No Brasil, os desastres têm um viés social, atingindo regiões mais vulneráveis com maior frequência e intensidade (© Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A Semana Nacional de Redução de Desastres é celebrada entre os dias 12 e 18 de outubro. Em sua 20º edição, a data tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da prevenção e da redução dos riscos de tragédias, incentivando universidades, órgãos públicos e a sociedade a atuarem de forma integrada em iniciativas de justiça social e sustentabilidade.

A iniciativa se alinha também aos esforços da Organização das Nações Unidas (ONU), que define 13 de outubro, como Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres. O objetivo do movimento é a garantia de que investimentos públicos e privados sejam concebidos para resistir a catástrofes futuras, destacando também o papel central das comunidades locais na mitigação dos impactos, muitos deles agravados pelas mudanças climáticas.

Para o professor da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Jordan Henrique de Souza, “em um cenário de emergência climática, a universidade pública não pode ser apenas observadora – ela deve ser protagonista técnica, formadora e articuladora de soluções para o país”.

Segundo o professor Jordan de Souza, a universidade pública não pode ser apenas observadora, “ela deve ser protagonista técnica, formadora e articuladora de soluções para o país” (Foto: Carolina de Paula/UFJF)

Ele explica que no Brasil a questão é especialmente relevante, pois os eventos têm um viés social, atingindo regiões mais vulneráveis com maior frequência e intensidade. “O desastre é o resultado da interação entre ameaça natural e desigualdade social”, afirma. 

Na UFJF, o professor desenvolve iniciativas acadêmicas e de extensão voltadas à redução do risco de acidentes, resiliência urbana e fortalecimento da gestão pública. A resiliência a desastres é a capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade de se recuperar de eventos adversos, e está ligada à  prevenção,  ao planejamento urbano e à proteção social de forma articulada.

“A resiliência não é apenas uma questão ambiental ou técnica, mas também de política pública, ordenamento territorial, justiça social e climática”, afirma o professor. Além disso,  leva em conta critérios de equidade para os investimentos públicos, garantindo que os recursos cheguem primeiro onde o risco é maior.

Produção de conhecimento 

A UFJF contribui ao produzir dados, metodologias e formações que colocam a vulnerabilidade social no centro da análise de risco. “Nas nossas pesquisas, projetos e cursos, trabalhamos com indicadores socioeconômicos, mapas de riscos, habitação, educação, mobilidade e infraestrutura”, descreve Souza. 

Assim, a Universidade integra sustentabilidade e inclusão em suas ações de forma transversal, como princípios integrados ao modo como ela produz conhecimento e apoia políticas públicas. 

A elaboração do projeto Planos Locais de Resiliência (PLR), é uma das iniciativas da da Faculdade de Engenharia em prol dessa causa, seguindo metodologias reconhecidas pela ONU, como a MCR2030 e o Marco de Sendai. O processo inclui diagnóstico de ameaças, análise de vulnerabilidades e definição de ações integradas, com base em dados, oficinas e participação de diferentes setores municipais. O trabalho é conduzido por uma equipe multidisciplinar e tem fortalecido a capacidade técnica e a articulação entre áreas das prefeituras da região.

Além dos PLR, mantém programas como o de Análise da Resiliência a Desastres no Contexto Municipal e cursos de pós-graduação em Gestão Pública em Proteção e Defesa Civil e Cidades Resilientes a Desastres, transformando conhecimento em políticas públicas. Para Jordan de Souza, “a Universidade não só produz conhecimento, mas qualifica o debate e fortalece a agenda de resiliência em escala nacional com base na ciência e na gestão pública”.

Outras informações: https://www2.ufjf.br/resiliencia/