Sementes serão plantadas em viveiro do Jardim Botânico e transferidas para pontos do local e da Fazenda Experimental da UFJF (Foto: Helcio Laval)

O Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebeu, nesta última terça-feira, 24, mais de 1,3 kg de  sementes de seis espécies de árvores da Mata Atlântica, incluindo três exemplares ameaçados de extinção. O envio foi realizado pelo Jardim Botânico Municipal de Bauru (São Paulo), em decorrência de parceria com a instituição Botanic Gardens Conservation International (BGCI), do Reino Unido, e a Aliança Brasileira de Jardins Botânicos. 

As espécies recebidas são de jequitibá-branco (Cariniana Estrellensis), considerada a maior árvore da Mata Atlântica; cedro-rosa (Cedrela fissilis); ipê-tabaco (Zeyheria Tuberculosa); pau-marfim (Balfourodendron riedelianum); tingui (Magonia Pubescens) e olho-de-cabra (Ormosia arborea). 

Essas sementes são “fundamentais para ações de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas”, afirma o diretor do Jardim Botânico, Breno Moreira. Por estarem adaptadas às condições climáticas e ao solo, as sementes recebidas são mais resistentes a pragas e doenças.

Após serem cultivadas em viveiros, onde poderão germinar e crescer, as mudas serão plantadas em locais estratégicos do Jardim e da Fazenda Experimental da UFJF, localizada no Bairro Chapéu D’Uvas, em Juiz de Fora. 

O projeto incluirá atividades de educação ambiental com a comunidade local para conscientizar sobre a importância da biodiversidade e do reflorestamento. Moreira pontua que além de restaurar ecossistemas, a ação pode “engajar as pessoas na proteção do meio ambiente, promovendo um ciclo sustentável de conhecimento e ação”.

Abrigo, vida e sombra
As árvores oferecem habitat e alimento para a fauna regional, ajudam a preservar a cultura local e o patrimônio genético, promovem o sequestro de carbono, combatendo mudanças climáticas, e desempenham papel crucial na conservação de recursos hídricos e na proteção do solo. Conheça mais sobre cada uma das espécies recebidas:

Cedro-rosa (Cedrela fissilis)

Cedro-rosa, Cedrela fissilis (Foto: João A. Bagatini)

A Cedrela fissilis, conhecida como cedro-rosa, é uma espécie amplamente distribuída em todo o Brasil, sendo mais frequente nas regiões Sul e Sudeste do país. Prefere solos argilosos, úmidos e profundos e pode atingir até 40 metros de altura na idade adulta. O cedro-rosa está incluído na lista de  plantas vulneráveis à extinção do Ministério do Meio Ambiente.
Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN): Vulnerável à extinção (primeiro grau da categoria de ameaçadas de extinção)

Jequitibá-branco (Cariniana Estrellensis)
A Cariniana Estrellensis, ou jequitibá-branco, é considerada a maior árvore da Mata Atlântica, sendo amplamente distribuída no leste do Brasil. A espécie pode atingir mais de 30 metros de altura e 4 metros de diâmetro. Sem a exploração humana, pode viver por mais de 500 anos. Não está incluída em listas do Ministério do Meio Ambiente e da IUCN.

Olho-de-cabra (Ormosia arborea)
Árvores de até 15 metros de altura, ocorrendo em floresta semidecidual e ombrófila densa na Mata Atlântica. Suas sementes são arredondadas e bicolores (vermelhas com manchas pretas), usadas na produção de bijuterias.
Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN): situação pouco preocupante (categoria de risco mais baixo, é abundante)

Ipê-tabaco (Zeyheria Tuberculosa)
O fruto dessa espécie assemelha-se a uma bolsa de pastor ou a um bucho de boi, daí ser também chamada de bucho-de-boi. Pode atingir até 35 metros de altura. É encontrada naturalmente no Brasil e na Bolívia. Está na lista de plantas ameaçadas de extinção no Paraná, na categoria rara.
Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN): Vulnerável à extinção (categoria de ameaça)

Pau-marfim (Balfourodendron riedelianum)

Pau-marfim, Balfourodendron riedelianum (Foto: Daniel Grasel)

Espécie arbórea de grande porte, não endêmica do Brasil, ocorrendo no país nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Cresce de 15 a 35 metros em altura.  O pau-marfim é uma espécie considerada rara na Lista Vermelha da Flora do Paraná.
Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN): em perigo de extinção (segunda categoria de ameaçada de extinção)

Tingui (Magonia Pubescens)
Encontrada na Mata Atlântica e até na Caatinga, o tingui é comum no Cerrado mato-grossense, a Magonia Pubescens pode atingir 16 metros de altura. Suas flores possuem perfume agradável. Na medicina caseira, suas sementes são usadas como antissépticas. Possui também partes com alta toxicidade por conter saponina, substância química com ação semelhante a detergentes.
Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN): situação pouco preocupante (categoria de risco mais baixo, considerada abundante)

Fontes: Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Brasileira, Embrapa Florestas, Centro Nacional de Conservação da Flora e União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais

Trabalho colaborativo

Breno Moreira, diretor do Jardim Botânico UFJF (Foto: Twin Alvarenga/UFJF)

Ações em rede potencializam esforços de conservação e educação ambientais, conforme diretor do Jardim, Breno Moreira (Foto: Twin Alvarenga/UFJF)

A chegada de sementes para o Jardim ocorre devido à parceria com outras instituições. “O trabalho em rede e cooperativo entre jardins botânicos é essencial para a troca de conhecimentos, experiências e recursos, potencializando esforços em conservação e educação ambiental”, ressalta Breno Moreira. 

Essa colaboração permite que projetos de reflorestamento e recuperação de ecossistemas sejam mais eficazes, unindo expertise e tecnologias de diferentes instituições. O Jardim Botânico UFJF, com sua rica biodiversidade e foco na Mata Atlântica, é um ator crucial nesse cenário, contribuindo com suas práticas inovadoras e pesquisas. “Ele serve como um hub para capacitação e intercâmbio, envolvendo acadêmicos  e a comunidade”, afirma Moreira. 

A Aliança Brasileira de Jardins Botânicos, em colaboração com o Botanic Gardens Conservation International (BGCI), realiza uma série de iniciativas voltadas à conservação da biodiversidade e ao fortalecimento dos jardins botânicos no Brasil. Essas instituições promovem a troca de informações, melhores práticas e recursos, facilitando a implementação de programas de pesquisa e educação ambiental. 

Entre as atividades destacam-se a catalogação e conservação de espécies nativas, além de projetos de reflorestamento e restauração de ecossistemas. A aliança também organiza eventos, como congressos e workshops, que visam capacitar profissionais e sensibilizar o público sobre a importância dos jardins botânicos. 

O trabalho conjunto visa aumentar a visibilidade dos jardins botânicos como centros de pesquisa e conservação, contribuindo significativamente para a preservação da flora brasileira.

O Jardim Botânico da UFJF já teve projeto aprovado na BGCI, em parceria com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para implantação de cactário e capacitação de pessoal. 

Outras informações:
Jardim Botânico da UFJF 
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