A seção da Cátedra Sergio Vieira de Mello (CSVM) na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) conta agora com a coordenação do professor Alexandre Cadilhe, do Departamento de Educação. Cadilhe era adjunto e passou a titular da Cátedra após licença de pós-doutorado do professor Rodrigo Christofoletti. A coordenação adjunta é da professora Gracieli Prado Elias, do Departamento de Odontologia Social e Infantil. As mudanças foram efetivadas em agosto.
A CSVM é uma ação do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) com instituições de Ensino Superior brasileiras. O objetivo com a iniciativa é desenvolver atividades acadêmicas, sobre, para e com pessoas refugiadas ou em situação de refúgio. Na UFJF, o projeto conta com o suporte institucional da Diretoria de Relações Internacionais (DRI), em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão (Proex). Segundo a Acnur, 39 instituições são conveniadas à CSVM, em 13 estados e no Distrito Federal.
Estímulo a ações voltadas a refugiados dentro e fora da UFJF
Como aponta o professor Alexandre Cadilhe, a Cátedra funciona como um organismo incentivador das ações da UFJF voltadas à população migrante e refugiada – promovendo cursos, revalidação de diplomas e acesso a serviços odontológicos e jurídicos -, além de atuar no diálogo com entes externos à Universidade. Exemplo recente é o apoio e a consultoria da CSVM nas articulações em torno da criação do Plano Municipal de Políticas para a População Migrante, Refugiada, Apátrida e Retornada.
“A Cátedra, ativamente, há dois anos, vem atuando na construção de um plano municipal de atenção à população migrante e refugiada. E, em conjunto com a Acnur e com outras Cátedras, desenvolvemos ações pedagógicas no sentido da construção de políticas institucionais para as universidades e para as instituições de Educação Básica atenderem a essa população”, conta.
Para o novo período, a intenção é ampliar as ações de divulgação do trabalho da Cátedra, de acordo com a coordenadora adjunta, Gracieli Prado Elias. “É importante que mais profissionais conheçam a filosofia do projeto, para que tenhamos cada vez mais parceiros com o mesmo ideal, que é garantir que refugiados e solicitantes de refúgio tenham acesso aos direitos e serviços e se integrem cada vez mais à cidade”, destaca a professora, que integra a CSVM desde o começo, como tutora da Liga Acadêmica de Odontologia Psicossocial (Laop), projeto parceiro da Cátedra. A Liga promove a realização de atendimento odontológico e acolhimento a refugiados.
Professores refugiados serão docentes na UFJF
Uma das ações a serem desenvolvidas pela Cátedra neste ano é a continuidade do projeto “Acolhimento como soft power: o universo dos refugiados entre a educação, a linguagem e o patrimônio” – uma das 24 propostas contempladas no âmbito de edital do Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) Emergencial de Solidariedade Acadêmica, lançado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (Capes).
Ao ser aprovado, o projeto recebeu duas bolsas para professores refugiados e outras duas bolsas destinadas a pesquisadores brasileiros que queiram fazer pós-doutorado na área correlata entre patrimônio, linguística e o universo dos refugiados.
O processo seletivo foi finalizado e culminou com a contratação de um professor congolês e outro venezuelano, ambos doutores em Educação. Segundo Cadilhe, a intenção é que os professores ofereçam uma disciplina de pós-graduação, a partir de outubro, por meio da Cátedra Sergio Vieira de Mello. Os docentes devem ser lotados nos programas de pós-graduação em Educação, História e Linguística.
“A nova gestão da Cátedra tem nessa atuação com esses professores, uma de suas agendas mais significativas. Nós entendemos que essa ação tem impacto na formação acadêmica na Universidade”, destaca.
Duas décadas da morte de Sergio Vieira de Mello
No último mês de agosto, também se completaram vinte anos da morte do funcionário brasileiro da ONU Sergio Vieira de Mello (1948-2003), que dá nome à CSVM.
Vieira de Mello ingressou no Acnur em 1969. Em sua carreira, atuou em operações humanitárias, de repatriação e fortalecimento da paz em vários países e chegou ao cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos. Entre 1999 e 2002, foi líder da missão da ONU que acompanhou a condução do Timor-Leste à independência.
Em 2003, Vieira de Mello era representante do então Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, no Iraque. No dia 19 de agosto, o brasileiro foi uma das 21 vítimas fatais em um atentado terrorista contra a sede das Nações Unidas em Bagdá. Desde então, o legado e as ideias de Sergio Vieira de Mello são lembrados e celebrados internacionalmente.
“A relevância reside em ser um intelectual brasileiro que teve um protagonismo em escala global, na articulação de uma política de paz, que é um grande desafio da ONU. A perpetuação do seu nome é uma forma de manter um legado em relação a esse compromisso por uma cultura de paz”, reflete Alexandre Cadilhe.
Outras informações: (32) 2102-3911 – Cátedra Sergio Vieira de Mello (CSVM)