Conferência Internacional em Energia Elétrica (2024 IINCEE) segue programação até esta sexta-feira, 30, com atividades presenciais no Centro de Ciências da UFJF (Foto: Carolina de Paula)

O Brasil desfruta de uma posição privilegiada em relação à sua matriz elétrica, com cerca de 90% da energia elétrica gerada a partir de fontes renováveis, principalmente hidrelétricas. Nos últimos anos, as energias eólica e solar têm contribuído de maneira crescente para essa matriz. Já a média mundial é inferior a 30%, conforme destacado por Rodrigo Limp Nascimento, vice-presidente Executivo de Regulação, Institucional e Mercado da Eletrobras e ex-aluno da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). 

A informação foi compartilhada na abertura da Conferência Internacional em Energia Elétrica (2024 IINCEE), que tem como temática a transição energética, um desafio global em busca de um futuro mais sustentável. O evento, que também celebra os 110 anos da Faculdade de Engenharia da UFJF, ocorre no Centro de Ciências até esta sexta-feira, dia 30. Veja a programação.

Segundo vice-presidente da Eletrobras, Rodrigo Limp, capacidade instalada da matriz elétrica brasileira aumentou em 9% em 2023, com destaque para a expansão da energia eólica e solar (Foto: Carolina de Paula)

Limp ressaltou que a matriz energética brasileira, embora predominantemente composta por hidrelétricas, que representam mais de 50% da capacidade total, tem visto uma diminuição dessa participação ao longo dos anos. A energia térmica ainda desempenha um papel importante, enquanto a energia nuclear se mantém estável. As obras da usina nuclear de Angra 3, retomadas, em 2022, estão cerca de 70% concluídas, mas a decisão sobre seu progresso está sendo analisada pelo Comitê Nacional de Política Energética.

Entre 2022 e 2023, a capacidade instalada da matriz elétrica brasileira aumentou em 9%, adicionando quase 20 gigawatts, com destaque para a expansão da energia eólica e solar, incluindo um crescimento significativo da geração distribuída. Embora essa expansão traga benefícios em termos de sustentabilidade, também apresenta desafios, especialmente para o Operador Nacional do Sistema, que deve gerenciar a integração dessas novas fontes de energia.

A transição energética no Brasil pode ser considerada um processo contínuo, iniciado décadas atrás com a ênfase em hidrelétricas. Esse cenário é distinto da dependência de combustíveis fósseis observada em muitos outros países. 

O Brasil já incorporou o conceito de transição energética e produção sustentável em seu “DNA”, e o desafio atual é avançar para fontes de energia ainda mais sustentáveis e seguras, sem comprometer a competitividade e os custos para os consumidores. É essencial encontrar soluções que equilibrem a sustentabilidade com a eficiência econômica, evitando subsídios que possam elevar os custos de energia.

Rodrigo Limp também abordou como os desafios criam oportunidades para o desenvolvimento de novas tecnologias, como sistemas de armazenamento em baterias, que podem aumentar a segurança energética de forma sustentável. “A médio e longo prazo, o desenvolvimento de usinas hidrelétricas reversíveis, semelhantes às existentes em Portugal, pode oferecer ao Brasil uma solução para garantir a segurança energética de maneira limpa e renovável”, explicou. 

Diretor do Inerge, Moisés Vidal Ribeiro, destaca que evento debate questões cruciais sobre a transição energética com visão da indústria e especialistas de diversas partes do mundo

O diretor do Inerge e professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFJF, Moisés Vidal Ribeiro, destacou que o evento reflete a missão do Instituto, reunindo especialistas de diversas partes do mundo para discutir questões cruciais sobre a transição energética. Com mais de 300 participantes, o evento proporciona um espaço para a troca de conhecimentos e o avanço de pesquisas e inovações, visando o desenvolvimento de soluções eficazes e sustentáveis para o futuro.

O estudante de engenharia elétrica com ênfase em telecomunicações, Matheus de Lima Filomeno, ressaltou que o incentivo do Inerge à pesquisa e ao desenvolvimento oferece uma visão valiosa do aspecto industrial. Ele destacou como as pesquisas realizadas na universidade podem beneficiar a sociedade e a indústria,  potencializando o impacto das inovações no desenvolvimento econômico e social.

Inerge

O Instituto Nacional de Energia Elétrica (Inerge), criado em 2009 e respaldado pela Capes/CNPq e Fapemig, é formado por pesquisadores das Universidades Federais de Juiz de Fora (UFJF), Itajubá (Unifei), Rio de Janeiro (UFRJ), Fluminense (UFF), São João Del Rei (UFSJ) e ABC (UFABC). O instituto visa promover pesquisas científicas e tecnológicas de alto padrão na área de Energia Elétrica, com o objetivo de competir em nível internacional.