Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da UFJF, conduzido por uma comissão intersetorial, buscam mapear percepções e propor melhorias para a destinação ambientalmente responsável dos resíduos gerados nos dois campi da Universidade (Foto: Carolina de Paula/UFJF)
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) cumpriu todos os critérios exigidos e receberá o Selo ODS Educação 2025. O selo ODS EDU é uma certificação para reconhecer e estimular a participação efetiva das instituições de ensino no alcance das metas da Agenda 2030.
O intuito é fomentar o engajamento das instituições de ensino na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente o ODS 4: Educação de qualidade. Por meio da iniciativa, espera-se contribuir para a formação de cidadãos conscientes e engajados, capazes que criar um futuro justo e sustentável, com habilidades como pensamento crítico, empatia e responsabilidade global .
A UFJF é uma das 129 instituições de ensino que serão certificadas pelo Selo ODS Educação 2025. Ao todo, seis iniciativas da UFJF receberão a certificação. Três delas são coordenadas pela Diretoria de Sustentabilidade e Patrimônio.
São elas:
- Preservação do Patrimônio Público através da Recuperação e Reaproveitamento de Bens Móveis.
- Destinação de Materiais Recicláveis para Associação de Catadores
- Logística Reversa de Eletroeletrônicos, pilhas e baterias
De acordo com a diretora de Sustentabilidade e Patrimônio, Rosana Colombara, a importância da participação nesse tipo de programa é dar visibilidade às boas práticas que vêm sendo realizadas na instituição. “Receber a certificação formaliza nosso compromisso com a Agenda 2030 e nos motiva a organizar dados para ampliar cada vez mais nossas práticas sustentáveis certificadas nesse tipo de programa.”
Projeto Recicle promove, em parceria com a prefeitura, educação ambiental nas escolas do município de Juiz de Fora. (Foto: Divulgação)
Outras iniciativas
O Recicle: Educação Ambiental em escolas do município de Juiz de Fora, é um projeto de extensão da UFJF em parceria com a prefeitura do município atua na conscientização de crianças, adolescentes e a comunidade escolar sobre a importância da redução, reutilização e reciclagem de resíduos, incentivando práticas mais sustentáveis no dia a dia.
Para isso, promove oficinas, atividades educativas e a elaboração de projetos específicos em cada escola, abordando temas ligados ao gerenciamento de resíduos e à preservação ambiental. Além disso, o projeto desenvolve materiais informativos e conteúdos digitais que auxiliam na formação de hábitos sustentáveis e fortalecem a participação social, contribuindo para uma sociedade mais consciente e comprometida com o meio ambiente.
O coordenador do projeto e professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFJF, Samuel Rodrigues Castro, conta que o projeto encerra o ano letivo de 2025 atuando formalmente em 24 escolas, com atividades presenciais e remotas. Além disso, o Recicle realizou mais de 150 ações presenciais em 2025, com uma atuação ativa também nas redes sociais.
Para o ano que vem a parceria com o Departamento de Limpeza Urbana (Demlurb) e a Secretaria de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas de Juiz de Fora a meta é ampliar o atendimento formal para quase 50 escolas, o que representa mais de 50% das escolas municipais com Ensino Fundamental II do município, público-alvo do Projeto. Para isso, existe um edital de chamamento em aberto, em que as escolas interessadas poderão fazer suas inscrições via formulário digital, disponível no perfil do Recicle no Instagram, até 26 de janeiro de 2026.
De acordo com Castro, a certificação de projetos e ações da UFJF, como as desenvolvidas no Recicle, para a conquista do Selo ODS e Educação é um reconhecimento que reafirma o compromisso institucional com a sustentabilidade. “A Universidade está se posicionando como uma referência na difusão de práticas e valores de cuidado com o meio ambiente, que se repercutem na sociedade, também pela formação integral de recursos humanos mais responsáveis e conscientes do seu papel cidadão”, explica.
