
José Geraldo Bermudes Neto recebeu o prêmio das mãos da diretora de ensino da Sociedade Brasileira de Hansenologia, Maria Ângela Bianoncini Trindade (Foto: Divulgação/SBH)
Um trabalho desenvolvido por pesquisadores do Núcleo de Pesquisa em Hansenologia (NuPqHans) do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV) recebeu o primeiro lugar na área de biologia molecular e genética durante o 19º Congresso Brasileiro de Hansenologia. O evento ocorreu entre os dias 25 e 28 de novembro, em Foz do Iguaçu.
Intitulado “Relevância da reação em cadeia da polimerase (qPCR) na confirmação diagnóstica em pacientes com exames convencionais negativos: um relato de caso”, o trabalho foi elaborado pelos estudantes José Geraldo Bermudes Neto, Anabella Batista de Almeida, Mathias Schineider Barbosa Garcia, Letícia Gomes Correia, Amanda de Souza Cirico e André de Souza Otaviano, sob orientação da professora Lúcia Alves Fraga.
A pesquisa relata o caso de um paciente atendido pelo NuPqHans que apresentava sinais clínicos suspeitos de hanseníase, mas cujos exames convencionais – baciloscopia e histopatológico – resultaram negativos. A baciloscopia busca identificar a bactéria causadora da doença em raspados de pele, enquanto o exame histopatológico analisa amostras de tecido.
O grupo recorreu então à técnica de qPCR, metodologia molecular investigada no núcleo, especialmente pelo doutorando Marcos Pinheiro. Este foi o único exame que detectou a presença do Mycobacterium leprae, ao identificar os genes RLEP e 16sRNA, sequências específicas do DNA bacteriano.

Integrantes do NuPqHans com o presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia, Marco Andrey (Foto: Divulgação/SBH)
Para José Geraldo Bermudes Neto, estudante de Medicina e integrante do NuPqHans, o caso ilustra a importância de métodos mais sensíveis em regiões com alta incidência da doença. “Embora o diagnóstico da hanseníase se mantenha essencialmente clínico, o relato ilustra que em áreas hiperendêmicas, como é o caso de Governador Valadares e do leste de Minas Gerais, métodos moleculares como o qPCR são uma promissora ferramenta a ser incorporada na rotina, tendo em vista a baixa sensibilidade dos exames convencionais”, explicou.
O estudante destacou ainda que a premiação reflete o trabalho contínuo desenvolvido pela professora Lúcia Fraga e evidencia a relevância da integração entre clínica e pesquisa. “Ter tantos trabalhos da UFJF-GV apresentados e receber uma premiação nesse congresso é de extrema importância. Isso tira Governador Valadares apenas do posto de área hiperendêmica e nos qualifica como polo de pesquisa e desenvolvimento tecnológico para essa doença”, completou.
No total, o NuPqHans teve mais de dez trabalhos aprovados e sete selecionados para apresentação oral no congresso. Para a professora orientadora Lúcia Fraga, o desempenho é fruto do engajamento da equipe. “Esse desempenho representa o nosso esforço, dedicação e comprometimento com a pesquisa em hanseníase”, afirmou.
O Núcleo de Pesquisa em Hansenologia da UFJF-GV reúne pesquisadores em diferentes níveis de formação acadêmica, da iniciação científica ao pós-doutorado.
