Pesquisa desenvolvida no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), acaba de ser reconhecida como o melhor estudo clínico no Congresso Brasileiro de Ortopedia, realizado no último mês de novembro, na cidade do Rio de Janeiro.
O trabalho, intitulado “BRICS Trial – ensaio clínico multicêntrico para o tratamento da fratura da diáfise da clavícula”, também já havia recebido o prêmio de melhor tema livre no Congresso Mineiro de Ortopedia e no Congresso Brasileiro de Cirurgia do Ombro e Cotovelo. Por meio da técnica inovadora, é possível operar pacientes com fratura da clavícula de uma forma menos invasiva, proporcionando uma recuperação mais rápida e tranquila. Dessa forma, a novidade promove benefícios para pacientes e para o Sistema único de Saúde (SUS).
O pesquisador responsável é o médico ortopedista do HU-UFJF e professor da Faculdade de Medicina da UFJF, Adriano Mendes Júnior. A ideia da pesquisa aconteceu após defesa de dissertação de mestrado, em 2019, que abordou o novo método, criado conjuntamente com o Serviço de Ortopedia do HU-UFJF. Trata-se de uma nova técnica para tratamento de fratura desviada da clavícula, um problema muito comum no atendimento em prontos-socorros no Brasil, a partir de duas pequenas incisões e utilização de aparato do SUS, como implante e radioscopia.
“Foi sugerido que o estudo deveria avaliar se a técnica criada era melhor do que a tradicionalmente realizada, uma fixação com placa e parafusos, utilizando grande incisão e resultados estéticos questionáveis”, explica o professor. Com isso, há menos complicações e reoperações, proporcionando o bom resultado da cirurgia e diminuindo os custos de tratamento. A cirurgia já vem sendo realizada no Hospital Universitário.
Os resultados obtidos são resultado de um trabalho realizado em parceria com outros 11 hospitais da região Sudeste, entre eles o Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ), também de Juiz de Fora, o Hospital de Ciências Médicas, de Belo Horizonte, os hospitais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Hospital Santa Marcelina, também de São Paulo, e o Hospital da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A maior dificuldade para a pesquisa seria realizá-la em somente um hospital, mas, a convite da Unifesp (para uma tese de doutorado sobre o tema), uma rede de hospitais parceiros foi disponibilizada para que nestes hospitais fossem realizadas as cirurgias.
De dezembro de 2019 a junho de 2024, foram realizadas inúmeras reuniões para construção de um protocolo de estudo, bem como o acompanhamento das rotinas das equipes de ortopedia responsáveis pelas cirurgias. Ao todo, 190 participantes foram operados nestes hospitais, sendo acompanhados pela equipe. A técnica inovadora mostrou-se superior, conforme se acreditava, comparada à tradicional, com menos complicações e menos reoperações dos pacientes.
Para o ensino e a pesquisa, o estudo é inédito em nível internacional na temática de tratamento de fraturas da clavícula no modelo realizado, o chamado ensaio clínico pragmático, ressalta o pesquisador. Nele, comparamos tratamentos consagrados e avaliamos qual é o melhor, em consultas que são do dia a dia do médico, sem necessidade de financiamento extra para isso. “Há benefício para a população e para o gestor. Além disso, foi um estudo inédito na área cirúrgica geral e da ortopedia no Brasil e no SUS, na metodologia de se fazer cirurgias em vários hospitais (chamado estudo multicêntrico)”, reforça.
“Como a fratura de clavícula é uma fratura cada vez mais frequente, devido ao número cada vez mais elevado de acidentes de trânsito, estes ganhos para a população e para o gestor de saúde são fundamentais”, finaliza Mendes Júnior.
Sobre a Ebserh
O HU-UFJF faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do SUS ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.