
Laboratório de psicologia italiano que serviu de inspiração para os laboratórios paulistas da década de 1950. (Arquivo: Centro Salesiano de Documentação e Pesquisa)
Professor Rodolfo Batista, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (FACED/UFJF), foi o vencedor do Prêmio Mercedes Rodrigo-Bellido, concedido pelo Grupo de Trabalho em História da Psicologia da Sociedade Interamericana de Psicologia (SIP). O trabalho premiado evidencia como os laboratórios de psicologia de universidades paulistas no início dos anos de 1950 contribuíram para a consolidação dessa ciência no Brasil. O prêmio será entregue durante o 40º Congresso Interamericano de Psicologia, entre os dias 14 e 18 de julho, em San Juan, capital de Porto Rico.

Pesquisador Rodolfo Batista receberá o prêmio no 40º Congresso Interamericano de Psicologia (Foto: Twin Alvarenga)
Resultado do estudo
A pesquisa de caráter histórico foi realizada com documentos de arquivos e bibliotecas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, do Centro Universitário Salesiano de São Paulo e do Centro Salesiano de Documentação e Pesquisa e descreve como a criação de laboratórios experimentais ajudou a consolidar a psicologia como ciência e campo de atuação profissional em nosso país. De acordo com o trabalho, tais ambientes possibilitaram que, de forma articulada, houvesse a produção de saberes especializados e ações profissionais.
Batista, que também integra o corpo docente dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi/UFJF) e em Educação (PPGE), considera que o estudo auxilia a entender como a psicologia se constituiu como ciência e campo profissional em âmbito internacional e brasileiro. “Os primeiros laboratórios de psicologia datam do final do século 19 e alcançaram diferentes localidades ao longo do século 20. Além de possibilitarem produzir conhecimento especializado, os laboratórios tornaram a psicologia reconhecida e constituíram uma comunidade científica”, completa.
De acordo com o pesquisador, os laboratórios permitiram a realização de pesquisas básicas sobre, por exemplo, processos ligados à sensação, à percepção, tempo de reação e memória. A partir deles, também foram criados institutos de psicologia, onde disciplinas psicológicas eram ensinadas e os serviços especializados eram prestados. “Tais serviços eram aplicados à educação, ao trabalho, à clínica psicológica e, de maneira geral, às práticas de orientação. Então, de certo modo, eles possibilitam o surgimento de práticas profissionais ligadas à psicologia no Brasil, mesmo antes da regulamentação, que vai acontecer só em 1962”, esclarece Batista.
Esses espaços se concretizaram por conta de conexões entre instituições de ensino italianas e brasileiras e expressaram a atuação de intelectuais católicos empenhados em desenvolver projetos de psicologia científica. Em função disso, a pesquisa permite compreender a relação que a Igreja Católica mantinha com a psicologia na época.
A pesquisa do professor Rodolfo Batista, bem como a conquista do prêmio, confirmam o valor da interdisciplinaridade na universidade e a relevância do diálogo entre a psicologia e a educação na produção científica.
Sobre o Congresso
A Sociedade Interamericana de Psicologia é uma entidade acadêmico-profissional de âmbito internacional com mais de setenta anos de existência. Seu objetivo principal é contribuir na colaboração e no conhecimento da área da psicologia, através de questões relevantes para a região.
Em 2025, o Grupo de Trabalho em História da Psicologia da SIP entrega três prêmios no Congresso Interamericano de Psicologia, sendo eles o Prêmio José Ingenieros, destinado a pesquisadores cujas obras são relevantes para a História da Psicologia; o Prêmio Manoel Bomfim, para iniciativas de divulgação científica em História da Psicologia; e o Prêmio Mercedes Rodrigo-Bellido, para o melhor trabalho sobre temas de História da Psicologia realizado por estudantes (de graduação e pós-graduação) nos últimos cinco anos.
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