Atuando como uma oportunidade para estudantes e pesquisadores apresentarem seus estudos, o XXII Seminário de Iniciação Científica (Semic) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) encerra suas atividades nesta sexta-feira, 21. Organizado pela Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (Propp) e pela Pró-reitoria de Extensão (Proex), o evento faz parte da programação da Semana de Ciência, Tecnologia e Sociedade da UFJF.
Durante a manhã de sexta, estiveram em exposição cerca de 130 trabalhos das áreas de Ciências da Saúde, Biológicas, da Computação e Engenharias. Durante os três dias de evento, as apresentações também se dividiram entre Ciências Exatas e da Terra, Ciências Agrárias, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas, e Linguística, Letras e Artes. Ao todo, 550 trabalhos foram apresentados, envolvendo entorno de três mil pessoas, incluindo colaboradores, alunos bolsistas e professores orientadores.
Entre computação e saúde
Na área de Engenharia e Ciência da Computação, um dos trabalhos apresentados na manhã de sexta-feira, procura desenvolver um sensor a fibra óptica, onde através de simulações em computadores, é possível compreender como a luz do dispositivo trafega e como isso explica, por exemplo, mudanças de temperaturas em determinados ambientes. “Se eu tenho um sensor de temperatura e o meio em que ele se encontra se aquece, eu consigo relacionar o aumento da temperatura com deslocamentos técnicos. Se eu estiver observando espectros à distância, consigo saber se aquele meio aumentou a temperatura ou não”, explica Thales Wulfert Cabral, bolsista do projeto. “Com isso, nós conseguimos entender melhor como é a aplicação desses sensores, como eles funcionam, como a luz se comporta dentro de uma fibra óptica, para conseguirmos ter um controle melhor e otimizar esse tipo de aplicação”, completa.
Outro projeto de Engenharia Elétrica busca trabalhar com modelos computacionais para analisar a eletrofisiologia do coração, para a melhora na qualidade de vida de pessoas que sofrem com arritmias cardíacas. Segundo Janaína Lamas Santiago, bolsista do projeto, o método adotado utiliza equações diferenciais com atraso, que consistem em equações nas quais as derivadas dependem de soluções anteriores. “Atualmente, muitas pessoas morrem de problemas cardíacos, e pesquisas com o coração tem aumentado demais, porém ainda usa-se como base equações diferenciais. Nós resolvemos trabalhar com equações diferenciais com atraso porque isso ajuda a analisar disfunções cardíacas como arritmias”, explica. “Existem muitos problemas causados pelas arritmias, então se conseguimos detectá-los, poderíamos arrumar alguma técnica para ajudar na melhora da condição de vida”, diz a bolsista.
Também levando em conta o índice de problemas cardíacos, um projeto da Faculdade de Medicina da UFJF analisa a correlação entre ácido úrico e fatores de risco cardiovasculares em adolescentes. Foram avaliadas crianças e adolescentes de escolas públicas de Juiz de Fora, por meio de um levantamento de questões antropométricas, cardiovasculares e bioquímicas. “Na literatura, existem vários relatos de associação entre ácido úrico e fatores de risco cardiovasculares para adultos, porém ainda se discute se essa mesma relação pode ser aplicada em crianças e adolescentes”, explica Ramon Moreira Santos, bolsista do projeto. De acordo com o estudante, grupos que apresentavam dois ou mais fatores de síndrome metabólica também demonstraram acúmulo de ácido úrico maior, comparados a crianças sem ou, ao menos, um fator de risco. “Nós percebemos que existe uma associação entre o ácido úrico e fatores de risco cardiovasculares de modo que, quanto maior o acúmulo de fatores de risco, maiores seriam as concentrações de ácido úrico. Procuramos desenvolver esses estudos para tentar achar uma causa e uma solução no intuito de produzir fármacos voltados para essa faixa etária, e para tentar melhorar a qualidade de vida dessas crianças”.
Motivada pelo alto percentual de mulheres com endometriose que passam pelo Hospital Universitário (HU) da UFJF, uma pesquisa da Faculdade de Medicina avalia fatores de risco da doença com o objetivo de realizar diagnósticos mais precoces e tornar o tratamento mais eficaz. A endometriose é um distúrbio em que o tecido que reveste o interior do útero cresce fora deste órgão. De acordo com a bolsista do projeto, Luisa Leitão de Faria, o trabalho é divido em duas etapas, estando a primeira já concluída, que consistiu no levantamento de mulheres diagnosticadas com a doença. “Com essa pesquisa, conseguimos definir quais eram os sítios mais comuns de endometriose, a idade média das pacientes acometidas, e agora nosso objetivo é chamá-las para fazer a análise do sangue e tentar identificar algum gene ou alguma alteração que possa servir como fator de risco para essas mulheres. A endometriose é um problema significativo no HU, que precisa de investimentos, e observando o quanto as pacientes são jovens, o tratamento e diagnóstico precoce são fundamentais”, comenta Luisa.
Premiação
Os trabalhos de maior destaque em cada área serão premiados durante a cerimônia de encerramento, que acontece a partir das 14h, no Centro de Ciências da UFJF, localizado no Planetário.