O violeiro Fabrício Conde, renomado incentivador da cultura popular brasileira, inicia a programação do 35º Festival de Música Colonial Brasileira e música Antiga neste sábado, 9. O músico se apresenta a partir das 10h, no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Às 15h, é a vez de o Coral Pró-Música envolver o público na Galeria do Museu Mariano Procópio com canções que marcaram a Era de Ouro do Rádio. Para encerrar o dia, o Coral da UFJF homenageia Chico Buarque com uma apresentação no Cine-Theatro Central, a partir das 20h. Todos os eventos têm entrada franca.

“Construção”

Em “Construção”, novo espetáculo do Coral da UFJF, grupo entoa canções de Chico Buarque (Foto: Divulgação)

Há 58 anos, o Coral da UFJF entoa um repertório que vai do popular ao erudito, do sacro ao folclórico, sempre levando em conta o apreço e a dedicação à Música Popular Brasileira (MPB). Nesta edição do Festival, o grupo destaca a importância do cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda na cultura nacional. Além de ser um artista renomado, Buarque promove uma perspectiva crítica e decolonial que contrasta com a visão tradicional e eurocêntrica atribuída à música colonial.

Em seu novo espetáculo, chamado “Construção”, o Coral homenageia o artista que iniciou sua carreira em 1964, com a gravação da canção “Marcha para o sol”, e tem importantes obras que exaltam a diversidade cultural do Brasil e a herança nacional. A observação sobre questões sociais do país também é uma característica marcante na obra de Chico, a exemplo da canção “Sinhá” (2011), escrita em parceria com João Bosco. Na canção os artistas levam o ouvinte a se compadecer com o sofrimento de um escravo que se vê prestes a ser punido pelo senhor de engenho.

Para a analista musical Ana Letícia Macedo (Ana Sukita), que está à frente do Coral, a presença do grupo no Festival deve ser celebrada. “Estar entre as atrações de um festival da magnitude do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga não é só motivo de orgulho para o grupo, uma vez que reafirma o reconhecimento de nossa relevância para a cena musical de Juiz de Fora e de todo o país, como também uma incrível oportunidade de apresentarmos nosso trabalho para um novo público, o que possibilita um intercâmbio de vivências extraordinário”, reflete.

“No contexto do festival de música colonial, a presença de Chico Buarque seria extremamente relevante, pois ele traz uma perspectiva crítica e decolonial que contrasta com a visão tradicional e eurocêntrica da música colonial”, acrescenta.

Coral Pró-Música celebra a “Era do Rádio”

Grupo regido pelo maestro Victor Cassemiro é formado por 40 coralistas (Foto: Matheus Carneiro)

A fim de encher a galeria do Museu Mariano Procópio de nostalgia, emoção e com canções que ultrapassam gerações, o Coral Pró-Música performa sucessos marcantes da “Era do Rádio”, rico período da MPB que revelou nomes como Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha e Carmem Miranda.

Sob regência do maestro Victor Cassemiro, os 40 coralistas interpretam canções emblemáticas do período de 1920 a 1940, como “Carinhoso” (1916), de Pixinguinha. O grupo também apresenta músicas posteriores que também se destacaram na história do Rádio, como “Roda Viva” (1964), de Chico Buarque, nomeada pela revista Rolling Stone Brasil como a vigésima sexta maior música brasileira de todos os tempos.

Viola caipira

Fabrício Conde evoca em suas músicas, os povos do continente africano e de tribos indígenas brasileiras (Foto: Divulgação)

No seu segundo dia de participação no Festival, o violeiro juiz-forano Fabrício Conde interpreta músicas autorais que fazem referência a povos do continente africano e de tribos indígenas do Brasil, como “Nos Quintais de Luanda” (2018), “Jassanã” (2024) e “Três Dervixes” (2024).

Há mais de 20 anos se dedicando ao estudo da música e da cultura popular do Brasil, Conde é um dos vencedores do 14° Prêmio BDMG de Música, tradicional concurso de valorização à produção musical mineira. Ele também figura entre os artistas cujas canções fazem parte de programa radiofônico da BBC de Londres e na TV Afro Music, da Espanha.

Como artista apreciador da cultura latino-americana, o violeiro apresenta reconhecido domínio técnico de diversos instrumentos, entre eles o cuatro venezuelano, o tambor onça, o violão e o piano, sendo a tradicional viola caipira a protagonista da sua participação no Festival.

Serviço

Dia 9 de novembro:

⦁ 10h: Fabricio Conde, no Jardim Botânico da UFJF (Rua Coronel Almeida Novais, 246 – bairro Santa Terezinha);

⦁ 15h: Recortes de “Era de Ouro do Rádio” – Coral Pró-Música, na galeria do Museu Mariano Procópio (Rua Mariano Procópio, 1100 ou Rua Dom Pedro II, 350; bairro Mariano Procópio);

⦁ 20h: “Construção – Uma homenagem a Chico Buarque” – Coral da UFJF, no Cine-Theatro Central (Praça João Pessoa, S/N – Centro).

Entrada gratuita.

Outras informações:

(32) 2102-3964 – Pró-reitoria de Cultura (Procult).

Página @festivaldemusicajf no Instagram.