Projeto éColmeia cria soluções ecológicas para o manejo de abelhas nativas sem ferrão. (Foto: Divulgação)
Outro projeto é o “éColmeia”, que cria soluções ecológicas para o manejo de abelhas nativas sem ferrão, empregando resíduos sólidos como papelão, embalagens longa vida, garrafas PET e isopor.
Os materiais, geralmente descartados em áreas urbanas, têm características apropriadas para a fabricação de iscas e caixas de abelhas, principalmente quando tratados para proporcionar isolamento térmico e resistência à umidade. A proposta aborda a sustentabilidade e a conservação do meio ambiente.
O coordenador do projeto e professor do Instituto de Artes e Design (IAD), André Carvalho Mol, explica que a reutilização dessas embalagens está diretamente relacionada a essa preservação e que se enfrenta a escassez de ambientes disponíveis para as abelhas sem ferrão. Para o professor, há espécies que conseguem se adaptar ao ambiente urbano, porém, faltam ambientes naturais, especialmente ocos de árvores.
As embalagens são projetadas para preservar os alimentos e compartilham com as necessidades das colmeias para a sua sobrevivência como a permeabilidade, bloqueio de luz e também evitam o mau odor – André Mol
Ele comemora o reconhecimento por meio do certificado da ODS Educação. “O selo valida as atividades propostas. Acreditamos que o nome da UFJF transmite bastante confiança e possui um valor significativo para a comunidade local. Isso mostra que a proposta está em sintonia com os objetivos da ODS e reforça o engajamento dos alunos ao desenvolver algo tão significativo como esse”, completa Mol.
Por fim, o Projeto de Sabão, que produção de sabão e detergente à partir de óleo de cozinha usado, liderado pela professora do Departamento de Química da UFJF, Denise Lowinsohn, também irá receber a certificação. A ação promove educação ambiental e conscientização sobre o descarte inadequado de óleo de cozinha, através de oficinas e palestras para a comunidade sobre os impactos ambientais do descarte de óleo de cozinha usado e o reaproveitamento na produção de sabão ecológico.
Para Denise, o que muitos consideram como “resíduo incômodo” na pia, é na verdade, um agente de alto impacto ambiental e econômico quando descartado de forma incorreta. Isso porque, o óleo jogado na pia é levado para os lençóis freáticos e rios e cria uma espécie de capa de gordura na superfície.
Estima-se que apenas 1 litro de óleo seja capaz de contaminar até 25 mil litros de água potável, equivalente a um caminhão pipa de grande porte. Também é a principal causa de entupimentos nas redes de esgoto pois dentro das tubulações, o óleo esfria, solidifica e se mistura com outros resíduos (como fios de cabelo e papel). Se descartado no lixo comum ou diretamente na terra, o óleo impermeabiliza o solo, dificultando a absorção da água da chuva e contribuindo para enchentes. Além disso, sua decomposição em lixões e aterros sanitários libera gás metano, um dos gases de efeito estufa muito mais potentes que o dióxido de carbono.
Produção de sabão e detergente à partir de óleo de cozinha usado é um dos projetos reconhecidos. (Foto: Divulgação)
O projeto busca implementar campanhas de conscientização sobre os riscos do descarte inadequado de óleo e seus efeitos na saúde e no meio ambiente. Oficinas também são realizadas, como a produção de sabão em barra aproveitando o óleo de cozinha usado.
A atividade possui objetivos de gerar economia na compra de produtos de limpeza, combate ao desperdício, redução de lixo doméstico e criação de uma forma alternativa de renda, colaborando na busca de autonomia e na valorização de talentos pessoais e grupais. O projeto ocorre no Centro de Ciências da UFJF e em diferentes localidades. Para participar basta ficar atento ao Instagram do projeto ou entrar em contato via Instagram.
“Ao receber o Selo ODS Educação, o projeto deixou de ser apenas uma iniciativa local para se tornar uma tecnologia social reconhecida. Para a universidade como um todo, o selo reafirma o seu papel como agente de transformação regional, reforçando que missão de levar a pesquisa e o ensino para a comunidade, transformando a vida de quem está fora dos campi.”
Outras informações: