Atualizada em 14/11/2024 às 11h55
Mais de mil estudantes de 41 cursos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) colaram grau na segunda e terça-feira, 11 e 12, em quatro cerimônias realizadas no Cine-Theatro Central. As colações contaram com momentos de emoção e muito sentimento de realização por parte dos formandos e seus familiares. As fotos do evento estarão disponíveis em breve.
A reitora da UFJF, Girlene Alves, além de agradecer aos estudantes e familiares por terem escolhido a instituição, enfatizou a importância de cada estudante manter o compromisso de lutar pela educação pública, qualitativa e inclusiva.
“Que a educação pública e o acesso ao ensino superior no Brasil não sejam privilégio, mas direito de todos os jovens nesse país, que ainda é muito desigual. A Universidade buscou contribuir com o que nós entendemos que era possível. Muitos de vocês enfrentaram a pandemia e saíram com sequelas. Enfrentamos um desafio nesse país onde todos nós tivemos que nos reinventar. Mas vencemos juntos e esperamos que vocês contribuam para que a gente tenha mais estudantes na educação pública brasileira. Desejamos muito sucesso a todos.”
Um dos pontos altos da cerimônia foi o discurso em Língua Brasileira de Sinais (Libras) feito pela estudante surda Thaís Monteiro. Ela se tornou a primeira oradora a realizar um discurso em língua de sinais. Thaís se graduou no curso de Letras-Libras e enfatizou em sua mensagem aos presentes sobre o acolhimento dado pela instituição às pessoas com deficiência (PCDs). “Quero agradecer a todos vocês profissionais envolvidos que nos deram essa segurança, o direito linguístico a todos os surdos. Posso dizer que não houve exclusão. Vocês não me deixaram sozinha em momento algum. Continuaremos estudando e batalhando pelo nosso Brasil, porque nós somos os protagonistas de nossas histórias”.
Thaís entrou na UFJF por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e destaca que o caminho até a Universidade não foi nada fácil. Desde criança, encontrou dificuldades nos estudos, pois, mesmo em escolas particulares, não pôde contar com a ajuda de profissionais capacitados para o ensino em Libras. Justamente por isso, hoje Thaís tem o sonho de seguir na carreira docente.
A UFJF conta com o Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI), órgão essencial para auxiliar os discentes com deficiências e possibilitar a integração plena desses estudantes. “A equipe do NAI me aconselhou durante todo o tempo. Sempre me tratando com muito respeito, muita paciência e boa vontade. A trajetória acadêmica não foi fácil, mas com essa ajuda consegui alcançar os meus objetivos”.
O ensino que ultrapassa fronteiras
Além de alunos brasileiros, o evento contou com a presença de estudantes de outras três nacionalidades. Discentes que vieram de países como Alemanha, Peru e Benin estão entre os graduandos que celebraram a conclusão de suas jornadas acadêmicas. Para homenageá-los, houve a execução dos hinos nacionais de seus países.
Natural do Peru, Renzo Ventura se formou em Arquitetura e Urbanismo por meio do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G). Ele teve o incentivo do irmão para vir ao Brasil e teve no programa a oportunidade de realizar seu sonho conhecer outras culturas. Ele espera seguir no mestrado, e continuar crescendo. “Poder chegar aqui, poder me conectar nessa cultura nova que me proporcionou outro campo de visão e uma outra perspectiva”.
Chryslene Adetonah é de Benin, na África, e também se formou pela UFJF vinda pelo PEC-G. Ela relata os desafios de sair de sua terra natal e para estudar em outro continente. “Tive muita dificuldade para me adaptar ao português, mas depois de um tempo consegui me adaptar ao país e à cultura. Aqui na UFJF, eu tive a oportunidade conhecer outras pessoas que foram fundamentais na minha formação acadêmica. Daqui para frente, tenho como objetivo fazer um mestrado”.
Sonho alcançado e a busca pelos próximos objetivos
Aos 52 anos, Elis Regina de Lima terminou a sua segunda graduação e esteve entre os estudantes que colaram grau. Em 2006, Elis concluiu o curso de Arquitetura e Urbanismo também pela UFJF, e agora concluiu a graduação em Ciências da Religião. Ela menciona que apesar da diferença de idade entre a primeira vez que ela frequentou a Universidade e atualmente, não houve nenhuma dificuldade para acompanhar o ritmo universitário e de estudo dos alunos mais jovens.
“A Elis que frequentou a UFJF de 2001 à 2006 e a Elis que está se formando agora em 2024 são muito diferentes. Durante essas duas fases da minha vida, meu comportamento dentro da Universidade mudou. Sou uma pessoa mais renovada e aberta às oportunidades. A UFJF é um lugar de acolhimento, e me proporcionou a oportunidade de trabalhar e viver a diversidade. A UFJF é minha casa.”
Confira as fotos das cerimônias de Colação de Grau (álbuns em construção):