Um tema importante irá reinar na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) na próxima semana: luta antimanicomial. São esperados cerca de 600 participantes brasileiros e estrangeiros nas mais de 90 atividades do 7º Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental, que será sediado de quinta, 11, a domingo, 14, no Instituto de Ciências Humanas (ICH).

O evento não traz apenas pesquisadores e profissionais da área, mas também ativistas e usuários da rede de assistência psicossocial para debates importantes acerca do tema. Essa abertura e o caráter transdisciplinar do evento enriquecem a qualidade acadêmico-científica e social do fórum, como aponta o vice-reitor Telmo Ronzani, integrante da organização local. “Em suma, para além de seu caráter científico, é um evento que tem um alcance e relevância para toda a sociedade por seu caráter participativo.”

O objetivo é discutir e construir alternativas populares para a luta antimanicomial – movimento que visa a reinserção social e cidadã de pessoas internadas em hospitais psiquiátricos. Almeja ainda a redução programada de leitos de longa permanência nessas unidades de saúde, cuidados humanizados e outros preceitos da Reforma Psiquiátrica. 

Entre os temas em debate estão atenção psicossocial na infância e na juventude, formação em saúde mental e práticas de redução de danos para usuários de drogas. Esse último tema, aliás, terá um simpósio exclusivo inserido na programação do Fórum (veja abaixo). 

Ao todo, são 43 rodas de conversa, 17 oficinas e minicursos, 15 mesas-redondas e mais atividades, como lançamento de livros, apresentações culturais e debates. As oficinas irão abordar teorias e práticas relacionadas à desmedicalização da vida (uma crítica ao excesso do uso de medicamentos controlados para lidar com situações da vida), determinação social da esquizofrenia, patologização de crianças e adolescentes, bem como serviços residenciais terapêuticos e cuidados no envelhecimento.

As atividades gravitam em torno do tema central “Direitos Humanos e Luta Antimanicomial: construindo uma alternativa popular para o Brasil”, que será o foco da conferência de abertura na noite do dia 11, no Cine-Theatro Central. O convidado é o ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Advogado e militante de direitos humanos, o conferencista é conhecido pela defesa de lideranças sindicais e políticas presas, no período da ditadura militar brasileira (1964-1985). Foi também vice-prefeito de São Paulo, no governo de Luiza Erundina, entre 1989 e 1993. 

Um detalhe chama atenção na programação: as salas e anfiteatros do próprio ICH estão nomeados em homenagem a referências de saúde mental, educação e direitos humanos, tais como a psiquiatra brasileira Nise da Silveira (1905-1999), o fundador da psicanálise Sigmund Freud (1856-1939) e o educador Paulo Freire (1921-1997).

Confira a programação completa do Fórum, que recebe inscrições até o último dia do evento. Usuários da rede de atenção psicossocial são isentos da taxa de inscrição.

Simpósio

Incluído na programação do Fórum, o “Simpósio Latino Americano de Redução de Danos: a que será que se destina?” reúne pesquisadores e profissionais da área nos dias 12 e 13.

Um dos destaques da programação é a presença internacional do pesquisador Pablo Cymerman, da Universidade de Buenos Aires. Coordenador executivo da Coalizão Americana sobre Políticas de Drogas, o professor participará da mesa sobre “Política de drogas, Estado e sociedade civil: conjuntura latino-americana, diálogos e interlocuções”.

O encontro também é uma oportunidade para conhecer práticas de referência que envolvem criatividade e cuidados, nos estados de Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo. Para tanto, foram convidadas a terapeuta ocupacional Luiza Ribeiro da Silva (SP), o médico de família Fernando Meira (BA) e o fundador da Rede Nacional Consultórios na Rua, Daniel Souza (RJ).

Mais atividades estão previstas no simpósio. Confira a programação completa.

 

Outras informações:

7º Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental

UFJF sedia Fórum sobre Direitos Humanos e Saúde Mental

 

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