Um assunto que hoje mobiliza não só a academia e profissionais, mas aqueles que optaram por uma vida mais saudável: nutrição esportiva. O anfiteatro do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) esteve lotado na sexta-feira e no sábado, 23 e 24, de pessoas interessadas em ouvir pesquisadores, profissionais de destaque na área e o atleta olímpico Luiz Maurício da Silva, integrante da equipe brasileira nos Jogos de Paris 2024, finalista no lançamento de dardo.
O I Simpósio de Nutrição e Esportes da UFJF foi organizado pelo Grupo de Educação Tutorial em Nutrição (GET) e, segundo o professor coordenador, Marcos Vidal, buscou atender uma grande demanda de alunos, graduandos e pós-graduandos, por aprofundamento no assunto, já que a faculdade não oferece muitas disciplinas voltadas para nutrição esportiva. “O fato de estarmos em um ano olímpico também ajudou no interesse do público”.
Quem acompanha o atleta Luiz Maurício, hoje com 24 anos, 1,93m e 103 quilos, viu a transformação do seu corpo durante a carreira. Para ele, a nutrição sempre teve uma importância fundamental desde o início da prática esportiva e não foi uma dificuldade. “Foram anos fazendo isso, já faz parte da minha vida. É difícil quando dorme e não toma creatina, ficou na rotina.” A alimentação do atleta não muda muito mesmo perto das competições, os ajustes feitos antes das provas estão mais relacionados à suplementação, como a cafeína, que foi incluída mais recentemente, melhorando a performance.
Como os treinos de Luiz são bastante desgastantes – ele pode chegar a perder dois quilos em um treino – a preocupação de seu nutricionista Dhiego Torga muitas vezes é de incrementar a dieta, incluindo açaí, por exemplo, ou outras fontes de energia. Torga já era graduado em Educação Física e entrou no curso de Nutrição, em 2014, quando por meio do Centro Regional de Iniciação ao Atletismo (Cria) conheceu Luiz Maurício, que até então era apenas uma promessa no esporte. Conheça a trajetória de Luiz Maurício na UFJF.
Torga explica que a área da nutrição social é um importante campo de atuação possibilitado pelo Cria, pois os jovens atletas são orientados sobre segurança alimentar, hábitos saudáveis, ingestão adequada de proteína e nutrientes, etc.
Além de Luiz Maurício, atualmente 3º Sargento do Exército, a programação do evento contou com a nutricionista da equipe do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) Gisele de Paiva Lemos, que falou sobre a especificidades da nutrição e da suplementação em atletas de alto rendimento; com o professor da Faculdade de Medicina da UFJF Adriano Fernando Mendes Júnior, especialista em lesões e cirurgias relacionadas a traumas no esporte; com o professor e nutricionista do Volta Redonda Futebol Clube, Elton Bicalho de Souza, entre outros nomes.
O médico Adriano Mendes Júnior usou casos clássicos de Ronaldo e Neymar para falar sobre lesões no esporte, bastante frequentes. Geralmente, elas são proporcionais a energia aplicada naquele movimento e ligadas à repetição do gesto. Então, skatistas estão mais propensos a torções de tornozelos enquanto jogadores de futebol a lesões na coxa, panturrilha ou no joelho. E, uma vez lesionado, aquele músculo tem dez vezes mais chances de lesionar novamente, explica o professor, elucidando porque muitas vezes grandes jogadores não conseguem se recuperar totalmente.
No que diz respeito à prevenção dessas lesões, não há solução simples. Estratégias interessantes foram compartilhadas com a plateia, que por sua vez tirou as dúvidas sobre traumas em esportes populares entre amadores como corrida, futebol, skate e crossfit. Para o professor, é sempre importante uma equipe de acompanhamento multidisciplinar, formada por nutricionistas, fisioterapeutas e médicos, trabalhando pela proteção do atleta.
O acompanhamento de perto é justamente o trabalho do nutricionista Elton de Souza, do time de futebol Volta Redonda, que acaba de subir para a série B do Campeonato Brasileiro. É ele quem garante a qualidade nutricional do que é oferecido aos atletas, monitora a hidratação, as porções dos alimentos e “pega no pé” também sobre o sono, grande aliado na performance.
Jogadores de futebol chegam a perder quatro quilos em uma partida, muito em função da desidratação, que pode inclusive se agravar em determinadas condições de clima e umidade. Essa é uma das principais preocupações do nutricionista, que também usa de outras estratégias para fazer o jogador se alimentar bem: “Quando é casado, é só falar com a esposa”, brincou, reforçando que o corpo do atleta é seu instrumento de trabalho, e deve ter consciência disso.
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