Mostra reúne trabalhos de Antonio Policarpo, Hermenegildo Giovannoni, Isabella Fonseca, Julia Campi, Tiago Lima, Letícia Bertagna, Letícia Naves, Mônica Coster, Pedro Câmara, Rodrigo Pedretti e Túlio Costa

A exposição Comum Lugar chega a Juiz de Fora no dia 11,  reunindo 24 obras de 15 artistas vinculados ao Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A inauguração será às 19h na Galeria Nívea Bracher, no Mercado Municipal. A mostra propõe uma reflexão sobre o cotidiano como espaço de invenção, partilha e criação estética. A curadoria é assinada pela professora Mônica Coster (IAD/UFJF), que também integra o grupo de artistas.

Após sua primeira montagem na Galeria Principal da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Comum Lugar chega a Juiz de Fora em uma nova configuração. A professora Mônica destaca que a itinerância reforça o caráter vivo e mutável da exposição, além de ampliar a interlocução com públicos distintos. “Na UFMG, tivemos um diálogo muito fértil com estudantes e professores. Agora, estamos animados para alcançar um público mais abrangente e espontâneo, desestabilizando as noções de um ‘público leigo’ e um ‘público especialista’”, afirma.

Cotidiano como território sensível

A mostra parte de objetos e situações banais ou corriqueiras para construir dispositivos sensíveis que convidam à reflexão. Segundo Coster, a intenção não é transformar o cotidiano, mas provocar o público a percebê-lo como operação de sensibilidade.

Entre as linguagens presentes, estão escultura, gravura, cianotipia, fotolivro e outras técnicas. A multiplicidade, explica a curadora, é parte essencial da proposta: “O que é comum aos trabalhos não é a técnica. Pelo contrário, o comum se dá pela multiplicidade de materiais e estratégias, que vão desde jornais amassados e cacos de vidro até o ferro fundido e a gravura em metal”.

Essa diversidade coloca lado a lado processos considerados “banais” e “clássicos”, permitindo que o público experimente diferentes formas de relação entre arte e vida. Entre os destaques citados estão as obras de Letícia Naves e Túlio Costa, que exploram a poética das sacolas plásticas, e o trabalho de Fabrício Carvalho, que dialoga diretamente com as vigas do próprio espaço expositivo.

Mercado Municipal

Um dos espaços mais tradicionais da cidade, o Mercado Municipal de Juiz de Fora tem relação profunda com o cotidiano urbano. Para Mônica Coster, essa característica se articula de forma natural com a proposta curatorial. “O mercado público é esse lugar de trânsito de pessoas, mercadorias, finanças e culturas — fluxos que também são matéria artística”, observa.

A artista Letícia Bertagna, por exemplo, apresenta uma série em cianotipia –  processo de impressão fotográfica através de emulsão, que produz imagens em tons azulados –  e toma como referência o mercado de São Mateus, no Espírito Santo. Para a curadora, estar em um espaço tão cotidiano e compartilhado é uma oportunidade de “imbricação total da exposição com a cidade”.

Todos os artistas participantes têm vínculo com o IAD/UFJF — entre docentes, técnico-administrativos, estudantes de graduação e de pós-graduação — reforçando o caráter formativo da mostra. Segundo Mônica, “o ‘comum’ também é celebrado como os ateliês da universidade pública, local compartilhado de elaboração e discussão dos trabalhos. Queremos convidar o público a conhecer e debater nossa produção universitária”.

Para a curadora, “a relação da Universidade com a cidade precisa ser porosa”. A presença da UFJF no Mercado Municipal fortalece esse trânsito e amplia os espaços de circulação da produção artística universitária. “É essencial defender a universidade pública como espaço relevante de produção científica e artística, e essa abertura para o mundo evita que nosso pensamento fique estagnado”, afirma.

Além disso, a circulação e montagem da exposição funcionam como espaço de formação prática para os estudantes. “Para uma exposição acontecer, diversos profissionais são mobilizados — artistas, montadores, iluminadores, produtores, equipes de transporte, assessores de imprensa. Aqui, realizamos todas essas etapas junto com os estudantes, experimentando as possibilidades profissionais do campo da arte”, explica Coster.

 

 

 

 

 

 

 

Local: Galeria Nívea Bracher – Mercado Municipal de Juiz de Fora

Av. Getúlio Vargas, 188 – Centro, Juiz de Fora

Realização: Instituto de Artes e Design da UFJF / FUNALFA