar de morte e agredir a companheira, 28. O crime foi registrado no Bairro Retiro, na Zona Leste. A vítima foi torturada e golpeada na cabeça com uma garrafa de café. O suspeito ainda teria jogado o líquido quente sobre a mulher, causando queimaduras. A bebê, filha da vítima, acabou sendo atingida pela bebida, ficando com a pele avermelhada. De acordo com o documento policial, antes de praticar as agressões, o suspeito disse que iria buscar uma arma para matá-la e retornou com um objeto na cintura. Ela disse à PM que não era a primeira vez que sofria agressões do companheiro.

Medidas de proteção

Entre os pontos considerados essenciais da Lei Maria da Penha, aprovada em 2006, estão as medidas protetivas. Elas podem ser concedidas, mesmo antes do julgamento do caso, sempre que a vítima estiver em situação de violência doméstica. A finalidade é protegê-la contra novas agressões, além de tentar cessar esse tipo de crime. Entre os dias 6 e 10 de março, foram solicitadas, à Polícia Civil de Juiz de Fora, 87 medidas protetivas. Outras 25 partiram da Casa da Mulher, nessa mesma semana.

‘Medo do que está por vir’

“Fui agredida pelo meu marido, e isso já tinha acontecido outras vezes.” Com um relacionamento de dois anos, a dona de casa, 36, desempregada, não tinha procurado ajuda até o último episódio de violência vivido dentro de sua própria casa. Segundo ela, a demora em pedir socorro era por acreditar nas promessas de mudança do companheiro e nas demonstrações de arrependimento. No dia 8 de março, ela não teve nada a comemorar,

já que a data foi marcada por hematomas e a residência toda quebrada. Após o ocorrido, o homem foi embora, no entanto, diante das constantes ameaças, ela foi obrigada a se refugiar na casa de sua mãe. “No início, as pessoas me disseram que ele era um homem violento, mas pelo trato carinhoso comigo, não acreditei. Após alguns socos, mudei para perto de minha família, acreditando que não aconteceria mais, só que não foi assim. Tenho medo do que está por vir.”

Medo é o estado diário em que vive outra vítima de violência doméstica. A dona de casa, 32, não consegue esquecer a violência que sofreu do namorado. “Toda vez que olho no espelho, vejo essa cicatriz na minha testa.” Tudo começou com puxões e tapas. Após cinco meses juntos, ela teve jogado contra sua testa um chaveiro, durante uma discussão. “O sangue começou a jorrar e tive que levar três pontos.” Após o episódio, o casal rompeu a relação e, logo depois, ela decidiu reatar mas, segundo ela, pouca coisa mudou. Com um ano de namoro, as agressões voltaram e os tapas viraram chutes, garrafadas e socos. Não aceitando tal situação, ela passou a revidar. “Registrei uma ocorrência, mas por acreditar na mudança dele, desisti de dar continuidade”, disse a mulher, que mais uma vez foi vítima do comportamento agressivo do companheiro. “Até dentro de casa ele me oprime. Me obriga a conversar, não me deixa dormir, já não posso sair com meus amigos. Brigamos por motivos fúteis e por isso, pensei em deixar a casa, porém minha situação financeira não me permite.”

Segundo a coordenadora da Casa da Mulher, Maria Luiza Moraes, a principal motivação para que as mulheres não deem continuidade aos processos judiciais e retornem às relações violentas suportando agressões físicas, sexuais, morais e psicológicas é a dependência financeira de seus parceiros. “Estamos estudando um mecanismo para a inserção dessas vítimas no mercado de trabalho e ampliação dos nossos serviços. No entanto, a casa não tem por finalidade a manutenção das mulheres carentes de recursos. Nosso papel é fortalecê-las

psicologicamente, amparando-as com advogados, fazendo daqui um ambiente seguro para o registro de ocorrências.”

