
Professor e pesquisador Edmarcius Carvalho Novaes ministrou a palestra “Incluir é para todos? Desafios e dilemas da educação superior inclusiva” (Foto: Sebastião Jr.)
O campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV) realizou na última sexta-feira, 14 de novembro, o 1º Seminário do Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI). Sob o tema ‘Conhecer para Reconhecer’, o evento buscou fomentar a reflexão e oferecer ferramentas práticas sobre os direitos das pessoas com deficiência, práticas pedagógicas inclusivas e os caminhos para uma universidade verdadeiramente acessível.
A abertura do seminário contou com a palestra “Incluir é para todos? Desafios e dilemas da educação superior inclusiva”, ministrada pelo professor e pesquisador Edmarcius Carvalho Novaes, da Univale. Em sua fala, Novaes provocou a plateia a pensar os paradoxos de uma educação que visa atender a todos, sem deixar de considerar as individualidades de cada um. “A palestra visou fomentar a reflexão sobre práticas acessíveis e inclusivas que garantam o direito à educação para todos da melhor forma possível”, explicou o palestrante, destacando a complexidade do tema.

Apresentação das intérpretes de libras , Daniela Nayara Ribeiro Tomaz e Jussara Andrade Medeiros (Foto: Dionatam Fonseca)
A programação seguiu com oficinas, rodas de conversa e uma apresentação cultural das intérpretes de Libras da UFJF-GV, Daniela Nayara Ribeiro Tomaz e Jussara Andrade Medeiros. Intitulada “Som das Mãos”, a performance interpretou uma música que fala sobre inclusão e empatia. “Mostramos como a inclusão tem grande importância em qualquer ambiente. A música destaca a importância do compartilhamento do amor e da consciência coletiva, por isso é importante pensarmos sobre a verdadeira inclusão”, relataram as intérpretes.
O diretor-geral da UFJF-GV, Angelo Denadai, enalteceu o trabalho coletivo por trás da estruturação do NAI. “É importante deixar claro que a estruturação do NAI é resultado de um árduo trabalho de pessoas que estão engajadas nessa causa e que criaram resoluções e normativas internas que permitiram a realização do evento”, afirmou. Denadai reforçou o papel social da instituição, declarando que “a universidade por si só é a expressão do desejo de inclusão, de uma sociedade democrática que se preocupa com a diversidade”.

Da esquerda para a direita: Armando Almeida, estudante e monitor do NAI; a pedagoga Magali Soares; o assistente social Luiz Gonzaga; e Júlia Moreira, estudante e monitora (Foto: Sebastião Jr.)
A força transformadora do NAI foi vivida na prática e compartilhada em depoimento. Julia Moreira Lemos, monitora do núcleo e estudante do sétimo período de Medicina, foi inicialmente assistida pelo NAI quando ingressou na universidade. “Como uma aluna que primeiramente foi assistida por esse núcleo, poder ajudar outros alunos nessa permanência, na construção de uma universidade de um ambiente estudantil mais acessível, é muito gratificante”, contou Julia, que tem baixa visão.
Ela detalhou como o suporte do núcleo foi crucial para vencer os receios iniciais. “Eu precisava de materiais aumentados, sentar nas primeiras fileiras, adaptação para áudio. O NAI fazia esse primeiro contato, enviando e-mail aos professores antecedendo minhas necessidades. Isso já fazia com que os professores me procurassem, adiantava esse processo. Encontrar o meu lugar na universidade e hoje ajudar outras pessoas a encontrar o delas também é muito importante”, explicou.
Primeiro de muitos
Magali Soares da Silva, pedagoga da UFJF-GV e servidora de referência do NAI, confirmou que este foi apenas o primeiro de uma série de eventos planejados. “Esse é o primeiro, mas esperamos que a gente possa fazer pelo menos dois por ano”, anunciou, projetando a continuidade das discussões.
Para dimensionar a urgência e relevância do tema, ela apresentou os dados de atuação do núcleo, que atualmente atende 48 estudantes. Deste total, o maior grupo é composto por 19 alunos com transtorno do espectro autista. “É um número expressivo e um desafio que estamos aprendendo a enfrentar dia após dia. Este seminário marca justamente o início desse aprendizado contínuo para lidar com toda essa diversidade”, explicou.
Ou seja, a expectativa é que o Seminário do NAI se torne um ciclo permanente, solidificando o compromisso da universidade com uma educação superior inclusiva.
