Das matas dos mais diversos cantos do Brasil e do mundo, chegam ao Forum da Cultura, animais de beleza singular. Com suas cores, formas, tamanhos e características marcantes, estes seres vêm nos relembrar toda inspiração que são capazes de despertar em nosso íntimo. Parte dessa inspiração estará presente ao longo do mês de novembro, no Museu de Cultura Popular, através da exposição “No Reino da Bicharada”. A nova mostra reúne diferentes representações artísticas em miniatura de animais como onças-pintadas, caranguejos, jacarés, bois, tartarugas, tatus, elefantes, sapos, porcos-espinhos e pavões. As visitações seguem até o dia 1º de dezembro, de segunda a sexta, das 10 às 19 horas. A entrada é gratuita.
Ao percorrer a exposição, os visitantes poderão admirar mais de 40 peças do acervo do museu, criadas em diferentes materiais como, por exemplo, cerâmica, conchas, látex, madeira, serragem e até sementes de manga. Vale destacar que muitas das obras possuem natureza utilitária, tal como a ‘Bilha Antropomorfa’, de Anísia Lima de Souza, um objeto utilizado para armazenar água, leite e outros líquidos potáveis, e que através das mãos da artista, ganhou aspectos de obra de arte.
As peças são oriundas de diferentes regiões do Brasil como Taubaté (SP), Caldas Novas (GO), Jequié (BA), Turmalina (MG), Juiz de Fora (MG), Leopoldina (MG), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), São Gabriel da Cachoeira (AM), além de outros países como Espanha, Japão, Portugal e Senegal. Trata-se de um fator que demonstra a pluralidade de manifestações do ser humano e, ao mesmo tempo, sua convergência em expressar determinado elemento através da arte.
Um dos destaques da mostra é o ‘Porco-espinho’ de Rosa Ramalho, uma artista portuguesa reconhecida pelos trabalhos em cerâmica. Seu trabalho é constituído por peças que exploram uma dimensão surrealista que vagueia entre o real e o fantástico. A ceramista assinava os seus bonecos de barro com RR – as letras iniciais do seu nome artístico – detalhe que, inclusive, pode ser conferido na peça exibida na mostra.
Os olhares atentos e profundos de três corujas entalhadas em madeira recepcionam aqueles que entram no espaço, presságio de sabedoria, com o toque de mistério que atiça os instintos dos mais curiosos. A elas também faz companhia uma coruja em tamanho real taxidermizada – termo popularmente conhecido como ‘empalhada’ – para fins científicos e educacionais. A taxidermia é uma técnica que consiste em preservar a pele e outras estruturas de animais mortos, buscando montá-los de forma a alcançar o maior grau de fidelidade ao estado vivo possível. O procedimento é realizado por especialistas e possui como objetivos centrais oferecer reflexões sobre a riqueza da fauna e a importância da preservação ambiental.
Cada animal representado nas obras expostas traz a quem o contempla, uma mensagem importante, provocando reflexões em torno de práticas que, apesar de terem integrado a cultura de diferentes povos, não possuem mais sentido e necessidade de existir. É o caso da obra ‘Touro Miúra’, de origem espanhola, que traz a figura do animal durante uma tourada, sendo atingido nas costas por varas curtas com ponta de arpão, conhecidas como bandarilhas. Tal prática, apesar de ser considerada tradição na Espanha, vem sendo cada vez mais abolida no país devido aos sofrimentos provocados ao animal.
A mostra também coloca o público diante de aves presas em gaiolas, suscitando questionamentos a respeito deste costume popular no Brasil, que priva os animais de sua liberdade, os enclausurando em espaços reduzidos e, em muitos casos, insalubres. Nas peças em exibição, um detalhe merece destaque: as portas das gaiolas permanecem abertas, reforçando um apelo ao bom senso e empatia para que tal prática caia em desuso.
Outro destaque da exposição são os pavões do paraíso, peças que têm como origem a cidade de Taubaté, em São Paulo, e remontam a uma tradição de mais de 150 anos, em que artesãs, conhecidas como figureiras, criavam diferentes miniaturas coloridas modeladas em argila coletada do rio Itaim. O ‘Pavão Azul’, criado por Dona Maria Cândida, é o principal ícone dessa arte figurativa popular.
Museu de Cultura Popular – UFJF
Com um rico acervo de mais de 3 mil peças, o Museu de Cultura Popular é um importante espaço de preservação, resgate e valorização da arte oriunda de expressões e tradições populares.
Entre estatuárias, artefatos indígenas, brinquedos antigos, peças de crenças religiosas e outros diversos itens, das mais distintas origens, o visitante tem a oportunidade de realizar uma verdadeira viagem a outros tempos e locais, muitas vezes desconhecidos. O museu abriga objetos da cultura nacional e também de estrangeiras.
As peças, de natureza singular, aguçam a curiosidade e atuam como pontos de contato entre pessoas e culturas diferentes, propiciando dessa forma, um intercâmbio extremamente importante para sociedade.
O Museu, criado em 12 de março de 1965 – data que marcou o centenário do folclorista Lindolfo Gomes –, foi transferido para o espaço do Forum da Cultura em 1973, sendo doado à UFJF em 30 de setembro de 1987. Sua origem está no trabalho do Prof. Wilson de Lima Bastos, que criou o então chamado “Museu do Folclore”, mais tarde renomeado como “Museu de Cultura Popular”.
Forum da Cultura
Instalado em um casarão centenário, na rua Santo Antônio, 1.112, Centro, o Forum da Cultura é o espaço cultural mais antigo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Em atividade há mais de cinco décadas, leva à comunidade diversos segmentos de manifestações artísticas, abrindo-se a artistas iniciantes e consagrados para que divulguem seus trabalhos.
Endereço e outras informações:
Forum da Cultura
Rua Santo Antônio, 1.112 – Centro – Juiz de Fora
E-mail: forumdacultura@ufjf.br
Instagram: @forumdaculturaufjf
Telefone: (32) 2102-6306