O receio de sofrer alguma queda foi constatado em 95% dos idosos entrevistados durante a pesquisa de doutorado “Fragilidade, quedas e medo de cair: um estudo de base populacional”. A tese da acadêmica Danielle Cruz foi defendida nesta terça-feira, 14, no Programa de Pós-graduação em Saúde, da Faculdade de Medicina, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
A pesquisa, realizada na Zona Norte de Juiz de Fora, é oriunda de um trabalho anterior, desenvolvido quando a doutoranda ainda estava em seu mestrado. Inicialmente, o grupo de pesquisadores Núcleo de Assessoria, Treinamentos e Estudos em Saúde (Nates) fez um levantamento, em 2010, para traçar o perfil dos idosos juiz-foranos. Um dos objetivos era identificar as fragilidades desta parcela da população e sua dependência da saúde, sendo ela pública ou privada.
“A gente deve entender a fragilidade como um processo dinâmico, resultante da interação de diversos fatores, e o mais importante é que ela repercute em aumento de custos sociais, maior demanda por serviços de saúde e também institucionalização”, explica Danielle.
A partir desses resultados, a doutoranda decidiu continuar a investigação e retornou, em 2014, ao local estudado em 2010. Desta vez, o objetivo era tentar entender as fragilidades encontradas no primeiro estudo. Ao todo 400 idosos participaram da pesquisa e em 34,5% deles foi identificado a prevalência de fragilidades. Além disso, o estudo detectou a presença de dificuldades para andar, necessidade de um cuidador, transtornos depressivos e dependência funcional para realizar as atividades diárias.
De acordo com a doutoranda, a queda é vista como um evento “sentinela” para a saúde do idoso e “tem um significado muito importante porque, muitas vezes, é um indicador de declínio funcional”.
No entanto, esse medo está presente mesmo naqueles que nunca caíram. Entre os idosos que já sofreram um episódio de queda, o receio é ainda maior, pois 44% deles relatam ter medo de cair novamente. O estudo identificou que grande parte dos acidentes acontece no ambiente doméstico, durante o período da manhã, nos horário em que os entrevistados estão realizando afazeres de casa.
“A queda traz uma série de impactos para a vida desse sujeito porque, em alguns casos, o tira do convívio familiar por conta de uma internação”, aponta a professora orientadora da pesquisa e membro do Departamento de Saúde Coletiva, Isabel Gonçalves Leite.
O estudo pode possibilitar o desenvolvimento de políticas públicas para atender à população idosa. O levantamento é extenso e apresenta as vulnerabilidades de uma parcela da população que está em crescimento no Brasil. “Quando pensamos na importância da utilização desses dados é que refletimos sobre os aspectos que são passíveis de serem na verdade trabalhados de forma preventiva ou dentro da reabilitação”, finaliza a doutoranda.
Contato:
Danielle Cruz (doutoranda)
danitcruz@yahoo.com.br
Isabel Cristina Gonçalves Leite (Orientadora – UFJF)
isabel.leite@ufjf.edu.br
Outras informações: (32) 2102-3848 – Programa de Pós-graduação em Saúde