Atletismo, judô, vôlei, futebol, futsal, dança e natação: essas são as modalidades oferecidas gratuitamente pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para a comunidade externa ao campus, por meio de projetos de extensão. Além de impactar diretamente na formação dos estudantes de Educação Física e na saúde e bem-estar da comunidade juiz-forana, os projetos também já fizeram parte da trajetória de atletas profissionais – como Luiz Maurício Dias, medalha de ouro no lançamento do dardo no Troféu Brasil de Atletismo.
“Os projetos demonstram o impacto que a UFJF, por meio da Faefid, tem nas comunidades por meio da extensão. Projetos que também estão relacionados com o ensino e a pesquisa”. É assim que o coordenador dos cursos de graduação da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid), Heglison Toledo, define as atividades extensionistas realizadas pela unidade acadêmica.
Atualmente, são 12 projetos para a comunidade externa ao campus, voltados à prática de atividades esportivas. Outras informações relativas a cada projeto e às faixas etárias de cada um podem ser obtidas por meio de contato pelos telefones (32) 2102-3266, do Núcleo de Extensão da Faefid, e (32) 2102-3280, da direção da faculdade.
Como aponta o coordenador do curso, tanto a comunidade acadêmica quanto a população em geral saem ganhando com a realização dos projetos. As atividades são coordenadas por professores da Faefid e contam com a participação de estudantes. Dessa forma, os graduandos contam com uma capacitação extra antes de ingressarem no mercado de trabalho.
“Para a comunidade externa, é uma oportunidade de participar de projetos com qualidade, pessoal qualificado e equipamentos de alto nível. E para a Universidade é muito bom, porque a gente capacita os nossos alunos a saírem mais preparados para o mercado de trabalho. Eles experimentam no projeto, tudo aquilo que aprendem nas disciplinas. Durante o desenvolvimento das aulas, todos eles são supervisionados pelos professores”, conta Toledo.
Impacto na sociedade
O contato com o esporte e a promoção da saúde e do bem-estar, além da formação de futuros atletas, estão entre os resultados obtidos pelas ações junto à comunidade externa à Universidade.
O projeto de ensino de natação é a primeira ação extensionista da Faefid e está em atividade desde 1986. Atualmente o projeto é voltado a crianças e adolescentes até 17 anos e adultos com idade a partir de 18 anos. De acordo com o coordenador, Renato Melo Ferreira, o desenvolvimento da segurança aquática junto aos alunos é um dos pilares do projeto. “A segunda causa de mortes de crianças e adolescentes de até 14 anos, no Brasil, é o afogamento, de acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa). Então nosso primeiro pilar é voltado a essa questão”, afirma.
Ainda de acordo com Ferreira, há também a intenção de promover benefícios à saúde e ao desenvolvimento da parte motora dos alunos. “Muitas crianças e adultos são encaminhados com problemas respiratórios, articulares. A prática no ambiente aquático trabalha a musculatura do sistema cardiorrespiratório e diminui o impacto nas articulações. E em relação à parte motora, a gente sabe que uma criança vinculada à uma atividade física se desenvolve mais, tem aumento de apetite, o sono melhora e a pessoa se desenvolve”, relata.
No caso do basquete, a intenção do projeto é fazer com que o esporte se torne um elemento permanente na vida do aluno, uma “ferramenta para toda a vida”, como define o coordenador, Dilson Borges.
“Nossa satisfação maior é quando a gente passa ali na pracinha de São Mateus e vê um garoto que conheceu o basquete aqui e está lá, em seu momento de lazer, jogando basquete em um local tradicional de prática do esporte na cidade. Ou quando temos jogos universitários, com meninos e meninas que conheceram o basquete aqui”, conta o coordenador dos projetos Desenvolvimento em basquetebol da base para a ponta e Minibasquetebol: uma iniciação esportiva positiva”.
A formação de atletas profissionais também faz parte dos objetivos dos projetos desenvolvidos na Faefid. “Já tivemos situações como essa. Duas alunas acabaram de ser convocadas para a seleção mineira de basquete”, conta Borges.
Para o professor Francisco Netto, coordenador do projeto voltado ao handebol feminino, a ação muda “totalmente” as vidas das alunas. Há casos de alunas que, de acordo com o coordenador, “conseguem ir para clubes de alto rendimento, conseguem outras oportunidades por conta do esporte”, conta. O projeto conta com turmas voltadas a meninas com idade até 14 anos e para meninas com idade entre 15 e 17 anos.
