Seja para criação de peças utilitárias do dia-a-dia, seja para decoração ou para produção de vestimentas e adereços, o hábito de trançar fios acompanha a humanidade desde seus primórdios. Ancestralidade, beleza e saber que, ao longo do mês de agosto, ganham destaque através da exposição “A arte dos trançados”, no Museu de Cultura Popular, instalado no Forum da Cultura.

As visitas ocorrem de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, até 30 de agosto. A entrada é gratuita. Composta por 45 peças, a mostra oferece ao público a oportunidade de conferir de perto as variadas formas e utilizações dos trançados por diferentes povos do globo. Cada item carrega singularidades como, por exemplo, seus formatos geométricos, as diferentes espessuras, os corantes utilizados para alcançarem determinada tonalidade e as matérias-primas escolhidas para sua confecção.

Exposição reúne peças do Brasil e de outros países, como Portugal, Angola, Suriname, China, Marrocos, Tunísia e Venezuela (Foto: Divulgação)

Dos povos indígenas brasileiros chegam os cestos, peneiras e samburás – um recipiente específico para recolher o pescado – em tamanho real ou representações em miniatura, trançados com fibras de vegetais típicos das florestas tropicais. Desde os remotos períodos pré-cabralinos, os povos originários já desenvolviam tais objetos utilitários. Séculos se passaram e, através de diferentes períodos da história, este trabalho artesanal indígena popularizou-se por todo o Brasil. Fibras como palha e capim tornaram-se umas das principais escolhas de artesãos para criação de itens como chapéus, leques, abanos e sacolas que, inclusive, também integram a exposição.

A influência dos povos africanos também marca presença através de peças criadas em bambu. Cortadas em tiras finas, retorcidas e entrelaçadas, essa matéria-prima, sob as destras mãos negras, deu origem a balaios e cestos utilizados, por exemplo, para recolher frutos. Outro material também utilizado eram as fibras das palmeiras que possibilitavam a confecção de redes, esteiras e abanos. Toda esta riqueza foi trazida ao Brasil por meio das pessoas escravizadas vindas do continente africano. Um conhecimento que foi naturalmente incorporado aos costumes da época e que é parte essencial na composição da arte popular do país.

“Cada peça é única e enaltece a pluralidade, a criatividade e o respeito à natureza”, ressalta Franciane Lúcia, restauradora de bens culturais do Forum da Cultura (Foto: Divulgação)

A conservadora e restauradora de bens culturais do Forum da Cultura, Franciane Lúcia, reforça a importância da exposição para a preservação e valorização dos trançados na cultura brasileira. “Cada peça é única e enaltece a pluralidade cultural, a criatividade e o respeito à natureza. O artesanato com fibras vegetais nos remete às nossas origens, memória coletiva, resistência e aos saberes tradicionais que são repassados de geração para geração. Trazer essas peças para o contato com o público é a melhor forma de valorizar e manter viva a identidade das comunidades representadas.”

Além de produções nacionais, oriundas de cidades como Roseira Velha (SP), Belém (PA), Januária (MG), Tefé (AM) e Cuiabá (MT), a “A arte dos trançados” traz peças de diversos países, como Portugal, Angola, Suriname, China, Marrocos, Tunísia e Venezuela. O objetivo da mostra é celebrar a produção artesanal e toda a sua peculiaridade, uma vez que uma peça manufaturada é sempre diferente de outra, tornando-a uma obra de arte única e insubstituível.

Outras informações
Forum da Cultura: Rua Santo Antônio, 1112 – Centro – Juiz de Fora
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Telefone: (32) 2102-6306