O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), atendeu pacientes previamente cadastrados em um mutirão de rastreamento de câncer de pulmão. Promovida no último sábado, 10 de agosto, a ação teve como foco a realização de consultas e tomografias computadorizadas de baixa dose de radiação, além de palestras e atendimento psicológico.
O mutirão foi voltado para a população de risco – pessoas entre 50 e 80 anos, tabagistas ou ex-tabagistas há menos de 15 anos, com carga tabágica superior a 20 anos-maço (ou seja, que fumou um maço de cigarros por dia durante 20 anos, dois maços durante 10 anos ou qualquer outra combinação de anos que, multiplicada, resulte em vinte). A iniciativa teve o apoio do projeto de extensão Livres do Tabaco, da Faculdade de Medicina da UFJF, e integrou a campanha Agosto Branco, que é o mês dedicado à conscientização e prevenção da doença.
Quem chegou cedinho no mutirão foi a aposentada Filomena Augusto, de 68 anos. Ela parou de fumar em 2023, após mais de quatro décadas de consumo de cigarro e muitas tentativas frustradas de largar o vício. Filomena elogiou a agilidade no atendimento. “Eu gostei porque fiz a tomografia e passei por todos os atendimentos disponíveis pra gente. Isso sem falar que todo mundo foi extremamente simpático. Nunca tinha participado de um mutirão assim. Vou pegar o resultado do exame no final do mês e, se Deus quiser, não vai dar nada”, contou.
“Nosso foco é a redução da mortalidade pela doença através de um diagnóstico precoce e tratamento curativo. Dependendo dos achados no exame tomográfico, os pacientes podem ser encaminhados para biópsia, cirurgia ou acompanhamento clínico radiológico”, ressalta a médica cirurgiã torácica Juliana Dias, responsável pela força-tarefa junto com o também cirurgião torácico Marcus Abreu.
Benefícios
Chefe da Unidade de Clínicas Cirúrgicas Especializadas do HU-UFJF, Taiana Abreu explica que o mutirão é sempre uma excelente opção, pois diminui o tempo de espera e prioriza atendimentos, resultando em um fluxo mais organizado. “É importante destacar que o sucesso do mutirão só foi possível graças ao empenho e colaboração de uma ampla equipe de profissionais, incluindo terceirizados, equipes administrativas e assistenciais, em especial os médicos da cirurgia torácica.”
Além de gerar benefícios para os pacientes, o mutirão colabora no desenvolvimento dos profissionais que estão em formação no HU-UFJF, pois eles têm a chance de lidar com uma variedade de diagnósticos e se familiarizar com protocolos atualizados. É o caso da residente do segundo ano de Cirurgia Geral, Renata Sydio, que integrou a ação ao lado de uma equipe multiprofissional. “Participar do mutirão foi enriquecedor. Mergulhar em diversos casos em um único dia é muito valioso para o meu desenvolvimento profissional e pessoal. Essa ação também ajuda a unir a equipe e promove um ambiente de trabalho colaborativo.”
Importância do diagnóstico
Entre 2023 e 2025, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano no Brasil. Desses, o de pulmão é o quinto mais frequente e o primeiro na lista de mortalidade. Devido à natureza silenciosa da doença, o diagnóstico precoce é um desafio e, ao mesmo tempo, fundamental, pois permite um tratamento com maior possibilidade de cura.
O sintoma mais comum do câncer de pulmão é a tosse, que pode estar relacionada à bronquite crônica ou irritação devido ao tabagismo. No entanto, se esse sintoma se agravar ou estiver acompanhado de sangue no escarro, é indispensável procurar um médico. Outros sinais menos frequentes incluem falta de ar, perda de peso, febre e dor torácica, que também devem ser investigados.