Outros casos de alunos de projetos extensionistas e que hoje são atletas profissionais são lembrados pelo coordenador dos cursos de graduação da Faefid, Heglison Toledo. “Por exemplo, o Lucas Santos, ex-aluno do projeto de futebol e que hoje está disputando em uma equipe profissional no interior paulista (Marília). Também o Luiz Maurício Dias, egresso do CRIA, projeto de atletismo, e que hoje é atleta de lançamento de dardo. É um atleta que provavelmente vai conseguir o índice olímpico e pode disputar as Olimpíadas de 2024, em Paris”, destaca.
Entre os jovens alunos das ações extensionistas com o sonho de seguir carreira no esporte, está o estudante Luiz Henrique Andrade, 17, integrante do projeto Futebol UFJF. O volante divide sua rotina entre o trabalho pela manhã, os treinos à tarde e os estudos à noite. “Conheço o projeto desde que tinha 11 anos. Na comunidade do Dom Bosco, de onde eu venho, sempre tive amigos que treinavam aqui”, conta o jovem, que já disputou pela equipe da Associação Esportiva Uberabinha, do bairro Cerâmica, na Zona Norte de Juiz de Fora.
Formação de recursos humanos
Para a estudante de Educação Física e bolsista do projeto de extensão voltado ao ensino de Ginástica Rítmica, Anna Flávia Silva, a participação no projeto a fez mudar o rumo que tinha planejado para sua carreira. Segundo Anna, antes ela não conhecia a modalidade, mas após ingressar no projeto de extensão, se apaixonou pela ginástica rítmica e deseja trabalhar na área.
“Aqui eu tive a oportunidade de ser professora, montar a aula. Eu acho que isso é muito interessante. Isso fez com que eu aprendesse a dar aula, a como lidar com cada aluna, entender que as meninas são completamente diferentes e aprendem de formas diferentes. Às vezes a gente sai da faculdade e não tem um professor para nos ajudar. Aqui eu pude aprender e ter alguém para me ajudar”, afirma a estudante.
Ainda segundo Anna, o projeto impacta diretamente na saúde das alunas. “Traz benefício corporal, físico. Temos alunas com doenças específicas e que precisam praticar uma atividade. No caso de uma aluna com fibrose cística, a gente vê o quanto o projeto impacta na saúde dela, para melhor”, avalia.
As ações extensionistas podem motivar, inclusive, o futuro ingresso de jovens como alunos da instituição. É o caso do estudante de Educação Física Matheus Rufino, bolsista voluntário do projeto de basquete. Antes de ser estudante da UFJF, o jovem foi aluno do mesmo projeto, quando tinha 17 anos de idade. Rufino conta que sempre desejou estudar Educação Física e a participação no projeto “reafirmou a vontade”. “Eu encontrei aqui uma iniciação esportiva muito agradável, que me estimulou muito”, avalia.
Como aponta o coordenador da ação extensionista voltada ao ensino de basquete, Dilson Borges, a formação de recursos humanos é a principal missão das iniciativas.
“O Matheus, enquanto está na faculdade, sob supervisão, consegue exercer uma das atividades da prática profissional que daqui a seis meses, ele irá executar lá fora. Qual é a vantagem de esse treinamento ser feito dentro de um projeto de extensão? Ele tem reuniões periódicas, um planejamento a ser seguido, intenções, missão e visão a serem estabelecidas, orientação pedagógica feita pelo professor, e vivência”, conta.
“Muitos meninos e meninas gostam de estar aqui e almejam um dia estudar aqui. Alguns aproveitam esse espaço para observarem as identidades, aquilo que realmente gostam, o que acaba gerando uma forma de orientação vocacional”, relata Borges.
A avaliação é compartilhada pelo coordenador do projeto de extensão voltado à aprendizagem e ao aperfeiçoamento da natação, Renato Ferreira. Ele destaca, ainda, o impacto da realização das ações para os professores orientadores. “Eu, enquanto professor responsável pelo projeto e pela disciplina de natação, vejo que para mim, aqui é um laboratório dentro da Universidade. Para ajudar os alunos que estão vindo da parte da teoria, aplicarem na prática, com orientação do professor. Além de auxiliar as pessoas que querem vir aqui, aprender uma modalidade aquática, praticamente com custo zero.”
Outras informações: (32) 2102-3266/(32) 2102-3280 – Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid).