Marcelo Moreno é o 15º entrevistado do IdPesquisa da UFJF (Foto: UFJF)

Os brasileiros acompanharam a transição da televisão analógica para a digital, iniciada há quase 20 anos, e estão diante da próxima geração da TV aberta – a chamada TV 3.0.  No IdPesquisa desta semana, o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Marcelo Moreno explica a nova tecnologia e conta como o trabalho de pesquisa de alunos e docentes da instituição está contribuindo para essa revolução.

Moreno é coordenador do Grupo de Trabalho em Codificação de Aplicações do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Fórum SBTVD), entidade fundada em 2007 que, desde então, lidera o desenvolvimento técnico da TV digital no país. “O grupo é responsável por toda a evolução da parte de interatividade e tipos de mídia suportados pela transmissão de TV digital terrestre”, explica.

A nova tecnologia promete integrar a experiência da TV aberta com as vantagens do streaming, além de melhorar recursos de áudio, imagem e personalização. “A TV 3.0 está pensada para ser fácil de utilizar, para não depender de internet”. 

Atualmente, governo, indústria, radiodifusores e universidades somam esforços para a viabilização da TV 3.0. Em maio de 2025, quando o episódio do IdPesquisa foi gravado, os pesquisadores estavam à espera do decreto presidencial que regulamentasse esse novo sistema brasileiro de TV digital. Agora, três meses depois, a previsão é de que o presidente Lula assine o documento já nos próximos dias e que a TV 3.0 esteja à disposição da população até 2026.

(Ilustração: UFJF)

Pesquisa em colaboração
Marcelo Moreno é professor do Departamento de Ciência da Computação e trabalha com sistemas multimídia, área que busca promover experiências mais ricas e interativas para o usuário. Os estudos são desenvolvidos tanto no Laboratório de Aplicações e Inovação em Computação (Lapic), com o colega de departamento Eduardo Barrere, como no Laboratório de Mídia Digital (LMD), da Faculdade de Comunicação Social, com os pesquisadores Carlos Pernisa Júnior e Stanley Teixeira

O intuito é propor soluções conjuntas, criando e/ou aperfeiçoando tecnologias que atendam às necessidades dos profissionais audiovisuais, para garantir agilidade e qualidade nas produções. Entre as mudanças, a expectativa é de que a TV 3.0 seja orientada por aplicativos, não mais por canais.

Pernisa Júnior é professor  e pesquisador da Faculdade de Comunicação (Foto: Iris Faria/UFJF)

Pernisa destaca a dedicação dos envolvidos para entender a “jornada do telespectador”, termo usado para se referir à trajetória da pessoa do momento que ela liga a TV, até o momento em que escolhe um canal (aplicativo) para ver. Por parte dos cientistas da comunicação, a pesquisa se debruça em melhorar a aparência dos aplicativos, em ajustar layout, configurações e funcionalidades de acordo com as necessidades do interator.

A equipe estudou recursos de melhoria para o controle remoto, que trará a tecla DTV+, nome comercial para esse novo padrão brasileiro de transmissão digital, e melhorias para o controle do celular, que pode funcionar como segunda tela e trazer pinça para aumentar ou diminuir o que é mostrado, além de ampliar recursos de acessibilidade.

Cristiane Turnes é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Foto: arquivo pessoal)

“A novidade da TV é que há uma junção da banda larga com a radiodifusão. A partir disso você tem aplicativos que possibilitam maior interatividade. Você, então, vai poder interagir mais com a programação, você vai poder escolher coisas, participar de enquetes, se assim a programação permitir. Você vai poder, inclusive, determinar coisas dentro do conteúdo que estiver assistindo, escolher determinado ângulo, posição de câmera, idioma ou ver algo fora da grade pré-estabelecida”, explica Pernisa.

Estudantes de mestrado e doutorado também estão inseridos na pesquisa. A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Cristiane Turnes reforça a importância de levar o olhar da Comunicação para o desenvolvimento da nova interface da TV e mantê-la “acessível para as mais diferentes idades no processo de adaptação ao ambiente digital”.

Letícia trabalha na criação de um framework (Foto: arquivo pessoal)

Já a mestranda Letícia Rangel trabalha na criação de um framework adaptável, de acordo com o conteúdo e o perfil do telespectador, baseado em inteligência artificial (IA). Para a aluna, a forma de se produzir e consumir produtos audiovisuais mudou muito nos últimos anos, por isso, é preciso entender cada elemento desse processo e como o telespectador recebe e interage com todas as mudanças. “A UFJF, com essa vertente de pesquisa ativa, contribui para a agilidade no desenvolvimento comercial da TV 3.0, visto que podemos ter o embasamento acadêmico e a validação das emissoras”, ressalta Letícia.

Veja o Id Pesquisa pelo canal do YouTube ou escute o novo episódio pelo Spotify.