Dificuldades

Neste sentido, a vereadora e delegada Sheila Oliveira (PTC) diz que as dificuldades no combate à violência são grandes. “Apesar dos avanços, enfrentamos muitos problemas, como a questão cultural, a falta de investimentos em políticas públicas em prol das mulheres, além do machismo, que é a mola propulsora de toda essa violência.” A delegada considera a falta de efetivo a maior barreira enfrentada pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher , que funciona conjugada à Casa da Mulher com atendimento multidisciplinar, tratamento psicológico, advogados e assistência social. “A especializada tem o maior número de investigadores, e, mesmo assim, ainda é pequeno. Precisamos ampliar o atendimento com mais policiais civis e tornar realidade um plantão de atendimento, uma vez que a unidade funciona em horários específicos, não incluindo os finais de semana.”

Na região, 30 casos diários de violência

Aproximadamente 30 mulheres são vítimas diárias de estupros, torturas, espancamentos, humilhações, homicídios, roubos e outras formas de agressão no ambiente doméstico e familiar nos 86 municípios, incluindo Juiz de Fora, que compreendem a 4ª Região Integrada de Segurança Pública (4ª Risp). A estimativa refere-se ao ano de 2016, quando foram registrados 11.047 casos e 32 mortes. Nos últimos três anos, foram quase 34 mil ocorrências de crimes relacionados à violência ligada ao gênero feminino. Dessa forma, a existência de violência é identificada considerando as espécies de relacionamento entre vítima e autor, que configuram relação doméstica ou familiar nos termos da lei. É o que mostra o Diagnóstico da

Violência Doméstica e Familiar de Minas Gerais 2015/2016 divulgado às vésperas do Dia Internacional da Mulher pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).

Embora os números globais de ocorrências apresentem queda, quando analisados ano a ano, 2014 (11.746), 2015(11.194) e 2016 (11.047), a delegada de Mulheres, Ângela Fellet, acredita que, desde o ano passado, as denúncias com relação direta à Lei Maria da Penha têm aumentado devido ao empoderamento das mulheres. No entanto, ainda há muita subnotificação. “Está crescendo o número de denúncias, o que não significa que os casos têm aumentado da mesma forma. As denúncias que estão surgindo atualmente são de mulheres que vinham sofrendo agressões há anos, mas só agora tiveram coragem para procurar ajuda.” A atuação da Polícia Civil se dá no âmbito da investigação, ou seja, após a ocorrência do crime e, dessa forma, a delegada acredita que os pedidos de prisão e a apuração com celeridade são a melhor forma que a instituição encontra para frear os episódios.

Já para Sheila Oliveira, Juiz de Fora se diferencia com relação a esses dados, pois, na cidade, os trabalhos da Casa da Mulher com a Polícia Civil representam a porta de entrada e apoio às vítimas. Trabalho conjugado que elas não encontram em outras localidades. “A questão da violência doméstica envolve sentimento, questões patrimoniais, psicológicas e interferem nesses números. Os registros deste tipo de ocorrência são delicados”, finalizou.

Preocupação além dos crimes sangrentos

O feminicídio ocorre quando o gatilho é acionado contra uma mulher apenas por ser mulher. No entanto, não são somente os crimes sangrentos que fazem vítimas. A cultura machista e patriarcal, que reverbera até os dias atuais e ainda impera no convívio social, está ligada diretamente ao que estudiosos classificam como violência simbólica. A degradação da imagem da mulher na mídia através da publicidade, na qual ela pode ser comprada e vendida, tem influência no comportamento da sociedade. Dessa forma, a violência simbólica é considerada aquela invisibilizada e naturalizada.

Para erradicar este tipo de violência, a professora da Faculdade de Comunicação da UFJF, Cláudia Lahni, que é também uma das UFJF coordenadoras do coletivo feminista e grupo de pesquisa Flores Raras, acredita que o caminho para a mudança desse cenário está na ampliação das formas de comunicação e reflexão e investimentos em políticas públicas em prol das mulheres, uma vez que muitas não se dão conta de que a figura delas é usada apenas para contribuir com a venda de determinado produto. Ampliar o diálogo sobre a violência contra o sexo feminino é o que também pretende o Centro de Pesquisas Sociais (CPS) da UFJF. Segundo a diretora, Célia Arribas, há um hiato entre dois universos – o acadêmico e o da prática da segurança pública. “Estamos mapeando os coletivos feministas da cidade para levantar as principais demandas e encontrar resoluções.”

