Uma nova forma de tratamento da leishmaniose cutânea, envolvendo uma substância encontrada no vinho e metais como o ouro, foi pesquisada pela doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Patrícia de Almeida Machado. A acadêmica estudou a ação leishmanicida de compostos sintéticos do Resveratrol que foram complexados com ouro e vanádio. Os experimentos in vitro mostraram significante efeito nas formas promastigota e amastigota do parasito.
“O composto mais efetivo da série teve seu mecanismo de ação avaliado, bem como foi determinado o seu efeito em camundongos com leishmaniose cutânea. Os principais alvos celulares deste composto em Leishmania foram a mitocôndria e o DNA. Além disso, esta substância causou significativa redução da carga parasitária em camundongos infectados com este parasito, destacando também o seu efeito in vivo”, explicou a pesquisadora.
As leishmanioses são consideradas doenças tropicais negligenciadas, devido à escassez de medicamentos. “O Resveratrol tem despertado o interesse a partir do relato de propriedades cardioprotetoras encontradas no vinho e, no nosso trabalho, verificamos que a complexação de metais a derivados do resveratrol aumenta a atividade leishmanicida”, explica a professora orientadora Elaine Soares Coimbra.
Segundo Patrícia, o novo composto, desenvolvido pelo Núcleo Multifuncional de Pesquisas Químicas (Nupeq), sob coorientação do professor Adilson David da Silva, atacou principalmente a mitocôndria e o DNA do parasito. “Esses resultados destacam o potencial leishmanicida in vitro e in vivo de complexos metálicos e abrem perspectivas para o delineamento da síntese de novos compostos complexados a metal”, considera a doutoranda.
A pesquisa teve apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
O que são as leishmanioses?
As leishmanioses são doenças causadas por protozoário do gênero Leishmania e transmitidas pela picada de insetos vetores. Existem mais de 20 espécies de Leishmania que podem infectar o homem e vários mamíferos, incluindo o cão. As manifestações clínicas são variadas, podendo aparecer desde feridas na pele, destruição de mucosas da boca e do nariz e infecção de órgãos como baço, fígado e medula óssea. Não existe vacina eficaz para a doença.
Contato:
Patrícia de Almeida Machado (doutoranda)
patriciamachado12@yahoo.com.br
Prof. Dra. Elaine Soares Coimbra (orientadora)
elaine.coimbra@ufjf.edu.br
Banca examinadora:
Elaine Soares Coimbra (orientadora – UFJF)
Adilson David da Silva (co-orientador – UFJF)
Eveline Gomes Vasconcelos (UFJF)
Patrícia Elaine de Almeida (UFJF)
Rubem Figueiredo Sadok Menna Barreto (Fiocruz/RJ)
Silvia Regina Costa Dias (Faculdade Estácio de Sá/JF)
Outras informações: (32) 2102-3220 – PPG Ciências Biológicas