Como garantir alimentação nutritiva para a população com o mínimo de impacto ambiental possível? A aquicultura – reprodução de plantas e animais em ambiente aquático controlado – poderia ser uma das saídas? Para desenvolver respostas para essas perguntas, 11 instituições nacionais e internacionais unem forças para desenvolver pesquisas colaborativas e ações em campo, com foco especial na Amazônia. 

UFJF recebeu os pesquisadores, na última semana, para um terceiro grupo de trabalho intitulado: Inteligência Artificial para uma Amazônia próspera: desbloqueando o potencial da aquicultura sustentável” (Foto: Marcella Victer/UFJF)

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) tem tido papel fundamental nesse processo e, na última semana, recebeu, no Trade Hotel, 36 pesquisadores para um terceiro grupo de trabalho intitulado “Inteligência Artificial para uma Amazônia próspera: desbloqueando o potencial da aquicultura sustentável”.

As atividades envolveram representantes de organizações, como Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Universidade Cornell, nos Estados Unidos.

Segundo o professor do ICB da UFJF, Nathan Barros, houve avanços nas pesquisas e foi discutido o futuro dos projetos e da cooperação entre as instituições envolvidas (Foto: Marcella Victer/UFJF)

Os 36 pesquisadores participantes colaboraram na produção de sete artigos. “Conseguimos avançar, revisitamos os dados e vimos o que mais pode ser feito e principalmente discutimos o futuro desta parceria, desses projetos e da cooperação entre instituições envolvidas”, resume o professor Nathan Barros, do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF.

Aquicultura: como ser sustentável e nutritiva?
Dados de relatório, publicado em 2020, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostram que a produção de alimentos aquáticos irá aumentar em 15% até 2030.

Segundo a FAO, esse crescimento é necessário para fornecer alimentos saudáveis ​​e nutritivos a uma população que aumenta a cada dia. Porém, essa prática precisa ser ambiental, social e economicamente sustentável, minimizando os impactos nos ecossistemas, garantindo a igualdade social e respondendo às consequências das mudanças climáticas.

Para o pesquisador do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Cornell University, Alexander Flecker, a associação com a UFJF é crucial para o desenvolvimento dos estudos (Foto: Marcella Victer/UFJF)

Na aquicultura medidas são tomadas para melhorar a produção, como o armazenamento, a alimentação e o controle das características do ambiente aquático. “O que estamos tentando fazer é compreender as vantagens e as desvantagens dos diferentes tipos de aquicultura na Amazônia, principalmente em relação às emissões de gases de efeito estufa”, esclarece Alexander Flecker, pesquisador do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Cornell University. 

Flecker afirma que a associação com a UFJF é crucial para o desenvolvimento da pesquisa. “Os pesquisadores daqui foram fundamentais para a medição efetiva das emissões de gases de efeito estufa nas lagoas analisadas”, destaca.

De acordo com publicação do Earth Innovation Institute, a criação de peixes utiliza até 30 vezes menos terra e emite apenas 5% do carbono lançado na atmosfera pela produção de quantidade equivalente de carne bovina. A produção atual da piscicultura na Amazônia já reduziu em 38 mil quilômetros quadrados a demanda por novos desmatamentos. 

O diretor adjunto e cientista sênior do Earth Innovation Institute, David Toby MacGrath, enfatiza que na Amazônia brasileira há recursos pesqueiros abundantes, mas falta gestão (Foto: Marcella Victer/UFJF)

“Aqui na Amazônia, no Brasil, temos abundantes recursos pesqueiros, mas falta gestão. Com gestão e com desenvolvimento de piscicultura, conseguimos cuidar bem do meio ambiente e aumentar bastante a produção”, afirma David “Toby” McGrath, diretor adjunto e cientista sênior do instituto e integrante do grupo de pesquisa.

 

Colaboração internacional
“Essa parceria começou com o egresso do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Rafael Almeida, que hoje é professor na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos”, conta Barros. O grupo já colaborou anteriormente no desenvolvimento de uma ferramenta que otimiza a escolha e a implantação de reservatórios na Amazônia, projeto que resultou em vários artigos publicados em periódicos de impacto internacional como Nature e Science.

Outras informações
Pesquisador publica artigo na Science sobre hidrelétricas na Amazônia

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