Estudantes de todos os cursos de graduação da UFJF podem participar do Pibiart (Foto: Twin Alvarenga)

As inscrições para o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Artística (Pibiart) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) ficam abertas até o dia 5 de julho. São oferecidas 101 vagas e estudantes de todos os cursos de graduação da UFJF podem participar. Entre os objetivos com a realização do Pibiart estão a construção e o compartilhamento de conhecimentos por meio da produção artística e da pesquisa a partir de projetos de todas as linguagens artísticas. 

Participar do Pibiart pode ser uma oportunidade de o estudante em formação poder se aprofundar em um determinado tema e ter experiências práticas junto à comunidade. Ainda nesta reportagem, confira histórias de estudantes que participaram do programa. 

O programa conta com três modalidades de bolsas: Projetos Artístico-Culturais (PAC), Grupos Artísticos (GA) e Mediação Artística (MA). As inscrições podem ser feitas por meio do site da Pró-reitoria de Cultura (Procult). Confira as características de cada tipo de bolsa: 

Projetos Artístico-Culturais

As propostas da modalidade devem ser apresentadas na forma de projetos artísticos entendidos como uma ação processual e contínua de caráter educativo, social, cultural e/ou tecnológico. As iniciativas devem ter objetivo específico e prazo determinado. Não é permitida a presença de mais de um bolsista remunerado por proposta. É prevista, ainda, a realização de, no mínimo, uma oficina no âmbito do projeto. 

As propostas devem ser elaboradas por alunos de graduação da UFJF. Deve ser indicada a concordância e a orientação de um professor ou servidor técnico-administrativo (TAE) da UFJF, juntamente com um coorientador, quando for o caso. 

Grupos Artísticos 

As bolsas são destinadas a grupos da comunidade acadêmica, não-vinculados à Procult e com mais de um ano de atividade comprovada. As bolsas serão concedidas a partir da apresentação de projetos pelos coordenadores dos grupos. Essa coordenação deve ser ocupada por professores ou TAEs da UFJF. Nesta modalidade, não serão aceitas inscrições realizadas por alunos. 

Mediação Artística 

As atividades das bolsas desta modalidade são desenvolvidas nos espaços culturais da Procult e são divididas em: Mediação Artística – Artes, Mediação Artística – Música e Mediação Artística – Procult.

A seleção de bolsistas para as bolsas tipo Mediação Artística – Artes e Mediação Artística – Música será realizada por meio de edital específico supervisionado pela coordenação da Escola de Artes Pró-Música. Os projetos dessas modalidades devem ser inscritos pelos coordenadores das ações ou pela coordenação da Escola Pró-Música. Já as bolsas do tipo Mediação Artística – Procult serão concedidas por meio da apresentação de projetos pelos diretores ou TAEs dos espaços culturais da Procult. 

Confira outras informações sobre a seleção e cada modalidade de bolsa no edital completo do programa. No documento, também é possível conferir o calendário completo da seleção. 

Enriquecimento da formação e contato com a comunidade 

O Pibiart me coloca em um lugar de mediação, de pensar o estudo da colagem, como isso pode ser acessível para outras pessoas”, afirma Ana Berenice (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Ao longo do tempo, o projeto tem contribuído para a formação de estudantes de diversas áreas do conhecimento e gera impacto na comunidade geral. A estudante do curso de Licenciatura em Artes Visuais, Ana Berenice Melo, foi bolsista do Pibiart em duas ocasiões diferentes. Na edição 2021-2022, Ana realizou o projeto “Processos múltiplos de criação de colagens na contemporaneidade” e na edição 2023-2024, desenvolveu a ação “Entre experimentações: colagens, bordados e poesia”. Em ambas as ocasiões, a acadêmica foi orientada pela professora Olga Egas, do Departamento de Educação. 

Ana Berenice conta que começou a estudar a poética da colagem durante o período de isolamento causado pela pandemia da covid-19. Ainda nesse período, soube das inscrições para o Pibiart, entrou em contato com a professora orientadora e resolveu se candidatar. A jovem também realizou oficinas de colagem com a comunidade, nas quais teve a prática da docência. Entre materiais como papel, tecido, linhas, chaves, esmaltes para unhas, nascem formas de expressão. 

“O Pibiart me coloca em um lugar de mediação, de pensar o estudo da colagem, como isso pode ser acessível para outras pessoas. Propor oficinas de forma gratuita e acessível, disponibilizando os materiais. Isso torna possível que mais pessoas aprendam. É um lugar de partilha, de experimento, de expressão”, reflete. 

Participar do programa também foi um fator importante para a continuidade da pesquisa de Ana Berenice sobre a arte da colagem. “É muito fácil a gente cair em um lugar em que os projetos ficam engavetados. O Pibiart nos coloca em um lugar assim: ‘vamos realizar esses projetos?’. Com certeza, fazer parte do Pibiart fez com que eu continuasse a movimentar a poética da colagem. Fazer com que essa poética também fosse acessível para outras pessoas”, acredita. 

Médico formado pela UFJF, Tomás Machado foi bolsista do Pibiart entre 2019 e 2020 com o projeto “Gotas Musicais: Arte e Saúde de Mãos Dadas”. A ação foi realizada sob orientação da professora Sandra Tibiriçá, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFJF. 

O objetivo com a iniciativa era promover bem-estar por meio da música junto a usuários das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e no ambiente acadêmico. As apresentações no prédio da Faculdade de Medicina eram semanais e tinham duração de 15 minutos. Alunos e funcionários da instituição também eram convidados a se apresentar.  

A partir da participação em projeto de iniciação artística, Machado passou a conseguir “extrair um pouco mais sobre cada paciente, suas histórias de vida” (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

O projeto também atuava na UBS do bairro Monte Castelo. Enquanto os usuários aguardavam pelo atendimento, podiam conferir apresentações musicais. A ação era promovida mensalmente e também envolvia profissionais da equipe da unidade de saúde. 

Na avaliação do ex-bolsista, atuar no projeto o fez passar a ter uma visão diferenciada da relação médico-paciente. A partir da experiência, Machado, à época estudante de Medicina, conta que conseguia “extrair um pouco mais sobre cada paciente, suas histórias de vida, o motivo que fez a pessoa ir para a consulta médica”. 

“Me marcou muito a história de uma paciente que estava na fila para ser atendida na recepção, para depois passar para a consulta. Ela entrou nervosa, queria ser atendida mais rápido. Mas depois que notou a música, que havia algo diferente ali na UBS, saiu daquele ambiente com uma outra feição, com a leveza que a música proporcionou na vida dela naquele dia”, relembra. 

Ainda de acordo com Machado, a experiência de participar do Pibiart é importante para que o estudante possa “diversificar” sua formação acadêmica. “Acredito que quanto mais você diversificar a sua formação, seja com projetos culturais ou de extensão, há um enriquecimento. É possível sair do ambiente teórico da sala de aula e ter uma vivência mais prática, humana, social. Penso que essa é uma ideia muito bem-vinda para o estudante de qualquer curso da instituição”. 

Outras informações: (32) 2102-3965 – Pró-reitoria de Cultura (Procult)