A ópera “Uma noite no castelo” abre o 35º Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, no palco do Cine-Theatro Central. A apresentação acontece nesta sexta-feira, 1º de novembro, às 20h, com a Orquestra Acadêmica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), sob a regência do maestro Victor Cassemiro. O espetáculo também conta com a presença de instrumentistas da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Banda de Música do 10º Batalhão de Infantaria Leve de Montanha. A entrada é franca, como em toda a programação do evento. O Festival acontece de 1º a 13 de novembro.
“Uma noite no castelo” é uma obra composta pelo brasileiro Henrique Alves de Mesquita (1830-1906), com base no libreto do francês Paul de Kock (1794-1871). A ópera é a primeira obra do tipo encenada por Cassemiro.
Antes da apresentação, o maestro concederá uma palestra sobre a gênese e a trama da montagem, às 19h. No mesmo dia, às 18, nas escadarias do Central, acontece uma Roda de Choro com o grupo Chora Efe, um coletivo local dedicado à prática e a aprendizagem dessa linguagem musical.
Uma conquista grandiosa
Cassemiro explica que “Uma noite no castelo” é uma obra que proporcionou grande sucesso ao seu compositor, tendo sido criada no estilo opéra-comique. Alves de Mesquita, o cultuado artista negro que se transformou em um dos principais nomes da ópera, inclusive no exterior, mostra, por meio de sua obra, a razão de ser o primeiro aluno do Conservatório de Música do Rio de Janeiro a completar seus estudos em Paris, onde teve altos e baixos até retornar ao Brasil e chega a cunhar o termo Tango Brasileiro com seu choro elaborado.
“Uma noite no castelo” estreou em 1870, no Teatro Lírico Francês, antigo Teatro Alcazar do Rio de Janeiro, tendo sido aclamada pela crítica. “O ‘Diário do Rio de Janeiro’, jornal de então, publicou que Mesquita foi ovacionado e condecorado como um dos mais engenhosos compositores nacionais. Considerou a música bela, fresca, original e digna de todo respeito e louvor”, relata Cassemiro, que fez do compositor o personagem tema de sua dissertação de mestrado na UFRJ. “Assim, apresentar essa ópera em Juiz de Fora é, para mim, uma conquista gigantesca”.
A trama se dá em um castelo francês, para onde o Conde, que esbanjava sua fortuna em Paris, retorna a fim de cumprir o último desejo de sua mãe: pagar o dote do casamento de Colette, uma bela aldeã querida pela condessa. Jerôme, o marido de Colette, não está presente e Mathurine, mãe de Colette, coloca Alain, primo da jovem, para fingir ser o marido. Os aldeões ajudam a enganar o Conde. Jerôme retorna e aceita se passar pelo primo para receber o dote. O clímax ocorre quando Dubois ouve uma conversa entre o verdadeiro casal e, confundido, acredita que Colette está traindo Alain com Jerôme. Ele então convence o Conde, que estava se apaixonando por Colette, a vingar a suposta traição.
Estrelado por Tamara Medeiros como Collete e por Alexandre Pereira como Conde, o espetáculo conta também com Elmir Santos interpretando Jerôme, Tâmara Lessa como Mathurine, Josuan Vicenzi no papel de Alain e Caiho Carrara vivendo Dubois. Como ajudantes do Conde estão Pedro Henrique Reis e Diego Araujo. A direção cênica e a iluminação estão a cargo de Marcos Marinho, com cenários e figurinos aos cuidados de Fernanda Cruzick. A Orquestra Acadêmica se apresenta sob a regência e a direção musical de Victor Cassemiro, sendo coordenadores os professores Raquel Rohr e Eliezer Izidoro, ambos do curso de Música da UFJF.
Roda de Choro
O Coletivo Chora Efe chega às escadarias do Central às 18h do dia 1º de novembro, com um repertório de composições de autores consagrados no gênero, como Ernesto Nazareth, Waldir Azevedo, entre outros, incluindo a obra “Batuque”, icônica composição de Henrique Alves de Mesquita. Para execução das músicas, o grupo utiliza violão, violão sete cordas, cavaquinho, bandolim, baixo, guitarra, clarinete, flauta, saxofone, sanfona, pandeiro e ainda o agbê, instrumento de percussão originário da África.
O Chora Efe realiza rodas e oficinas voltadas para a prática e a aprendizagem da linguagem do Choro. Nesse formato, o grupo torna possível a prática em conjunto desse gênero musical tão importante para a história da Música Brasileira e para músicos que tenham interesse em conhecer e praticar o Choro. Além disso, tem o intuito de levar esse estilo musical para novos públicos, de todas as idades.
Cassemiro conta que a ideia de trazer uma roda de choro para anteceder a ópera, especialmente nas escadarias do prédio, se dá pelo fato de Alves de Mesquita ser considerado um dos pioneiros na formação do choro, um dos gêneros mais populares da Música Popular Brasileira. “Sua influência acontece principalmente por conta da união de elementos da música europeia, com ritmos populares e afro-brasileiros, se tornando uma base sólida para o desenvolvimento do choro como um estilo musical”, explica.
Serviço
Dia 1º de novembro
18h: Coletivo Chora Efe nas escadarias do Central (Praça João Pessoa, S/N)
20h: “Uma noite no castelo” com a Orquestra Acadêmica da UFJF, sob direção de Victor Cassemiro. No Cine-Theatro Central (Praça João Pessoa, S/N)
Entrada franca