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Luiz Rogério de Paula Júnior defendeu a dissertação no Centro de Pesquisas em Humanidades da UFJF (foto: Twin Alvarenga/UFJF)

O mestrando Luiz Rogério de Paula Júnior, do Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), defendeu, nesta sexta-feira, 30, a dissertação “Meu nome é Brasil – As figuras do homem cordial e do bestializado em canções de Tom Zé”.

A dissertação procurou analisar, a partir de algumas canções de Tom Zé, como o compositor representa e interpreta a identidade nacional. Para dar conta da amplitude e complexidade do tema, Luiz Rogério fez um estudo prévio sobre os conceitos de nação e identidade trabalhados por autores e estudiosos do tema. Para pensar a identidade brasileira, o mestrando trabalhou as figuras do homem cordial, conceituada por Sérgio Buarque de Holanda, e do bestializado, fundamentada por José Murilo de Carvalho. A leitura crítica desenvolvida na pesquisa baseou-se, também, na obra do sociólogo Richard Sennet, que debate as relações entre as esferas pública e privada.

O mestrando destaca a particularidade de sua análise, que traçou perfil do brasileiro. “Eu escolhi o trabalho, pois desde a adolescência eu conheço o  trabalho do Tom Zé, e sua postura crítica sempre me instigou. Os estudos sobre ele quase nunca analisam o lado compositor dele. A pesquisa através da análise de algumas canções e dos conceitos de identidade nacional, num país como o Brasil, com amplitude e regionalismos, foi importante. Concluímos que o perfil do brasileiro é de quem aceita e desobedece às regras de acordo com sua personalidade.”

De acordo com o professor orientador, Alexandre Graça Faria, a pesquisa oferece uma importante contribuição à área acadêmica, por ampliar as regiões de atuação dos estudos literários para além da crítica e da literatura restrita aos gêneros presentes em livros, como o romance e a poesia. “Com a perspectiva dos Estudos Culturais, é possível incluir, na pesquisa acadêmica da área das Letras, diversas outras formas das artes verbais híbridas, como a canção, o cinema, o teatro, a performance. Essa expansão resulta num alcance social menos específico da reflexão, uma vez que a circulação dos meios orais e audiovisuais é, quase sempre (o que talvez não se aplique a Tom Zé) mais ampla, no Brasil, do que a dos livros.

O professor destaca o caráter de “ferramenta de autoconhecimento” presente no estudo, que contribui para evidenciar as “articulações ilegítimas que, tanto historicamente, quanto atualmente, movem as engrenagens políticas”. O docente explica, ainda, que a partir das letras de um compositor relevante da música brasileira, a reflexão articula conceitos fundamentais para a compreensão de processos políticos conturbados de nossa história social e política. “As figuras do homem cordial e do bestializado, que Luiz articula, são imprescindíveis para compreendermos como o brasileiro constrói nossa república e mesmo como operamos no trânsito entre a esfera pública e a vida privada”.

Contato

Luiz Rogério de Paula Júnior (mestrando):
lrogerio89@hotmail.com

Alexandre Graça Faria (orientador):
alexandre.faria@ufjf.edu.br

Outras informações: (32) 2102-3118 – Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários