A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebe, entre os dias 19 e 22 de maio, a Semana Africana, evento que celebra o Dia da África, comemorado oficialmente em 25 de maio. A programação contará com palestras, workshops, mesas-redondas e apresentações culturais, realizadas no anfiteatro das pró-reitorias da UFJF e no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM). O evento é gratuito e aberto ao público, não sendo necessária a inscrição antecipada. Porém, os interessados em obter um certificado de participação devem se inscrever através de um formulário online. 

Com o tema “Conhecimento e Cultura Africana: das dinâmicas que formam as diversas identidades no continente”, a Semana Africana faz parte do calendário oficial do município e busca promover reflexões sobre a diversidade cultural, política e histórica dos povos africanos e afrodescendentes.

A iniciativa é organizada pela Associação dos Africanos de Juiz de Fora (Aafros-JF), que contam com estudantes da graduação e da pós-graduação da UFJF, vindos de países como Angola, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, Benim, Cabo Verde, Burundi, Senegal e Brasil. A proposta do evento é valorizar o papel da África e de sua diáspora, oferecendo ao público um espaço de diálogo, escuta e troca de saberes. 

Para o estudante de Arquitetura e Urbanismo da UFJF e um dos integrantes da comissão organizadora do evento, Sérgio Aseko Edú Medji, o evento é profundamente necessário e transformador e vai muito além de uma celebração cultural. Para ele, trata-se de um espaço de construção de conhecimento, afirmação de identidades e combate à desinformação sobre o continente africano. “Num mundo onde a África ainda é, muitas vezes, retratada de forma única, reduzida ou estigmatizada, esse evento propõe um caminho inverso: valoriza a complexidade, a diversidade e a riqueza de seus povos, línguas, tradições e histórias. Ele convida o público a pensar criticamente sobre as dinâmicas que moldam as identidades africanas, rompendo com a ideia de uma África homogênea.”

Ainda segundo Sérgio, o fato de o evento acontecer de forma contínua ao longo dos anos, mostra o compromisso com uma educação antirracista, descolonizadora e baseada em escuta ativa. Ele oferece um espaço vital para que afrodescendentes, estudantes, pesquisadores e o público em geral possam se reconectar com suas raízes ou ampliar sua visão de mundo com base em respeito, profundidade e troca cultural. “O evento dá visibilidade à produção intelectual e artística africana, cria pontes entre África e diáspora, e fortalece o papel de Juiz de Fora como um território aberto à diversidade e à transformação social por meio da cultura e da educação.”

Programação

A programação conta com mesas-redondas, conferências, workshops e apresentações culturais. Entre os assuntos debatidos estão o efeito da diáspora africana na construção de identidades fora do continente; o papel da mulher negra no pan africanismo e na diáspora; e a batalha africana pela independência e contra o neocolonialismo atual. A Semana reúne especialistas, docentes, líderes culturais e representantes de diversas nacionalidades, incentivando a troca de conhecimento e o estreitamento das relações entre África, Brasil e a diáspora.

A abertura oficial ocorre na segunda-feira, 19, às 14h, no CCBM, marcando o início de uma semana de intensa troca de conhecimentos e experiências entre convidados de diversas nacionalidades, docentes, pesquisadores e lideranças culturais.

Na terça-feira, 20 de maio, às 17h, também no CCBM, será realizada a palestra “O impacto sócio-histórico e cultural da diáspora africana na formação da identidade africana fora do continente”. O debate contará com a presença dos professores Julvan de Oliveira, Mariana Gino e da mestre Nanny Henao, que abordarão as consequências da diáspora africana na construção de identidades negras fora do continente.

No dia seguinte, quarta-feira, 21, às 17h, o CCBM sedia a mesa de discussão “A mulher negra no pan-africanismo e na diáspora: resistência, identidade e luta pela igualdade”, com participação da mestre Giane de Almeida, da doutora Giovana de Carvalho Castro e da advogada Esperança Cassule. A conversa propõe uma análise crítica sobre o protagonismo das mulheres negras nos processos de resistência e articulação política, tanto na África quanto nas Américas.

A programação segue na quinta-feira, 22, às 17h, no auditório das pró-reitorias da UFJF, com a palestra “A luta da África pela independência e contra a exploração no contexto contemporâneo: uma análise panafricanista”, ministrada pela professora doutora Fernanda do Nascimento Thomaz. 

Dia da África

Entre as décadas de 1940 e 1950, estudantes africanos se reuniram para pensar uma forma de conseguir a independência em seus países diante do imperialismo europeu. Em 25 de maio de 1963, foi criada a Organização da Unidade Africana (OUA), na cidade de Addis Abeba, na Etiópia, com o propósito de defender os países colonizados. Outros objetivos dos ativistas eram lutar contra o colonialismo e o neocolonialismo, trabalhar pela promoção da paz e pela solidariedade entre os países africanos.

No ano de 1973, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o dia 25 de maio como o Dia Internacional da África. Já em 9 de julho de 2002, a Organização da Unidade Africana (OUA) passou a se chamar União Africana. A entidade é composta por 55 países e promove a integração entre os países africanos em diversos aspectos.

Confira a programação:

19 de maio (segunda-feira), às 14h
Abertura Oficial
Local: Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM)

20 de maio (terça-feira), às 17h
Palestra – O impacto sócio-histórico e cultural da diáspora africana na formação da identidade africana fora do continente 
Convidados: Prof. Dr. Julvan Moreira de Oliveira, Profa. Dra. Mariana Gino, Ma. Nanny Zuluaga Henao
Local: Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM)

21 de maio (quarta-feira), às 17h
Palestra – A mulher negra no pan-africanismo e na diáspora: resistência, identidade e luta pela igualdade
Convidadas: Ma. Giane de Almeida, Dra. Giovana de Carvalho Castro, Adv. Esperança Cassule
Local: Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM)

22 de maio (quinta-feira), às 17h
Palestra – A luta da África pela “independência” e contra a exploração no contexto contemporâneo: uma análise panafricanista 
Palestrante: Profa. Dra. Fernanda do Nascimento Thomaz
Local: Auditório das pró-reitorias da UFJF

Outras informações: @legadoculturalafricanojf

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