Na avaliação de Cláudia Lahni, o impeachment da presidenta Dilma Rousseff contribuiu ainda mais para a desvalorização da mulher e do universo feminino. “Apesar de eu não ter pesquisas sobre isso, acredito que o fato colaborou para o crescimento da violência simbólica. Neste sentido, precisamos dizer não a essa situação de golpe, que é machista e misógina”, assevera a pesquisadora, acrescentando que a sociedade precisa aceitar e entender que o lugar da mulher é na política, na economia, nos cargos de chefia e em todos os setores sociais. “Homens e mulheres precisam viver em harmonia.”

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Veículo: G1 Zona da Mata

Editoria: Notícias

Data: 27/03/2017

Link: http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2017/03/hospital-universitario-da-ufjf-amplia-atendimento-gestantes.html

Título: Hospital Universitário da UFJF amplia atendimento a gestantes

O Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) retomou e ampliou o atendimento a gestantes de baixo e alto risco. O ambulatório funciona desde janeiro deste ano no Centro de Atenção à Saúde (CAS), no Bairro Dom Bosco, com mais estrutura, mais especialistas e mais pacientes poderão ser atendidos. Atualmente, uma média de cinco gestantes de baixo risco e nove de alto risco de Juiz de Fora e região são atendidas por dia no local.

“As pacientes de alto risco são aquelas que apresentam doenças que exigem um acompanhamento mais especializado durante a gestação. Exames físicos e complementares apontam alguma alteração que indiquem a necessidade de maior cuidado individualizado com a mãe e o feto”, explicou o chefe do Serviço de Obstetrícia do HU e professor titular da UFJF, Tadeu Coutinho.

O atendimento no serviço é via Sistema Único de Saúde (SUS) e as pacientes precisam ser encaminhadas por meio das Unidades de Atenção Primária à Saúde (Uaps).

Atendimento especializado

De acordo com o professor Tadeu Coutinho, anteriormente o serviço funcionava por meio de um convênio com a Maternidade Therezinha de Jesus. “No entanto, a expansão do atendimento levou à contratação de especialistas pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que só poderiam atender dentro da universidade. Desta forma, houve a transferência para o CAS. A mudança nos colocou mais próximos de outras especialidades dentro do hospital”, explicou.

Desde janeiro deste ano, a equipe formada pelos especialistas, professores da UFJF e os 15 residentes supervisionados atendem, além de pré-natal de alto risco, pacientes qualificadas como baixo risco obstétrico, onde qualquer gestante pode realizar o pré-natal com toda a assistência disponível no HU. “Há casos que inicialmente não têm problemas, mas durante a gestação surge alguma intercorrência. Por isso, é importante que ela tenha o acompanhamento adequado”, disse o professor.

O serviço conta com ambulatórios específicos para adolescentes e também de vigilância contínua, onde as pacientes com comorbidades que apresentem maior risco para o feto são acompanhadas com o exame de cardiotocografia basal. Há ainda o serviço do ambulatório de infertilidade para assistência pré-concepcional às pacientes que tiveram abortos de repetição ou trombofilias.

Além do acesso aos exames rotineiros da assistência pré-natal, o Serviço de Obstetrícia da UFJF também disponibiliza às gestantes sob seus cuidados os exames específicos que são imprescindíveis para avaliação do bem estar materno fetal, como ultrassonografia, dopplervelocimetria e cardiotocografia basa.

De acordo com a enfermeira Claudilene Fernandes, chefe da Unidade de Atenção à Saúde da Mulher, a Unidade de ginecologia e obstetrícia conta com mais de 16 ambulatórios especializados, além de realizar procedimentos cirúrgicos e assistência aos pacientes internados nas enfermarias sob sua responsabilidade.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 27/03/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/31o-congresso-nacional-de-laticinios-reune-especialistas-da-italia-franca-e-alemanha/

Título: 31º Congresso Nacional de Lacticinios reúne especialistas da Itália, França e Alemanha

