O mês de agosto chegou e com ele toda a riqueza do folclore brasileiro. É tempo de lendas, danças, artesanatos, jogos e outros elementos de nossas tradições mais antigas se encontrarem no Museu de Cultura Popular do Forum da Cultura. A exposição “Folclore: diversidade cultural” segue em cartaz até 29 de agosto, oferecendo ao público a oportunidade de entrar em contato com uma parte essencial da cultura nacional. As visitações ocorrem de segunda a sexta, das 10h às 19h. A entrada é gratuita.

De acordo com a tradição, as carrancas foram criadas para serem colocadas em proas de barcos, visando espantar maus espíritos que procuravam afundar as embarcações (Foto: Divulgação)
As 35 peças em exibição são parte de uma verdadeira herança, passada de geração em geração, e que, graças ao trabalho de profissionais e espaços culturais, conseguem chegar aos dias atuais de forma preservada. Os visitantes podem conferir de perto, por exemplo, representações de danças, carrancas e jogos de damas nordestinos. Trazendo ainda mais riqueza visual para a mostra, também estão expostas xilogravuras (técnica de gravura em relevos) com algumas das lendas mais emblemáticas do folclore verde e amarelo.
Os objetos selecionados para compor a exposição são oriundos de diferentes localidades do país, como, por exemplo, São Luís, no Maranhão; Roseira Velha, em São Paulo; Caruaru e Petrolina, em Pernambuco; Pirapora, em Minas Gerais; e Salvador, na Bahia. Uma demonstração real de como o Brasil possui uma pluralidade cultural vasta, criativa e pungente. A multiplicidade de cores, formas e materiais utilizados na criação das peças também chama a atenção.
Cerâmica, madeira, ferro e tecidos são algumas das matérias-primas escolhidas por artesãs e artesãos para eternizarem seus saberes e fazeres singulares. Um dos destaques da exposição são as representações e registros videográficos do Bumba Meu Boi, um festejo que mistura danças, músicas, teatro, poesia, artesanato e indumentárias elaboradas. Esse festejo recebe nomes diferentes de acordo com a região em que é celebrado. Tais terminologias estão apresentadas na exposição.
Muito popular nas regiões Norte e Nordeste, essa celebração, que combina elementos indígenas, africanos e europeus, gira em torno de uma lenda da história de um boi que morre e é ressuscitado, envolvendo personagens como Chico, o vaqueiro que mata o boi, e o dono da fazenda que busca a cura do animal. Em 2012, o Bumba Meu Boi foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Outra vertente presente na mostra é a literatura de cordel, representada por meio de uma série de 29 exemplares desse gênero literário popular nordestino, que se manifesta através de poemas narrativos, geralmente impressos em folhetos (Foto: Divulgação)
Representações de outras celebrações também têm espaço garantido, como é o caso do Maracatu, que consiste num cortejo popular que envolve música, dança, teatro e religiosidade em uma dramatização da nobreza aristocrática; e da Congada, expressão cultural e religiosa que envolve o canto coletivo, encenações e a fé, através da qual as comunidades congadeiras/reinadeiras louvam divindades e santos de origem africana e/ou católica.
Das sagradas águas do Rio São Francisco chegam as singulares carrancas. Entalhadas na madeira, essas figuras trazem feições curiosas, enigmáticas e até amedrontadoras para muitas pessoas. Grandes olhos, bocas com dentes afiados, orelhas pontiagudas são algumas das características que essas peças possuem em comum. De acordo com a tradição, as carrancas foram criadas para serem colocadas em proas de barcos, visando espantar maus espíritos que procuravam afundar as embarcações. Atualmente, esse item, além de seu significado espiritual, é muito utilizado como objeto de decoração.
Outra vertente presente na mostra é a literatura de cordel. Ela está representada por meio de uma série de 29 exemplares desse gênero literário popular nordestino, que se manifesta através de poemas narrativos, geralmente impressos em folhetos. Trata-se de uma forma de expressão cultural que preserva e divulga as tradições, costumes e histórias do povo.

De acordo com a conservadora e restauradora de bens culturais, Franciane Lúcia, cada uma das peças em exibição carrega histórias e simbolismos ímpares (Foto: Divulgação)
De acordo com a conservadora e restauradora de bens culturais do Forum da Cultura, Franciane Lúcia, o objetivo da nova exposição é mostrar toda a intensidade do folclore nacional. “Escolhemos e montamos este trabalho justamente no mês em que se comemora o Dia do Folclore (22 de agosto), para que as pessoas possam vir, conhecer essa parte da nossa cultura, que é o que nos diferencia como brasileiros. Cada uma das peças em exibição carrega histórias e simbolismos ímpares” explica. “O Forum da Cultura segue preservando todo esse acervo de valor inestimável para que as futuras gerações conheçam as próprias raízes que são a base de nosso povo.”
Entendendo o termo
A palavra folclore é de origem inglesa, criada a partir da expressão folk-lore – “Folk”, que vem do povo, e “Lore”, que significa conhecimento, saber. O termo foi cunhado pelo escritor, antiquário e folclorista britânico William John Thoms, em 1846.
O folclore é composto por algumas características elementares, tais como: ser popular; originar-se do saber cultural; ser uma tradição; ser transmissível pela oralidade e pela prática, de geração em geração; fazer parte do conhecimento coletivo e ser uma manifestação livre e espontânea de um povo.
Ele faz parte da riqueza cultural de um povo, por isso está inserido no patrimônio cultural. A Organização das Nações Unidas para assuntos relacionados à Educação, à Ciência e à Cultura (Unesco) define patrimônio cultural imaterial como “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados e que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”.
O patrimônio imaterial é transmitido por nossos antepassados, mantido e recriado pelas comunidades e grupos em função de sua interação com o meio em que vivem e com a sociedade.
Outras informações
Forum da Cultura – Rua Santo Antônio, 1112 – Centro – Juiz de Fora
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E-mail: forumdacultura@ufjf.br
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Telefone: (32) 2102-6306
