A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realiza nesta quarta-feira, 3, a cerimônia de entrega da Medalha Juscelino Kubitschek, honraria que reconhece profissionais que contribuíram para a construção da Universidade e sua consolidação como vetor de mudanças econômicas e sociais. O evento acontece no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm), a partir das 19h. (Confira as fotos da cerimônia

Dentre os agraciados estão professores, estudantes e técnico-administrativos em Educação (TAEs) cujas trajetórias fazem – ou fizeram – parte da história da instituição. Este ano, dois indicados receberão a medalha in memoriam. A Doutora Honoris Causa Adenilde Petrina, de quem a perda inestimável se deu há cerca de um mês, e Adriana de Souza Pereira, egressa dos cursos de Bacharelado em Gravura e Licenciatura em Educação Artística. A solenidade celebra, também, o aniversário de 65 anos de criação da UFJF, comemorado oficialmente em 23 de dezembro de 2025.

“Faço porque acho que é o que devo fazer, e com muita dedicação”

Outro nome de destaque é o de Lúcia Alves de Oliveira Fraga, professora no Departamento de Farmácia do Instituto de Ciências da Vida (ICV), do campus avançado de Governador Valadares. Lúcia é referência na área de Imunologia e Microbiologia e, há décadas, desenvolve ações voltadas à saúde pública no Vale do Rio Doce, com foco em doenças negligenciadas. Com atuação da graduação ao pós-doutorado, é autora de inúmeros artigos e dona de uma produção científica reconhecida nacional e internacionalmente. Lúcia, ainda assim, não esperava a homenagem.

Lúcia Fraga recentemente em Bali, na Indonésia, apresentando os trabalhos do NuPHans (Foto: Arquivo pessoal)

“Recebi a notícia com muita honraria, me senti realmente emocionada. Ao longo desses anos todos na carreira de docente, pesquisadora, nunca imaginei ter esse reconhecimento. Faço porque acho que é o que devo fazer, e com muita dedicação.”

Lúcia sempre desejou trabalhar em uma universidade federal, pois só assim poderia garantir o desenvolvimento da pesquisa e devolver para a sociedade as oportunidades que teve. À frente do Núcleo de Pesquisa em Hansenologia (NuPHans) hoje, no passado a professora teve chances de ir para outras instituições federais, mas escolheu a UFJF-GV porque lá estava a sua “missão”. Isso porque Valadares é uma região hiperendêmica em hanseníase, doença infecciosa crônica cujo tratamento é tanto mais bem-sucedido quanto mais precoce for o seu diagnóstico.

“Estou com 71, tenho mais quatro anos antes de me aposentar. Sinto que preciso formar novos pesquisadores para dar continuidade a essa missão. Quem trabalha com esquistossomose, como já trabalhei, e hanseníase, como estou trabalhando, tem esse compromisso de formar gente para dar continuidade”. No grupo de pesquisa, Lúcia e seus alunos seguem firmes no propósito de diagnosticar precocemente a doença.

 “Honra, privilégio e responsabilidade”

Izak Silva contribuiu com análises técnicas que embasaram as negociações e os recursos voltados à reconstrução das economias locais e regionais afetadas pelo desastre de Brumadinho (Foto: Arquivo pessoal)

 O aluno egresso Izak Carlos da Silva também será homenageado. Ele é mestre e doutor em Economia Aplicada pela UFJF e atualmente exerce o cargo de Economista-Chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Antes do BDMG, Silva teve passagem marcante pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Em 2021, colaborou com a primeira estimativa de impactos econômicos do rompimento da barragem de Brumadinho e com a avaliação do Acordo de Reparação da Vale.

 De trajetória notável e relevante para a sociedade, Silva reconhece a Universidade como berço de talentos para o Brasil. “Nós temos alunos e ex-alunos de um quilate muito elevado em toda a UFJF, inclusive no curso de Economia. Ex-alunos de carreiras muito sólidas, de futuro e passado brilhantes. Por isso essa indicação foi uma surpresa para mim, uma satisfação enorme.”

 Para o economista, a UFJF tem contribuído imensamente com o futuro do país e de Minas Gerais. “Fazer parte desse rol de agraciados é uma grande honra, um grande privilégio e uma grande responsabilidade. Levo os ensinamentos que tive não só como aluno, não só como economista, mas da formação cidadã, da pessoa, dos costumes, na formação ética. A UFJF foi, com certeza, decisiva em todas as etapas da minha vida.”

 Uma vida inteira dedicada à educação: “sou feliz!” 

Márcia Cristina de Souza Saraiva é Assistente em Administração lotada no C.A. João XXIII há 45 anos (Foto: Arquivo pessoal)

Márcia Cristina de Souza Saraiva ingressou na UFJF em 1980 e, há 45 anos ininterruptos, exerce a função de Técnica em Assuntos Educacionais no Colégio de Aplicação João XXIII. Na secretaria, Márcia acolhe famílias, orienta estudantes e apoia docentes e gestores no cotidiano. Ao longo da vida na instituição, atuou na Biblioteca, no Laboratório de Ciências e na Coordenação do Ensino Médio, e hoje também colabora tomando conta do recreio dos alunos.

“Imagina trabalhar 45 anos no João XXIII? Eu gosto muito. Tenho ótimo relacionamento com todo mundo. Participo de vários grupos de alunos e ex-alunos. Sou feliz! Só fico brava quando aprontam. Quando estão jogando futebol ou vôlei e isolam a bola para a casa do vizinho”, diverte-se.

Medalha JK

Criada em 2003 pelo Conselho Superior (Consu), a medalha recebe o nome daquele que assinou o decreto para a criação da UFJF em 1960, o presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976). A premiação é anual e homenageia, ao todo, 28 personalidades, sendo 21 indicadas pelas unidades acadêmicas (19 do campus-sede e duas de GV), cinco pela Administração Superior, uma pelo Colégio de Aplicação João XXIII e uma pelo Hospital Universitário (HU).

A entrega da Medalha JK de 2025 acontece no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) na próxima quarta-feira, 3, a partir das 19h. O museu fica localizado na Rua Benjamin Constant, nº 790, no Centro de Juiz de Fora.

 Confira os indicados de 2025: