Com implementação do PGD será possível fazer entrega de tarefas e resultados em regime de teletrabalho (Foto: Canva)

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) irá adotar o Programa de Gestão e Desempenho (PGD), uma estratégia focada na otimização das funções dos servidores, com ênfase na flexibilidade e no cumprimento de metas e objetivos específicos. Para entender melhor como o PGD irá funcionar, membros do Comitê Técnico do Programa de Gestão e Desempenho (CTPGD), instituído no final de 2023, esclarecem e detalham o andamento dos trabalhos.

“O PGD não é apenas sobre trabalho remoto; é um instrumento de gestão que vincula atividades a entregas específicas, possibilitando tanto trabalho presencial quanto teletrabalho”, pontua a pró-reitora de Gestão de Pessoas (Progepe), Isabela Veiga. Além disso, a proposta do Programa tem relação direta com a melhoria da prestação de serviços à sociedade. Confira as principais características do PGD:

  • Trabalho por resultados: os servidores terão suas atividades organizadas com base em metas claras e mensuráveis.
  • Flexibilidade: permite que os servidores desempenhem suas funções remotamente.
  • Avaliação contínua: periodicamente, o desempenho dos servidores será avaliado para promover melhorias contínuas.

Uma das principais dúvidas é se o Programa de Gestão e Desempenho vai funcionar da mesma forma como a Universidade operou durante a pandemia. A pró-reitora explica que na época do isolamento imposto pela Covid-19, o trabalho remoto era uma necessidade. “Com o advento do PGD, não se trata apenas de trabalhar remotamente, mas sim de efetuar uma série de procedimentos, com determinação de atividades bem definidas, visando, acima de tudo, a melhoria da gestão por meio de entregas, resultados e qualidade.”

Legenda: Confira as principais diferenças entre o PGD e o trabalho remoto na pandemia (Arte: Comunicação Progepe)

Isabela destaca que os critérios para participação no PGD da UFJF estão estabelecidos no artigo 18 da Resolução 56/2023 que o institui na Universidade e devem ser conhecidos por todos os servidores.

Conforme prevê a resolução, o programa tem, dentre outros objetivos, promover uma cultura de planejamento, criatividade e inovação institucional, facilitar o acesso aos serviços e promover maior eficiência no atendimento e realização de entregas, bem como contribuir com a qualidade de vida dos servidores, reter e atrair talentos.

Flexibilização será mantida presencialmente

A flexibilização da jornada de trabalho decorre da necessidade de atendimento presencial ao público em período igual ou superior a doze horas ininterruptas. Segundo Isabela Veiga, esses requisitos permanecem, estando previsto, inclusive, no parágrafo 5º do artigo 18 da Resolução 56/2023, o qual determina que a participação no PGD não poderá implicar redução de período de atendimento presencial ao público realizado pelo setor.

A pró-reitora de Gestão de Pessoas Isabela Veiga lembra que o PGD é mais do que apenas teletrabalho, é uma ferramenta de planejamento e gestão voltada para resultados (Foto: Carolina de Paula)

“Quando o servidor participante do PGD estiver atuando presencialmente, em setor flexibilizado, sua jornada poderá seguir a do plano de flexibilização da unidade e deverá estar estabelecida também no Plano de Trabalho Individual (PTI) do servidor. Já quando em teletrabalho, haverá a definição das atividades e a atribuição seus respectivos níveis de complexidade, que terão como referência a carga horária prevista para o cargo na legislação vigente, conforme estabelece o artigo 40 da Resolução.”

A pró-reitora ressalta que o foco do PGD está na entrega por resultados e na qualidade dos serviços prestados. As atividades e entregas a serem utilizadas no PGD serão as já levantadas pelas Unidades e validadas pela Comissão Executiva do Dimensionamento da Força de Trabalho.

 Sistema Polare

O Comitê tem se debruçado em contemplar todos os requisitos previstos na resolução nos sistemas eletrônicos de Informação (SEI) e do Programa de Gestão do Trabalho (Polare): o primeiro irá registrar o ingresso da unidade e dos servidores no PGD, já o segundo é o sistema que, de fato, trará o rol de atividades da unidade ou setor e as entregas previstas para cada servidor.

Isabela observa que é um trabalho complexo, pois para cada ação – desde a criação dos formulários do SEI, fluxograma de processos e, ainda, a adaptação do sistema Polare –, “é preciso um olhar bastante criterioso na resolução, buscando dessa maneira fazer cumprir tudo o que foi estabelecido pela UFJF quando de sua regulação do PGD”.

O sistema Polare foi escolhido por suas vantagens em relatórios e integração, mas, de acordo com o técnico do Centro de Gestão do Conhecimento Organizacional (CGCO), Carlos Roberto, ainda assim há bastante complexidade na compatibilidade dos sistemas, em função da linguagem de programação diferenciada e outras características do código-fonte: “Estamos lidando com adaptações que requerem ajustes finos, como permitir login sincronizado com o Siga, enquanto integramos dados cruciais de outras plataformas.”