O 31º Congresso Nacional de Laticínios, parte da programação da Minas Láctea que acontece de 18 a 20 de julho em Juiz de Fora, reunirá especialistas em leite e derivados do país e do exterior. Entre os palestrantes estão confirmados o pesquisador italiano Andreas Gauda (Sacco Itália), Piercristiano Brazzale (CEO da Brazzale Company, a mais antiga fábrica de queijos da Itália em atividade), dois professores da Universidade de Parma (Itália), a professora Delphine Geanthe (Escola de Produtos Lácteos EnilBio de Poligny, na França, uma das principais escolas de formação de queijeiros da Europa) e o pesquisador Alan Frederick Wolschoon Pombo (Kraft-Alemanha).

Do Brasil, farão palestras o pesquisador Marcelo Bonnet (Embrapa Gado de Leite), a pesquisadora Maira Zanela (Embrapa Clima Temperado), o professor Carlos Bondan (Universidade de Passo Fundo), o professor Leorges Moraes da Fonseca (UFMG) e o pesquisador Junio de Paula (Epamig Instituto de Laticínios Cândido Tostes). Os painéis “Qualidade do Leite” e “Tecnologia Láctea”, além do tema central “O Brasil na Era das Startups”, contarão com a mediação de um representante da Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios (G100), do professor da UFJF Rodrigo Stephani e da professora da UFV Célia Lúcia Ferreira.

Além do Congresso Nacional de Laticínios, o Minas Láctea engloba os tradicionais Exposição de Produtos Lácteos (Expolac), Concurso Nacional de Produtos Lácteos, Exposição de Máquinas, Equipamentos, Embalagens e Insumos para a Indústria Laticinista (Expomaq) e Semana do Laticinista. Mantendo a tradição, a Expomaq e a Expolac serão realizadas no Expominas Juiz de Fora. Já palestras, cursos e o julgamento do Concurso Nacional de Produtos Lácteos serão realizados nas dependências do Instituto de Laticínios Cândido Tostes.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 27/03/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/curso-gratuito-de-danca-de-salao-na-ufjf/

Titulo: Curso gratuito de dança de salão na UFJF

O curso gratuito de dança de salão MoviMente tem inscrições abertas a partir desta quarta-feira (29) e nos dias 3 e 5 de abril, das 19h às 20h30. A oportunidade é voltada para técnico-administrativos em educação, professores, funcionários terceirizados, estudantes e aposentados da UFJF. As aulas acontecem às segundas e quartas, das 19h às 20h30, começando em 10 de abril, na unidade Centro do Restaurante Universitário.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 27/03/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/notas-de-alunos-de-medicina-da-ufjf-superam-medias-estadual-e-nacional/

Título: Notas de alunos de medicina da UFJF superam médias estadual e nacional

Os estudantes do terceiro e do quarto períodos da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), campus sede,

destacaram-se no primeiro exame da Avaliação Nacional Seriada dos Estudantes de Medicina (Anasem). Na avaliação, obrigatória para todos os acadêmicos de medicina do país, os estudantes da UFJF superaram as médias estaduais e nacional no nível adequado de proficiência do exame, com média de 107,7 pontos. Em Minas, a proficiência média foi de 100,3,enquanto a do Sudeste foi de 99,6. Já a Proficiência média dos cursos de medicina no Brasil foi de 100 pontos. A avaliação foi realizada em novembro de 2016, mas o resultado só foi divulgado na última semana na página do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Com questões objetivas e discursivas, a Anasem avaliou o desempenho dos estudantes em três níveis de proficiência: básico, adequado e avançado. Enquanto a média nacional dos estudantes no nível avançado nas questões objetivas atingiu somente 1,9%, a média da Famed da UFJF chegou aos 9,2% nessa categoria.

Segundo o Inep, a Anasem conseguiu mobilizar todas as escolas brasileiras de educação médica, e seus resultados abarcam a avaliação de 91% dessas instituições, totalizando 233 cursos e 22.086 estudantes matriculados no segundo ano. A segunda edição da Anasem acontecerá no dia 18 de outubro de 2017 e será aplicada para os estudantes matriculados no segundo e quarto ano dos cursos de medicina.