Uma das demandas já feitas pelo Comitê, que já está em processo de validação institucional, é o desenvolvimento do fluxograma para a adesão do PGD. Resumidamente, esse fluxo funcionará da seguinte forma:

Legenda: Fluxograma elaborado pelo CTPGD já está em fase de validação institucional (Arte: Comunicação Progepe)

O Comitê trabalhou durante todo o período de greve e conseguiu avançar, sobretudo na parte do SEI e, com o apoio do CGCO, fez muitas das adaptações necessárias no Polare. Atualmente, toda a parte de formulários, despachos e trâmites dentro do SEI já está pronta.

Ainda restam algumas pendências; uma delas é a homologação de entregas dos servidores, um ponto crucial para o funcionamento completo do sistema.  Tal etapa necessita de ajustes diretamente no Polare, a serem feitos pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que desenvolveu o sistema.

Outros desafios

Além das adaptações necessárias no sistema, a equipe precisa lidar com outras questões para efetivar o funcionamento do PGD. Uma delas é a instalação da infraestrutura para o sistema, que inclui, segundo Carlos, projeto com código-fonte, banco dedados, armazenamento, segurança, ocupação de máquinas.

Luiz Tegedor, do Sintufejuf, acredita que o teletrabalho permite aos servidores conciliar qualidade de vida com as responsabilidades na Universidade (Foto: Carolina de Paula)

Outro ponto é que os projetos do CGCO são definidos pelo Comitê de Governança Digital (CGD) através de Documento de Oficialização de Demanda, enviado pela Unidade requisitante. Com a greve, este documento não foi apresentado ao CGD, impactando na constituição de uma equipe própria.

“A maioria dos trabalhos realizados até o momento foi através de negociação com a coordenação, usando servidores que não estivessem momentaneamente lotados em algum projeto crítico, além dos trabalhos realizados durante a greve, para o qual servidores se disponibilizaram por conta própria a se dedicarem”, elucida o técnico do CGCO. A aprovação da demanda como prioritária só foi feita no último dia 14.

Alguns dos manuais técnicos do Polare estão incompletos, como para instalação, configuração e uso do novo sistema, o que atrasou e obrigou a abertura de chamados à UFRN, que também passou por período de greve,  impactando no suporte.

Expectativas para o piloto

O Comitê técnico está empenhado também na elaboração do primeiro material de capacitação para ser utilizado no piloto, sendo necessário que o sistema esteja funcionando corretamente nas principais etapas do processo, como os Planos de Trabalho da Unidade (PTU) e Individual (PTI), atividades e relatórios. Conforme determinado na Resolução, o piloto terá duração de, no mínimo, dois meses.

“O piloto do PGD é essencial para identificar falhas e garantir o sucesso da implementação. Previsto para durar no mínimo dois meses, o piloto precisa que os sistemas estejam operacionais. Contamos com o engajamento das Unidades envolvidas para que possamos fazer desse período um momento de aprendizado e identificação de eventuais melhorias no processo como um todo”, reforça a pró-reitora de Gestão de Pessoas.

Mariana Monteiro, do campus Governador Valadares, acredita que é importante GV estar incluído no piloto: “Nossa participação é fundamental para assegurar que as especificidades do campus sejam consideradas. Asseguramos que a representação no comitê reflete nossa realidade local.” Adaptações específicas, como a personalização de formulários, foram integradas para alinhar o processo com as necessidades locais.

Para Luiz Tegedor, representante do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação (Sintufejuf), o PGD representa “uma oportunidade de harmonizar qualidade de vida e trabalho, oferecendo flexibilidade necessária para muitos servidores”. Afinal, muitas das tarefas administrativas, de registros acadêmicos e de monitoramento são possíveis de serem realizadas dentro de uma janela de tempo e por meio de sistemas eletrônicos acessíveis de qualquer computador.

Em sua opinião, a principal conquista é a compatibilidade com a jornada flexibilizada de trabalho, condições de trabalho em que a UFJF é vanguarda, e foi construída com grande participação da categoria organizada.

“De maneira simples, nós fazemos um bom trabalho, e gostaríamos de ser reconhecidos pelo impacto do que fazemos e não pelo número de horas que estamos disponíveis à Universidade. Nós temos diversos papéis no nosso dia a dia. Essa situação ficou clara durante a pandemia, muitos trabalhadores enfrentam dificuldades no retorno ao formato presencial pois assumiram responsabilidades como cuidadores de familiares idosos ou crianças”, complementa Tegedor.

Saiba mais

Para mais detalhes sobre o andamento e as atualizações do PGD, servidores e interessados devem acessar a página do PGD: www2.ufjf.br/progepe/servicos/programa-de-gestao-e-desempenho/